O EP “Moinhos de Gastar Gente” da banda DEMOPHOBIA, do ABC Paulista, retrata o grito de revolta de quem vive em um país que nunca abandonou a sua principal instituição, a escravidão. Envolto em uma sonoridade agressiva, que engloba as muitas influências de Rafael Vieira (vocal), Paulo Vitor (guitarra), João Medeiros (baixo) e Arthur Henrique (bateria), é através de letras de contestação que o grupo vem adquirindo uma cara própria, já presente neste EP de estreia, lançado em abril do ano passado. De lá pra cá, após vários shows, o quarteto segue trabalhando em novas músicas, sendo que o single “Modus Operandi” já está presente nas plataformas digitais. Sobre a capa, o autor João Medeiros, que além de baixista da banda é designer gráfico, explica que “através de colagem digital, ilustração, e manipulação de imagem, o conceito mostra a podridão de uma justiça seletiva que opera o sistema com favorecimentos e interesses antidemocráticos”.
João Medeiros, que também é responsável por todas as artes do DEMOPHOBIA, explicou como surgiu seu interesse pelas artes gráficas: “Posso dizer que meu interesse tem total relação com a música. Foi através dela que ingressei na área em que atuo até hoje. Quando comecei, e ainda era adolescente, fui atrás de estudos que me ensinassem a trabalhar com ilustração digital, pois eu era fascinado pelas artes e capas de discos das bandas, principalmente do heavy metal. Era isso que eu queria fazer da vida, porém através dos estudos em design e publicidade, acabei indo por um caminho um pouco diferente do planejado. É por isso que no momento, acredito que estar no Demophobia, além de ter a curtição de tocar e compor, tem me proporcionado a realização de fazer parte de algo que sempre me identifiquei e nunca tinha tido a chance de trabalhar, que é a arte gráfica voltada para música”. Entretanto, apesar de cuidar das artes do DEMOPHOBIA, João não trabalha para outras bandas, mas mostra-se disposto a colaborar, como explicou: “estou disposto também a trabalhar para outras bandas, se estiver de acordo com as propostas delas. O meu método de trabalho é um pouco diferente do convencional, pois não desenho mais tanto quando fazia no passado. Atualmente, trabalho diretamente com colagens e manipulações de imagem, isso tem se tornado uma marca na identidade do Demophobia”.
A capa do EP “Moinhos de Gastar Gente” é uma releitura da pintura “Engenho Manual que Faz Caldo de Cana”, de Jean-Baptiste Debret, de 1822. Debret foi um pintor, desenhista e professor francês que integrou a Missão Artística France em 1817, fundando, no Rio de Janeiro, o que viria a se tornar a Academia Imperial de Belas Artes, onde chegou a lecionar. Já de volta à França, publicou o livro “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, onde documentou diversos aspectos da natureza, do homem e da sociedade brasileiro no início do século XIX. O baixista/designer comentou como foi trabalhar nesta releitura da obra de Debret: “Quando comecei a trabalhar, eu não tinha essa ideia em mente ainda. Eu estava pesquisando algumas referências em imagens relacionadas à escravidão e também algo que simbolizasse moinhos antigos, para fazer ligação com o nome do álbum. Eu já conhecia esta obra do Debret e não lembrava dela, mas quando por acaso cheguei a essa imagem, imediatamente já percebi que poderia fazer algo bem interessante, até porque é uma referência direta ao Brasil colonial, e estava tudo relacionado ao que estávamos escrevendo. Utilizando a obra como base, eu fui desenhando os corpos e utilizando recursos de colagem digital, pois queria deixar com um aspecto mais punk e na máxima ausência de cores que conseguisse. Acho que no final, consegui chegar bem perto do resultado que estava buscando. Com relação a outras obras do Debret, eu não sou um profundo conhecedor, mas posso dizer que é uma boa referência artística para quem deseja trabalhar com o tema da escravidão”.
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