Em 5 de março de 2002, o Black Label Society lançava 1919 Eternal, terceiro álbum da carreira da banda capitaneada por esse gênio chamado Zakk Wylde e que é tema de hoje do nosso Memory Remains.
Quatro das quatorze canções que compõem o aniversariante do dia foram escritas em um primeiro momento para que entrassem no álbum que Ozzy Osbourne estava produzindo na mesma época, “Down to Earth”. As músicas em questão são “Bleed for me”, “Life, Birth, Blood, Doom”, “Demise of Sanity” e uma versão de piano para “Bridge to Cross”. Mas o Madman recusou todas por considerar que elas eram pesadas e soavam demasiadamente como Black Label Society. Ele não estava errado, pois elas são ótimas e acabaram ficando onde deveriam ficar.
Uma quinta música que não entrou neste “1919 Eternal” também fora rejeitada por Ozzy e ela atende pelo nome de “I’ll Find the Way”. Essa faixa juntamente com a versão alternativa de “Bridge to Cross” tiveram as baterias gravadas por Christian Werr, amigo de Zakk e que estava presente quando este iria gravar as demos. Ambas as músicas nunca foram lançadas, mas Zakk aproveitou as partes de bateria gravadas pelo amigo e as utilizou nas faixas “Bleed for me”, “Demise of Sanity” e em “Life, Birth, Blood, Doom”.
Boa parte do material foi gravada por Zakk, que também atuou como baixista na maioria das faixas e também como produtor. As partes de bateria que não foram gravadas por Christian Werr foram gravadas por Craig Nunenmacher. Rob Trujillo emprestou seu talento nas faixas “Demise of Sanity” e em “Life, Birth, Blood, Doom”. Os estúdios utilizados para gravação foram o “Paramount Studios”, em Hollywood e o “Rumbo Rerorders”, em Canoga Park, Califórnia.
A arte da capa foi inspirada no pôster de propaganda nazista usado para recrutar holandeses para a Schutzstaffel, também conhecida como SS, o famoso braço paramilitar ligado ao Partido Nazista de Adolf Hitler. Outra curiosidade é que originalmente o play seria batizado como “Deathcore War-Machine Eternal”. Foi modificado para “1919 Eternal” devido aos atentados terroristas contra as torres gêmeas, na ilha de Manhattan, no fatídico 11 de setembro de 2001.
“Bleed for me” abre os trabalhos com uns barulhos chatinhos na sua intro, mas para a nossa sorte, a chatice é breve, pois logo entram os riffs brucutus de mr. Zakk Wylde e a medida que a música se desenvolve, esses riffs vão se intercalando com outros riffs, estes hipnotizantes. Com um refrão bem denso, a música ganha o coração do ouvinte de cara. “Lords of Destruction” traz riffs ainda mais brutais, que combinados com batidas precisas do baterista Craig Nunenmachen deixam a música bem sombria, mas sem perder a essência extremamente pesada que o BLS se propõe a fazer. Em alguns momentos o som fica bem sujo, lembrando o clima de algumas faixas do “Roots”, do Sepultura.
Carlos Pupo/Headbangers News
Chega a minha música favorita de sempre do Black Label Society e ela atende pelo nome de “Demise of Sanity”. Ela tem um clima mais Hard/Heavy, mas com a ogrice de Zakk Wylde e um refrão que gruda como chiclete. Essa música é divertida sem deixar de ser pesada. Ótimos riffs que se repetem durante toda a música. “Life, Birth, Blood, Doom” tem bons riffs e um climão Stoner. Não é brilhante como as faixas anteriores, mas também não compromete. “Bridge of Cross” é o que podemos chamar de balada, com muito feeling e uma bela melodia, além de um solo fantástico. Outro ponto alto deste álbum. Curioso Ozzy Osbourne ter recusado essa faixa, que caberia bem em seu álbum. Melhor para o BLS.
“Battering Ram” tem riffs fantásticos e é um dos destaques deste play. As batidas insanas de Craig Nunenmacher ajudam a música a se destacar ainda mais. “Speedball” é uma bela performance de Zakk no violão com corda de aço e que dura menos de um minuto. Sensacional. “Graveyard Disciples” é pesada e tem um em suas estrofes clima bem Alice in Chains, mudando um pouco de andamento no refrão, onde ela ganha melodia.
“Genocide Junkies” tem os riffs inspirados no maior de todos, no pai Toni Iommi. A base principal tem a mesma atmosfera de “Children of the Grave”, só que com a afinação bem mais baixa, o que triplica o peso. “Lost Heaven” dá outra pausa nos riffs ultrapassados e traz de volta a melodia em uma nova balada. “Refuse to Bow Down” é pesada e muito densa. “Mass Murder Machine” é bem Stoner, com um andamento bem arrastado e pesada na medida certa. “Berseekers” mantém o clima da faixa anterior, só que com ainda mais peso e com momentos em que o baixo aparece para virar o protagonista.
“
A faixa derradeira é a única que não foi escrita por Zakk: “America the Beautiful” é uma canção patrióticas de autoria de Katherine Les Bates e Samuel A. Ward, entre os anos de 1885 e 1893, lançada somente em 1910. Detalhe é que os autores originais jamais se conheceram e aqui nesta versão, Zakk apenas toca o violão, sem cantar a letra. Ficou muito bela essa versão e o álbum se encerra com esse clima de paz.
Em uma hora de audição temos um álbum bem acima da média, com algumas das melhores das canções que Zakk Wylde já escreveu em sua carreira. E podemos agradecer ao Ozzy por ter recusado as que se destacam por aqui. Dezenove anos já se passaram e aguardemos essa pandemia que parece não ter fim, que ela ao menos nos dê uma oportunidade de rever nossos ídolos nos palcos. O Black Label Society é uma das enormes do seu tempo e merece que lhe desejemos longa vida.
1919 Eternal – Black Label Society
Data de lançamento – 05/03/2002
Gravadora – Spitfire Records
Faixas:
01 – Bleed for me
02 – Lords of Destruction
03 – Demise of Sanity
04 – Life, Birth, Blood, Doom
05 – Bridge of Cross
06 – Battering Ram
07 – Speesball
08 – Graveyard Disciples
09 – Genocide Junkies
10 – Lost Heaven
11 – Refuse to Bow Down
12 – Mass Murder Machine
13 – Berseekers
14 – America the Beautiful
Formação:
Zakk Wylde – vocal/ guitarra/ baixo
Craig Nunenmacher – bateria (exceto nas faixas 01, 03 e 04)
Participações especiais:
Rob Trujillo – baixo nas faixas 03 e 04
Christian Werr – bateria nas faixas 01, 03 e 04