A tão aguardada primeira edição do Overload Beer Fest aconteceu no domingo, dia 03/02/19 e lotou o Carioca Clube. O que era de se esperar, afinal, o que pode ser melhor do que um festival com 8 horas de música e várias opções de cerveja?
Além de cerveja, havia lanches, e, inclusive, opções de hambúrgueres veganos deliciosos, o que foi uma bela sacada levando em consideração que não só o público como vários músicos, entre eles, João Gordo do Ratos de Porão e Leo, do Surra, não consomem alimentos de origem animal.
O calor infernal, a casa cheia e a empolgação dos fãs caindo na roda desde 15 horas, aliado ao fato de o público cantar junto praticamente em todas as músicas, deixou todo mundo de garganta seca e fez com que 4 000 cervejas não fossem suficientes para hidratar tantas gargantas sedentas e as cervejas artesanais se esgotaram rapidamente. Um feito e tanto. Outro fato que merece destaque é a casa cheia desde a primeira banda. Algo maravilhoso que poucas bandas conseguem realizar, mas o Blasthrash, primeira atração do fest, conseguiu tirar um monte de headbangers de suas casas e fazê-los comparecer em peso em plena tarde de domingo ensolarada.
Blasthrash
A banda, formada por Dario Viola (vocal), Diego Rocha (guitarra), Jhon França (guitarra), Rafael Sampaio (bateria) e Diego Nogueira (baixo) empolgou o público do começo ao fim e alguns dos destaques da apresentação incluem as potentes “Violence just for Fun” e “Fake News”, canção nova que demonstra claramente o posicionamento político dos caras. E, como não poderia deixar de ser, fecharam o show com “Possessed by Beer”. Eles ainda mandaram um trecho de “Princess of the Night” do Saxon, bem ao finalzinho e o hino foi entoado em coro pelos fãs.
Set-list
- Radiation Death
- Nudity on TV
- Violence Just For Fun
- Fake News
- On the Shores of Uncertainty
- Assassin
- Possessed by Beer
Surra
Se tem alguém que ainda não conhece a banda e não conseguiu ver Leo Mesquita (vocal/guitarra), Guilherme Elias (baixo/vocal) e Victor Miranda (bateria) destruindo tudo ao vivo com seu crossover thrash metal potente e de engajamento político, saiba que oportunidade não falta, uma vez que a banda vem fazendo vários shows pelo país e são responsáveis por apresentações que realmente merecem ser apreciadas ao vivo. A banda, independente, formada em 2012, tocou músicas de seus EPs “Bica na Cara” e “Ainda Somos Culpados”, Single “Parabéns aos Envolvidos” e Split “Surra/Damn Youth” e de seu único full-length lançado até o momento “Tamo na Merda”, e, alguns dos destaques da apresentação foram: “Parabéns aos Envolvidos” que foi tocada na íntegra e “O Peso da Responsabilidade”.
D.F.C
Os veteranos de Brasília foram apresentados ao público por Leo, vocal do Surra. Ele fez questão de contar que foi graças à influência destes pioneiros do crossover thrash hardcore nacional que ele largou tudo e resolveu se dedicar à música. A banda, formada em 1993, é composta por Túlio (vocal), Miguel (guitarra), Leonardo (baixo) e Bruno (bateria). E, citando palavras do próprio vocalista: “Só sucessos românticos, não dá tempo nem de tomar uma cerveja”. E foi nesse ritmo frenético e intenso, recheado com o bom-humor característico da banda, que eles destruíram tudo. Mandaram belas canções nostálgicas como: “Porrada de Rua”, “Todos Eles te Odeiam”, “Possuídos Pelo Cão” e a belíssima “Molecada 666”, um verdadeiro clássico do cerrado brasileiro. Ainda fizeram uma grande homenagem à sua cidade natal tocando “Cidade de Merda”. Entre um sucesso e outro, os fãs entoavam “D.F.C, se fode” e Túlio agradecia “Muito obrigado por esse carinho, minha gente”. Esse é o tipo de apresentação de qualidade que a gente espera tanto tempo para ver e que faz valer a pena sair de casa em pleno domingo.
Ratos de Porão
Ratos de Porão não deixa muita margem para comentários, eles demoraram um pouco para passar o som e logo em seguida compareceram e destruíam. Não há nada que os veteranos não saibam fazer no palco, apesar de o tempo trazer suas limitações em termos de movimentação no palco, sua experiência faz todas as apresentações da banda valerem à pena. João Gordo (vocal) acompanhado de Jão (guitarra), Juninho (baixo) e Boka (bateria) agitaram o mosh mandando um set-list direto e sem tempo para muita conversa, só porrada e cerveja. Alguns dos destaques foram: “Pensamentos de Trincheira”, “Amazônia Never More”, “Crianças Sem Futuro”, “Farsa Nacionalista”, “Beber até Morrer” e “Crucificados pelo Sistema”.
Set-list:
- Pensamentos de Trincheira
- Estilo de Vida Miserável
- Crocodila
- Ódio
- Amazônia Nunca Mais
- Lei do silêncio
- Testemunhas do apocalipse
- Ignorância
- Crianças sem futuro
- Farsa nacionalista
- Morrer
- Não me importo
- Crucificados Pelo Sistema
- Herança
- Beber Até Morrer
- Crise Geral
Tankard
Os alemães, conhecidos por seu bom humor e imensa paixão por cerveja, entraram no palco logo após um trecho do clássico “Fever” de Peggy Lee ser tocado enquanto as cortinas ainda estavam fechadas. Gerre (vocal), Frank Thorwarth (baixo), Andy Gutjahr (guitarra) e Olaf Zissel (bateria) fizeram uma apresentação memorável. Se movimentaram no palco, mandaram beijos, jogaram gelo no público, agitaram o mosh, agradeceram em português, fizeram questão de cumprimentar os fãs em todos os lados do palco, pista e camarote.
Tankard tem 18 álbuns lançados, provando ser uma das maiores de thrash metal do mundo que continuam na ativa desde 1983. Isso não é pouco e vê-los ao vivo é um privilégio imenso. E os caras não decepcionaram, foram incrivelmente generosos e tocaram por 1hr e 20, mantendo sempre o bom humor e a energia incrível que os fãs, das antigas e mais novos, esperam de uma banda desse nível.
Os fãs puderam conferir músicas como “One Foot in the grave”, “Pay to Pray”, “The morning After”, “Zombie Attack”, “Rapid Fire”, “Die with a Beer in your hand”, “A Girl Called Cerveza” e “Rest in Beer”. O vocalista, Gerre, generoso, carismático e engraçado, disse: “Em 37 anos, nós nunca deixamos de ser thrash metal e nunca vamos parar. Nos vemos no inferno. Até a próxima, São Paulo.”
Set-list:
- One Foot in the Grave
- The Morning After
- Zombie Attack
- Not One Day Dead (But Mad One Day)
- Rapid Fire (A Tyrant’s Elegy)
- Rules for Fools
- Die With a Beer in Your Hand
- Minds on the Moon
- I.B. (Rest in Beer)
- Pay to Pray
- Rectifier
- Chemical Invasion
- A Girl Called Cerveza
- (Empty) Tankard
Overkill
Os veteranos do OverKill têm 19 álbuns lançados e estão na ativa desde os anos 80. O público brasileiro estava sentindo falta dos norte-americanos que não tocavam aqui desde 2012. Os fãs, apesar de cansados, suados e sedentos – pois logo após o show do Tankard, as pessoas se deram conta de que as cervejas artesanais haviam acabado e o calor insuportável aliado à sede e o cansaço deixaram o clima um pouco tenso – aglomeraram-se frente ao palco e garantiram um espetáculo intenso entoando os clássicos da banda e agitando na roda.
O Carioca Club ferveu com a inigualável presença de palco do vocalista Bobby ‘Blitz’ Ellsworth que veio acompanhado dos experientes músicos Derek ‘The Skull’ Tailer (guitarra), Dave Linsk (guitarra), D.D. Verni (baixo) e Jason Bittner (bateria). Uma aula de técnica e experiência, o que ajudou os músicos a fazer um espetáculo de alta qualidade mesmo tendo de lidar com o fato de o som da casa não estar adequado à suas necessidades. E ainda assim, proporcionaram o show de thrash metal que todo headbanger quer ver ao vivo. Eles mandaram sons que encantaram o público e ajudaram a matar a saudade desses mestres do metal mundial.
Set-list:
- Mean, Green, Killing Machine
- Rotten to the Core
- Electric Rattlesnake
- Hello From the Gutter
- In Union We Stand
- Coma
- Infectious
- Goddamn Trouble
- Wrecking Crew
- Head of a Pin
- Hammerhead
- Ironbound
- Elimination
- Fuck You (cover do Subhumans)
- Sonic Reducer (cover do Dead Boys)
- Fuck You (Reprise) (cover do Subhumans)
Carioca Club
Data: 03/02/19
Horário: 15h
Rua Cardeal Arcoverde, 2899 -Pinheiros