Temos mais um álbum do Metal nacional completando 30 anos em 2022 e que é tema do nosso Memory Remains de hoje: estamos falando de “Circus of Death“, o quinto álbum dos mineiros da Overdose.
Dois anos depois do antecessor, “Addicted to Reality“, a banda começava a incluir novos elementos em sua sonoridade, o que ajudou a elevar o nível da banda, que já era muito bom. Em “Circus of Death“, temos pitadas de Thrash Metal, Groove e até mesmo batidas brasileiras. Para gravar o disco, o quinteto se reuniu em Belo Horizonte, cidade natal da banda, no estúdio JG, durante o mês de março de 1992. A própria banda atuou na produção.
Anos mais tarde, o álbum foi relançado com uma nova capa, que embora seja bonita, particularmente eu ainda prefiro a original, que tem a imagem de um senhor com um nariz de palhaço. O tracklist também foi modificado em relação ao lançamento original e aqui neste texto vamos comentar faixa a faixa, respeitando o lançamento de 30 anos atrás.
“The Zombie Factory” abre bem o play, trazendo uma música pesada e moderna, com riffs simples, mas que caíram muito bem na composição, além das batidas de percussão, que remetem a sonoridade mais brasileira e que seriam melhor exploradas no álbum “Progress of Decadence“. “Children of War” é um baita Thrashão, ainda que seja em um andamento mais arrastado do que o Thrash Metal tradicional. Mas é uma excelente música.
“Dead Clouds” traz nas guitarras o seu carro-chefe. São ótimos os riffs que fazem desta canção uma das melhores de todo o disco, somadas ao bumbo duplo de André Márcio que aparece no pré-refrão. Sensacional. A sequência das melhores faixas do play segue com “Profit“, uma música que mescla com perfeição, velocidade, Groove e técnica.
“The Healer” é mais uma que está no rol das minhas favoritas deste “Circus of Death“, uma música densa e pesada e serve como rito de passagem para o grande hit do álbum que vem a seguir: “Violence“, que é uma pedrada no ouvido com seu refrão ríspido e suas estrofes mais grooveadas. O disco tá lindo até aqui.
E continua lindo com a próxima faixa que vem, “A Good Day to Die“, que é bastante agressiva e poderosa. “Powerwish” mantém a agressividade do álbum nas alturas. E “Beyond my Bad Dreams” encerra o álbum trazendo uma música bem legal, cujo refrão gruda em nossas mentes. Se você deixar a bolacha rolando um pouco mais, depois de alguns minutos de silêncio, chega a faixa “Rio, Samba e Porrada no Morro“, que surge como abertura no álbum posterior da banda, o não menos maravilhoso “Progress of Decadence“, que no ano que vem completará 30 anos, e claro, será assunto aqui no nosso Memory Remains.
São 45 minutos de muito peso, em uma demonstração de que o Brasil sempre foi um verdadeiro celeiro de bandas de Metal. E que a reinvenção dos mineiros só fez bem à própria banda. Particularmente eu vejo a mudança do Metal tradicional para essa espécie de crossover como muito positiva para a Overdose e fez com que a banda se fortalecesse como um dos pilares da cena brasileira.
Como sabemos, a Overdose começou praticamente ao mesmo tempo que o Sepultura e embora o primeiro lançamento de ambas as bandas tenha se dado em um split LP, que do lado A tinha o “Século XX” e do lado B tínhamos o “Bestial Devastation”, a carreira da Overdose demorou um pouco para acontecer e isso em nada diminui a importância do quinteto.
Minha relação com este disco é de extremo carinho. Foi o primeiro disco da banda que eu adquiri e pra mim só perde para o sucessor “Progress of Decadence“. Eu ainda prefiro a versão original, mas nada contra a versão mais recente, que conta inclusive com um DVD, na qual a banda aparece em uma apresentação da época do lançamento de “Circus of Death“.
Felizmente a banda segue na ativa, após alguns hiatos. Sem lançar álbuns, o que é uma pena. Fica a nossa torcida para que eles possam gravar um novo play, afinal de contas, os fãs já esperam por isso há 27 anos, desde “Scars“, o disco derradeiro. Enquanto isso não acontece, vamos celebrando o mais novo trintão do Metal brazuca, escutando-o no volume máximo, atormentando aquele seu vizinho que gosta de piseiro, sertanejo universitário ou pagode. A Overdose é uma instituição do Metal e merece todos os nossos confetes.
Circus of Death – Overdose
Data de lançamento – 1992
Gravadora – Cogumelo
Faixas:
01 – The Zombie Factory
02 – Children of War
03 – Dead Clouds
04 – Profit
05 – The Healer
06 – Violence
07 – A Good Day to Die
08 – Powerwish
09 – Beyond my Bad Dreams
10 – Rio, Samba e Porrada no Morro (faixa bônus escondida)
Formação:
Bozó – vocal
Cláudio David – guitarra
Sérgio Cichovicz – guitarra
Fernando Pazzini – baixo
André Márcio – bateria