Pit Passarell é um talento raro. Um artista único e original. Uma personalidade que parece ter chegado recentemente de outro planeta, ou melhor, do universo tão perto e tão distante das ruas. Uma criatura da noite, exatamente como os grandes artistas devem ser. Desde que formou o VIPER, nos anos 1980, e gravou seu primeiro álbum, aos 18 anos, nunca mais parou de criar. E nunca mais parou de mudar.
Foi um dos criadores do estilo que hoje em dia chamamos de Metal Melódico, antes mesmo de a gente saber o que era esse negócio. Criou obras primas como “Living For The Night” e “To Live Again”, entre outras, hinos que catapultaram Andre Matos para o mundo. Depois assumiu os vocais do VIPER e, com o sucesso de “Rebel Maniac” e “Evolution”, levou a banda para shows no Japão e na Europa. Mais tarde, acabou emprestando seu grande talento de criador de lindas melodias, de trovador urbano e de poeta e escritor de letras autobiográficas para o Capital Inicial, banda para qual seu irmão, o guitarrista Yves Passarell, partiu após deixar o VIPER.
Pit foi um dos responsáveis pela volta do Capital às paradas de sucesso no final dos anos 1990, de onde a banda de Brasília nunca mais saiu. Ele é o compositor de grandes sucessos como “O Mundo”, “Seus Olhos”, “Depois da Meia-Noite”, “Algum Dia” e “Instinto Selvagem”.
Pit Passarell está de volta pela primeira vez em carreira solo. Gravou suas grandes músicas do seu jeito, colocando a sua personalidade à flor da pele. Exala verdade e sentimento por meio de composições que remetem do rock’ n roll Argentino de nomes como Charly Garcia, seu conterrâneo, passa pelo punk rock do The Clash, e viaja pelo rock brasileiro dos anos 1980, acrescentando peso e atitude.
Pit Passarell lança o primeiro single da sua carreira solo nessa sexta-feira, 31 de julho. Em “O Mundo”, Pit faz um convite a todos: “Você que já esteve no céu, foi tudo divertido pra você? Chega a hora então de provar tudo que existe. Tire agora os sapatos, jogue tudo para o alto, sinta o chão. Aprender a andar descalço num mundo de asfalto e sem coração. Até que o mundo gire ao seu redor.” Quem não sabe essa letra de cor?
O Wikimetal, selo independente da ForMusic (que relançou recentemente o catálogo do VIPER), acredita que esse álbum seja, sem exageros, um dos melhores álbuns do rock nacional autoral dos últimos anos. “Praticamente Nada” chegará ao mercado digital e físico em 28 de agosto de 2020, mas desde o primeiro single já mostra um artista cheio de alma e coragem. Imaginem se Charles Bukowsky tivesse vivido em São Paulo, nos anos 1990, e, no auge da boemia paulistana, tivesse frequentado o Bixiga, Espaço Retrô, Der Tempel, New York e o bar São Paulo, Dama Xoc, Aeroanta e Matrix, A Torre do Doutor Zero e o Jungle, passando pelo Orbital. E se ele tivesse tomado pinga com limão em cada boteco do centro da cidade? Pit é um Bukowsky paulistano, mas com uma diferença: seus versos viram grandes melodias e ganham as vozes do público e os palcos, em vez de ficarem limitados às folhas de papel.
Andarilho da capital, figura carimbada da noite paulistana. Pit Passarell é um personagem especial, um talento daqueles que não encontramos com frequência nem esquecemos com facilidade. Ele tem aquela estrela que não conseguimos dizer o que é, difícil de descrever, o que chamamos de carisma ou, em inglês, star quality. Pit tem uma facilidade extrema de expressar em melodias e letras simples e puras todos os nossos desejos e vontades, saudades e memórias, emoções complexas e complicadas. Da tristeza à alegria em um mesmo refrão. Pit Passarell é um exemplar raro, uma espécie em extinção. “Praticamente Nada” mostra isso. Longa vida ao bardo da noite, ao contador de histórias dessa paulicéia desvairada que ele conhece como ninguém. Viva Pit Passarell!
Por Nando Machado