Caike Scheffer/Divulgação
Jimmy London, vocalista do Matanza Ritual, concedeu entrevista ao site Headbangers News para falar dos seus projetos musicais. Além disso, falou também de seus gostos, influências e sua interação com o público. Devido à pandemia do coronavírus, o grupo também teve seus shows adiados, mas participou recentemente da segunda edição do “Roadie Crew Online Festival” transmitido no YouTube.
Como um frontman, você acredita estar mais pressionado com a responsabilidade que aumentou, devido essa grande banda, ou continua levando naturalmente como no início do Matanza?
Desde que entendi a responsabilidade de ser um musico profissional, eu trato meu trabalho com muita seriedade e dedicação. Comecei a me exercitar pra poder executar os shows com a energia necessária do início ao fim e diminui outras atividades que poderiam atrapalhar esse desempenho.
Mas a verdade é que sinto um prazer gigantesco na hora em que subo no palco. Honestamente, quando o show tá fluindo bem eu só deixo a onda me levar. O público não tem a visão que eu tenho, daquela horda desordeira tocando um terror fodido, e acreditem, isso deixa qualquer um muito motivado, pra falar o mínimo. Entao o objetivo da banda se funde com isso, eu estou com saudade de sentir essa porrada.
O Matanza deixou uma boa discografia. Mas com o RATS, temos novas tiradas mais country em “Escárnio”. E a nova versão de “Tempo Ruim”, mais pesada com o Ritual. Isso é pelo fato dos fãs terem amadurecidos e quererem ver algo mais virtuoso e cheio de técnicas?
Acho que foi uma rolha tirada de uma garrafa de criatividade que estava cheia de pressão e pedindo pra ser estourada. O country e o folk sempre foram meu barato, e eu tava bem afastado disso. Foi natural puxar isso tudo com o RATS, até porque ali temos as várias vozes folks que são necessárias pra fazer as melodias ficarem mais ricas. E no Ritual é simplesmente impossível segurar a porrada, né? Já tem monstrinho mão de pilão doido pra sentar o cacete, então é só abrir a porteira e deixar o estouro da boiada… (risos)
Além do Jimmy & RATS e do Matanza Ritual, existe algum outro projeto diferente desses que ainda queira fazer?
Talvez um festival, como o Matanza Fest ou uma carreira solo. Tem uma porrada de coisas. Tem minha carreira de ator que anda dando muitos frutos legais e que em breve vão estar disponíveis, tem o “Rock Estudio” no Canal Bis que me permite apresentar coisas muito legais, tem um projeto legal que eu estou escrevendo voltado pra parte educacional e, na música, o céu é o limite. Comecei a entender isso nesses últimos dois anos e pretendo mantar a cabeça o mais livre possível pra todas as possibilidades.
Você tem o seu propósito como músico, sua raiz entre ascendentes húngaros e poloneses e suas referências como Johnny Cash e o country. O Angra, sempre defendendo o Iron Maiden. O Raimundos defendendo a sua raiz de Brasília também, citando Ramones e o “forrócore”. Você acredita que falta alguma banda nova defendendo os seus ídolos a partir da sua raiz de nascença?
Não acho que falte nada, nunca. A humanidade é feita de uns 7 bilhões de pessoas, quem sou eu pra falar que só eu tô fazendo algo que ninguém mais tá agitando nessa geração mais nova? Não sei se o que faco tem a ver com minha ascendência ou simplesmente com o que toca meus ouvidos, mas acho que todos os exemplos que deu acima foram de pessoas que deixaram sua admiração brotar na música em que faziam, e isso se deve a humildade de admirar alguém e a sinceridade na hora de compor.
Existem alguns comentários comparando o Matanza Ritual com o Angra, Torture Squad e Korzus. Sempre existirão comentários assim. Você acha que o público anda criterioso demais ou a cena mudou devido a internet e a facilidade de opinar nas redes sociais?
Que honra essas comparações! Acho que é inevitável e muito benéfico que as pessoas vinculem o que estamos fazendo com as bandas dos caras que convidei. Isso quer dizer que eles são foda e que as pessoas não esperam deles nada menos do que eles já demonstraram serem capazes de fazer.
Em “Sol Menor” e “Lobo do Mar” vimos um outro lado do Jimmy. Você influenciou o RATS ou o RATS influenciou o Jimmy?
Eu sempre conto a história de como estava presente na historia do RATS, desde a formação. Acho que eu e o Fernando Oliveira, principal compositor da banda, temos muito em comum e isso leva um a incentivar ao outro na hora de escrever sobre as coisas mais absurdas. Eu, por exemplo, sou um leitor avido de livros de naufrágios e perrengues náuticos. O que seria mais natural do que querer cantar sobre tudo isso?
Como foi a escolha dos integrantes para formar o Matanza Ritual?
Foi algo simples, na verdade. Se parar pra pensar, não tem muitos outros caras com a capacidade musical de cada um dos integrantes. E eu também estava muito preocupado em achar pessoas com a vibe boa, que já fossem conhecidos ou que eu já tivesse sido informado de que eram profissionais acima de tudo e capazes de manter um bom tempo de estrada sem deixar picuinhas ou amadorismo tomarem conta da Gig. Isso pode ser muito importante num projeto, às vezes até mais importante do que a música que esta sendo tocada…
Através das redes sociais vimos a agenda aumentar pouco a pouco. Vocês imaginaram que apenas uma celebração de dois meses iria tomar toda essa proporção? Como cada músico consegue conciliar com as outras bandas?
Nos reservamos esses dois meses iniciais exclusivamente pros shows do Ritual, mas como você disse, as coisas foram pintando, crescendo e agora estamos atá nos preparando pra outras aventuras. Mas o momento é de esperar o bolo fermentar e crescer…
Você criou alguma estratégia para continuar os trabalhos com as bandas nessa época de isolamento ou prefere aguardar a pandemia passar para voltar com os shows programados?
A gente tá sempre em contato, e aproveitando o momento pra investir em algo que não achávamos que fosse rolar, que são as composições. Quando comecamos a ensaiar a musica rolou fácil demais e a relação esta ótima, então todos começaram a trocar ideia e quando nos demos conta, já estávamos compondo.Porém, nesse momento é hora de não pensar no beneficio de cada um e sim da sociedade inteira e fazer o máximo possível pra deter o avanço da doença. Depois pensaremos em voltar aos shows.
Gostaria de deixar algum recado para nossos leitores e fãs do seu trabalho?
Botem pra foder. Não limitem suas vidas, não acreditem em quem diz que vocês não são capazes. A vida é curta e todos merecem deixar sua marca nesse mundo. E putaquiupariu.
Caike Scheffer/Divulgação
Matanza Ritual: (e/d) Antonio Araújo, Jimmy London, Amilcar Christófaro e Felipe Andreoli