Pela primeira vez em quase 20 anos de carreira, a banda cearense de death/grind metal Siege of Hate, uma das mais tradicionais do estilo no Brasil, lança um disco com letras em português. É o Cerco de Ódio, sétimo registro da carreira que oficialmente saiu no último dia 6 de novembro. O CD, em formato digipack, saiu pela Vertigo Discos em parceria com a Electric Funeral Records e outros selos.
Além das novas músicas em português, o CD traz uma dura homenagem a um clássico do death metal nacional, “Believers of Hell”, do lendário Mutilator. Tem, ainda, 23 faixas bônus, incluindo seis inéditas, as faixas do EP Brave New Civil War (lançado apenas em vinil), músicas lançadas previamente em coletâneas e gravações ao vivo no Festival Catharsis, na Espanha, em 2013.
Cantar em português, conta a banda, foi a realização de um antigo projeto. “Algumas de nossas influências têm letras em português (RDP, Cólera etc.). Quando gravamos essas músicas em SP, que eram todas numa ‘vibe’ mais grindcore, voltando às origens da banda, juntando com as letras que eu estava escrevendo, bem voltadas a temas do Brasil, achei o momento ideal para gravarmos em português”. O resultado é uma original mistura de punk, crust e grindcore old school.
Críticas a assuntos cotidianos pautam as letras escritas neste registro, com enfoque ao clima hostil impregnado na sociedade devido às eleições de outubro e um passado recente de embates políticos que dividiram o Brasil. “Isso não tinha como passar em branco. Assim, as letras desse álbum falam sobre o clima de ódio que vem crescendo na nossa sociedade (Era do Ódio, Feeding on Hatred), sobre a falta de ética e moral na população (Crise Real), a auto-destruição dos que lutavam pelo povo e se tornaram iguais aos seus inimigos, inspirada na Revolução dos Bichos, de George Orwell (Derrocada dos Porcos), políticas de desenvolvimento deturpadas e que prosperam a exploração dos mais pobres (Miséria Sustentável e Decadent Development), a impunidade representada pela tragédia de Mariana (Sufocados pela Lama) e o julgamento sem fim da corrupção no Brasil (Mafia on Trial)”.
Luciana Pires/Divulgação
Tradicional banda de death/grind metal é a segunda a assinar com o selo Electric Funeral Records, um braço do selo da Abraxas
A BANDA
Formada em 1997, a banda Siege of Hate (S.O.H.) vem desde o lançamento da Demo Return to Ashes (1998) crescendo ano a ano na cena Underground nacional, com o posterior lançamento do primeiro CD, Subversive by Nature (2003), do Split-CD Out of Progress (2006) e participações em vários CDs-coletâneas da cena Punk/HC e Metal, além de muitos shows pelo Nordeste, Sul e Sudeste do país. Em 2004 Subversive by Nature foi lançado na Europa, Ásia e EUA, obtendo uma ótima resposta na mídia especializada mundial, firmando a banda como um dos maiores expoentes do estilo Grindcore no Brasil.
A consolidação do S.O.H. na cena internacional veio no 2º semestre de 2009, com o lançamento do segundo CD Deathmocracy no Brasil e Europa e a realização da primeira turnê europeia da banda, com 16 shows em 07 países (Portugal, Alemanha, Rep. Checa, Áustria, Eslovênia, Itália e França).
Atualmente formado por Bruno Gabai (vocais e guitarra), George Frizzo (baixo) e Eduardo Lino (bateria), a S.O.H. continua apresentando a realidade explícita em suas letras, junto à fórmula musical que lhe é característica, com um “crossover” entre o mais extremo Grindcore, o Death Metal e o Hardcore “old school”, resultando em uma avalanche de energia sonora.
Electric Funeral Records
A Electric Funeral Records foi fundada em 2018 por Sylvia Süssekind, com participação de Felipe Toscano (Abraxas) e Guilherme Guerra (Obscur). O foco é metal, metal extremo, hardcore e punk rock.
“Acreditamos no poder da música e iremos colaborar com bandas e músicos que contribuam para a nossa causa. Desejamos fornecer ao público e ao artista uma forma única e diferente de se absorver arte”, afirma Sylvia.
O selo atuará em distribuição de música, produção de eventos, booking de turnês (a partir de 2019) e loja virtual.