Martin Philbey/Divulgação
O grupo australiano Airbourne se destacou logo com o primeiro disco, o visceral Runnin’ Wild (2007), agradando fãs de Rock and Roll direto ao ponto. O grupo é formado pelos irmãos Joel O’Keeffe (vocal e guitarra) e Ryan O’Keeffe (bateria), Justin Street (baixo) e o mais recente integrante, Jarrad Morrice (guitarra).
A banda divulga atualmente o mais recente álbum, Boneshaker, lançado pela gravadora Spinefarm Records em 2019, mantendo a linha dos quatro trabalhos de estúdio anteriores, ao mesmo tempo buscando uma gravação mais orgânica, e obteve excelente retorno dos fãs e da crítica especializada.
Conversamos com Joel sobre a vida na estrada e os planos da banda. Lembrando que o Airbourne fará única apresentação no Brasil no dia 28 de agosto, no Fabrique, em São Paulo.
Por Gustavo Abiner
E aí, como você tá, Joel?
Bom dia, cara! Como está? A gente tá ótimo! Estamos em Portugal, andando pela praia na ilha de Tróia, é bem épico aqui.
Oh, da hora, cara!
Vou começar com uma pergunta clichê, mas vou tentar deixá-la um pouquinho menos clichê. Vocês parecem gostar muito de estar no palco, vocês amam, essa é a impressão e em 2019 vocês lançaram um álbum incrível, tudo estava indo muito bem e… pandemia! Tivemos que parar… Como você lidou com isso? Tipo, não poder fazer a coisa que você mais ama?
Foi bem difícil, pra falar a verdade. Foi… Acho que pra maioria dos músicos foi depressor, de certa forma, porque você não podia fazer aquilo que nasceu pra fazer e aquilo que tanto ama, e a gente dá tudo que a gente tem e amamos fazer um rock and roll para as pessoas, então não poder fazer isso, ou simplesmente não poder tocar foi tipo… e por dois anos…foi realmente muito difícil! Mas você meio que tem que se manter forte e dizer “olha, vai voltar e quando voltar a gente vai destruir, vamos voltar mais fortes do que nunca”, de alguma forma encontrar um jeito e saber que iria voltar. E assim que a gente começou a ver que os shows ao vivo estavam voltando, isso me fez melhorar e começamos a ensaiar e fazer barulho de novo, foi uma sensação muito boa. Mas, pra ser honesto, foi bem difícil.
Mas eu acho que vocês realmente voltaram com tudo, porque a popularidade da banda explodiu, como os ouvintes mensais no Spotify… Por que você acha que isso aconteceu? E qual a importância disso pra você, isso das pessoas ouvindo no Spotify, Deezer, YouTube… Você simplesmente não liga ou é importante?
Não, cara, é muito, muito importante. Sabe, no meu tempo, lembro que comprei um CD do ZZ Top, acho que era aquele que tem “Gimme all your Lovin’”, acho que tem “La Grange” e tal. Esqueci o nome do álbum [Nota da editora: O álbum com a música Gimme all your Lovin’ é o Eliminator (1983) e o com a música La Grange é o Tres Hombres (1973)] , mas lembro que no verso dizia “para mandar uma carta de fã para o ZZ Top, para Billy Gibbons e o resto da banda, escreva para esse endereço…”, e lembro de ver isso quando criança, como fã, e quando eu era criança a gente não tinha internet, e então eu penso sobre isso hoje e acho que o novo ZZ Top, o novo jeito de fazer isso é com o Spotify e o YouTube, esse é o novo jeito de se conectar com os fãs sem encontrar eles, mas em vez de mandar uma carta, já que a gente tá do outro lado do mundo, você pode ver no YouTube ou no Spotify, e coisas do tipo. É muito importante, porque você pode ver quantas pessoas estão começando a gostar da sua banda e aí: “caralho, tem umas pessoas ali no Brasil, ou no Chile, ou… sabe, provavelmente no Japão!” e aí você fica: “eles conhecem minha banda ali, estão curtindo, vamos tocar pra eles”.
É incrível ouvir isso! Pois é, as cartas de fã estão meio mortas, mas gente tem coisas melhores agora, certo? E falando nesses shows, neste ano, e recentemente, vocês subiram no palco com artistas incríveis, como Alice Cooper e Iron Maiden. Quais foram alguns dos melhores momentos que vocês tiveram com esses caras?
É, então… foi simplesmente conhecer eles, sabe? E o respeito que se tem por eles já é o mais altíssimo que se pode ter com qualquer pessoa. Tipo, o motivo da banda estar aqui, de nossa banda estar aqui por causa de bandas como Alice Cooper e Iron Maiden. Você tá andando por aí e aí eles te dizem: “oi!” e você responde: “ah, oi, como vai?” e são os caras dessas bandas, o Steve Harris ou o Alice Cooper, e quando você vai tocar é meio que difícil não ficar nervoso e cagar nas calças, porque eles são tipo deuses que você respeita e… poder conhece-los pessoalmente é o ciclo completo pra mim, em que quando você é criança, assistindo o Iron Maiden Live at Donington e pensa: “uau, só tenho seis anos, mas isso é incrível”, e aí mais tarde na vida, você está num corredor, logo antes do show, e o Steve Harris tá ali, sabe como é? É simplesmente um ciclo completo, eu acho que não há nada que você possa apreciar mais do que esses momentos na vida, quando você fica tipo: “nossa, isso foi especial”.
Eu quase nem consigo imaginar, deve ser a melhor sensação do mundo. Você tenta ficar de boa, mas…
Com certeza é! Sim, é isso, porque a criança interior que viu o Iron Maiden Live at Donington, ela ainda está ali dentro, sabe? Aquela criança roqueira ainda tá ali, a paixão que você tem pela música nunca morre, então é difícil não ser aquela criança de seis anos quando você os encontra, porque ela entra em ação! (Risos)
E falando em ficar tranquilo, como vai o novo cara [Jarrad Morrice]? Vocês têm um guitarrista novo neste ano, como ele tá indo?
Ah, ele tá indo muito bem! Ele é muito bom e é nosso amigo, de qualquer forma. Ele já tinha tocado em algumas bandas e essa é de longe a maior em que ele já entrou. A gente brinca com isso, ele tava bem nervoso no início, mas não demonstrava, o primeiro show dele foi o Rock am Ring ou algo assim. Então, é tipo… tinha noventa mil pessoas lá e (risos) a gente fez uns shows pra treinar, mas ele se encaixou muito bem. Ele também é um dos caras mais humildes e da hora, é bem pé-no-chão, não tem ego, nada disso, é bem de boa igual todos nós, e está muito grato de poder fazer essas coisas e… é isso! Ele é um cara muito legal e ama rock and roll pra caralho, ama AC/DC, Rose Tattoo, The Angels, várias bandas australianas antigas, e, claro, Iron Maiden e Motörhead, esse tipo de coisa. Se você fosse comparar as playlists, seriam basicamente idênticas, no Spotify, ou iPod, essas coisas.
Então basicamente vocês curtem bandas australianas e os clássicos.
Sim, é isso, é isso.
Mas é muito legal ouvir isso, que mesmo com mudanças de formação, a banda se mantém consistente e eu queria perguntar: cara, qual o segredo? Vocês tão lançando bons álbuns e são tão enérgicos no palco, e essa coisa de turnê deve ser muito cansativa, e ainda assim você continua pulando, correndo, tocando sem camisa… como que você faz isso? Sério, qual o segredo?
Ah, olha, é só o amor pelo rock and roll. Tipo, antes do show você pode estar muito cansado, 6:30 da manhã, pegando voo e aí vai tocar na mesma noite, sem dormir, porque tá no voo e na estrada, mas no momento em que você pega a guitarra e – a gente faz a contagem, com a introdução do Exterminador do Futuro – ouve a contagem, no instante em que corro e vejo os rostos, me torno o Super Homem. Não sei como funciona, mas posso estar totalmente sem energia e aí eu vejo o público e do nada viro o coelhinho da Energizer. Tem uma energia no lugar, acho que esse é um dos motivos pelos quais nossa banda funciona tão bem, é por causa de toda a energia que a gente coloca e recebe de volta, o público também retribui, e nós devolvemos de novo, e é uma troca constante que acaba sendo bem poderosa até o final da noite, então… é isso!
É basicamente amor e magia.
Sim, é isso!
Pra terminar aqui, eu gostaria de fazer uma pergunta sobre o futuro. O que vocês querem fazer no futuro, vocês têm planos? Como lançar novas músicas, tocar com outros artistas que vocês queiram, ou vocês vão continuar em turnê, tipo agora… Quais são os planos, se vocês tiverem?
Sim, a gente vai gravar no começo do ano que vem, ou na metade. Estamos compondo músicas na estrada, então o plano é gravar ano que vem, entregar outro álbum, e vamos fazer uma turnê pelos festivais também. Basicamente, por causa da pandemia, tudo parou, e agora tudo foi religado, então estaremos “ligados no 220” pelos próximos dois ou três anos, pelo menos, ou pra sempre, porque ficar dois anos fora da estrada realmente deixou todo mundo com sede de explodir tudo de novo, então… É, esse é o plano: álbum novo ano que vem e outra turnê.
Obrigado pela entrevista, Joel!
Muito obrigado, cara!
E se cuida, façam um ótimo show em Portugal!
Faremos, cara! E tenha uma ótima semana também, aí no Brasil, e apareça lá no show que a gente vai tomar uma cerveja trincando! Vai ser legal.
Com certeza, cara! Se cuida e até mais!
Se cuida você também! Tchau!
SERVIÇO
Airbourne em São Paulo
Data: 28 de agosto de 2022 (domingo)
Local: Fabrique Club
Endereço: Rua Barra Funda, 1071 – Barra Funda
Horário: 17h (portões)
Ingressos: R$ 250 (2º lote pista/promocional)
Venda online: https://www.bilheto.com.br/evento/755/Airbourne
Mais informações: www.manifestobar.com.br