Entrevistas

Steffen Kummerer (Obscura): “Eu quero ter uma música progressiva e moderna, mas ao mesmo tempo uma música que fica na sua cabeça mesmo que ouça ela apenas uma vez”

Steffen Kummerer (Obscura): “Eu quero ter uma música progressiva e moderna, mas ao mesmo tempo uma música que fica na sua cabeça mesmo que ouça ela apenas uma vez”

10 de janeiro de 2022


Vincent Grundke/Nuclear Blast Records

Com 20 anos de estrada, o Obscura é uma banda alemã de death metal técnico conhecida pela sua consistência e qualidade a cada álbum lançado!

“A Valediction” é o sexto full álbum da banda e o primeiro a ser lançado pela Nuclear Blast Records, e marca o fim de uma trilogia de álbuns..e o início de uma nova, mostrando toda a sua potência!

Quem contou mais sobre o novo lançamento foi o fundador, vocalista e guitarrista Steffen Kummerer, confiram na entrevista abaixo!

Parabéns pelo álbum, é um trabalho muito bom! Vamos falar sobre “A Valediction”, como foi a produção, quando tudo começou. Tudo aconteceu durante a pandemia, certo?

Bem, provavelmente escrevemos o álbum um pouco antes do tempo, quando tínhamos acabado de terminar a última turnê do último álbum em 2020 e então começamos a escrever o novo. Infelizmente, a pandemia nos atingiu com força e não fomos capazes de gravar tudo no mesmo estúdio porque não estamos no mesmo país, eu moro em Munique, na Alemanha, os outros caras estão na Holanda e na Áustria, então tivemos que gravamos tudo nos estúdios nacionais e mandamos tudo para Gotemburgo na Suécia, foi uma aventura e tanto. É a primeira vez que gravamos no exterior, gravando em outro país, então foi definitivamente algo novo, mas acabou bem, tivemos uma experiência engraçada e tivemos tempo suficiente, sem estresse, sem problemas, apenas bons momentos.

Eu imagino! E como foi a pandemia para vocês? O que vocês fizeram para sobreviver a esse caos?

Aqui na Alemanha está bastante caótico mesmo, as pessoas discutiam muito, mas nada acontecia, então foi meio frustrante porque não podíamos fazer nenhum show, não podíamos fazer uma turnê, então também adiamos o lançamento de um álbum que poderíamos ter lançado quase meio ano antes. Mas não fazia sentido, você gravar um álbum mas o público não pode apoiar nos shows. Sim, foi muito frustrante, mas se você não pode tocar ao vivo, você tem que encontrar um canal diferente para fazer outras coisas, e desta vez fizemos algo diferente de antes, contratamos um filmmaker e gravamos um documentário de estúdio completo, a maioria dos episódios já estão publicados online e são todos gratuitos e tentamos conectar nossos fãs através deste canal. Também produzimos alguns videoclipes, até o momento lançamos 4 deles e acho que ainda faltam mais dois. Usamos o tempo que tínhamos para coisas úteis.

Liricamente falando, do que as letras falam? Acho que o título “A Valediction” explica um pouco sobre o conceito delas também, certo?

Sim e não. Quer dizer, obviamente “A Valediction” significa uma despedida, um adeus ou algo assim para alguns amigos, familiares, músicos como Alexi Lahio e alguns outros amigos que faleceram nestes tempos difíceis. Mas por outro lado não é tão óbvio, como se a banda tivesse passado por muitas mudanças nos últimos anos, e agora temos uma nova gravadora, temos uma nova trilogia de três álbuns diante de nós, então isso significa uma mudança, mas uma mudança não significa necessariamente algo ruim, pode ser algo legal também, é como se abrissem uma nova porta e trabalhassem em um novo caminho. Portanto, “A Valediction” não é apenas negativo, tem os dois lados, algo um pouco doce nestes tempos caóticos. E isso é algo único para uma banda de death metal progressivo.

Nuclear Blast Records

Eu achei a capa do álbum muito interessante, porque parece que é o início de um novo ciclo dentro de nós, talvez, então vamos falar sobre isso, o que essa capa significa para você?

A capa está ligada às músicas e à letras, e a capa em si significa, por exemplo, você vê duas pessoas, uma está no meio e outra na lateral, e elas basicamente estão conectadas e desconectadas ao mesmo tempo, porque podem ser duas almas diferentes, uma está aqui e agora.. e a outra faleceu, mas você não sabe qual das duas faleceu, talvez seja o contrário. É uma ideia poética e Eliran Kantor, o artista, ele realmente entregou uma arte maravilhosa, é bastante simples, mas você pode interpretar de diferentes lados, e isso é muito bom.

Quais são as diferenças entre este álbum e os outros?

Bem, quando começamos a escrever este disco, simplesmente dissemos “ok, vamos deixar claro que o Obscura é uma banda para tocar ao vivo, tocamos mais de 150 shows quase para cada disco, então passamos mais tempo na estrada e no palco do que no estúdio, então eu quero ter certeza de que todas as músicas possivelmente serão tocadas ao vivo e ainda quero desfrutar de estar no palco”, e não estamos fazendo música para músicos, gostamos de ter essa atitude de um show de rock’n roll ao estilo “balls of steel” (risos) , essa é a atitude principal da banda, eu quero ter uma música progressiva e moderna, mas ao mesmo tempo uma música que fica na sua cabeça e você pode cantar em sua casa mesmo que ouça essa música apenas uma vez, então nós estão entre esses dois mundos ao mesmo tempo.

O Obscura já têm 20 anos de história, e isso é uma grande coisa para as bandas de hoje em dia. Então, como vocês fazem para se manterem sólidos e leais ao seu próprio som por tanto tempo?

Obscura é a primeira banda que fundei na minha vida e provavelmente será a última porque sou muito honesto comigo mesmo, eu apenas faço a música que quero fazer e, portanto, não quero trocar de banda ou fazer algo mais e eu acho que esse é o caminho para o sucesso. E espero que dure mais 20 anos, mas você tem razão porque não é tão comum as bandas sobreviverem tanto tempo, tenho visto muitas idas e vindas, bandas com as quais fizemos turnês, mas nós ainda estamos aqui, ainda estamos marchando, e uma coisa é que não somos uma banda de mainstream, temos vinte anos e a cada álbum nós crescemos, pedaço por pedaço, degrau por degrau, não somos uma banda que tem um álbum que “explodiu” e depois enfraqueceu, há um longo caminho para o sucesso.

Vincent Grundke/Nuclear Blast Records

E qual é o legado da banda? Você quer que o Obscura seja lembrado pelo que?

Por sempre aceitarem o que queriam fazer. Por boas músicas e por músicas atemporais, eu espero né. Todas as grandes bandas que admiramos, como Death, todas são únicas no que fizeram, os álbuns têm seu próprio som e as músicas duram para sempre. Todos os discos de 20 anos, ou até mais velhos do que isso, ainda soam bem. Se você ouvir esses álbuns, eles ainda são de primeira linha, e isso é algo que eu adoraria alcançar com minha banda também.

E quais são os planos da banda para o próximo ano? Eu vi que vocês adiaram a turnê europeia …

Bem, acabamos de anunciar a turnê norte-americana com cerca de 20 shows, estaremos nos Estados Unidos e Canadá por provavelmente dois meses e meio. No verão tocamos em alguns grandes festivais com o Metallica e o Guns N ’Roses, e em setembro e outubro faremos uma turnê pela Europa, esta é a turnê adiada. O que estamos trabalhando agora é estender a turnê pela América do Sul e pela América Central, e eu realmente espero que possamos fazer isso acontecer.

Estamos terminando a entrevista, você quer mandar uma mensagem para os fãs?

Sim claro. Eu sei que temos cerca de vinte anos, mas nunca tocamos no Brasil até agora, estamos trabalhando muito, muito duro nisso, e espero ver todos vocês na frente no palco festejando como o diabo com a gente.