Há 35 anos, mais precisamente em 18 de janeiro de 1988, o AC/DC lançava “Blow up Your Vídeo“, o álbum de número onze da discografia desse quinteto australiano que todos nós amamos e que é tema do nosso Memory Remains desta quarta-feira. Vamos contar hoje um pouco da história deste aniversariante.
Após a turnê de seu álbum anterior, “Who Made Who“, a banda se reuniu para escrever o vindouro álbum e o local escolhido foi o “London’s Nomis Studio” , em Londres, onde eles ficaram enclausurados durante o mês de julho de 1987. Canções escritas e ensaiadas, eles atravessaram o Canal da Mancha e foram parar no “Studio Miraval“, no sul da França e por lá ficaram entre agosto e setembro do mesmo ano, sob a batuta dos produtores Harry Vanda e George Young.
“Blow up Your Video” também é o último registro de estúdio do baterista Simon Wright. Phill Rudd voltaria depois para o posto de onde ele nunca deveria ter saído. A banda gravou um total de 16 faixas durante as sessões, entre elas, as canções “Snake Eye“, “Borrowed Time” e “Down on the Borderline“, que seriam lançadas em 2009 no box chamado “Backtracks“. As demos de “Let It Loose” e “Alright Tonight” foram roubadas e posteriormente pirateadas, sendo assim, elas foram deixadas de fora do play.
Angus Young afirmou em entrevista para a MTV em 1988 que o título do álbum saiu da letra de “That’s the Way I Wanna Rock and Roll“. Vamos conferir as palavras do grande ícone do AC/DC:
“Provavelmente éramos uma banda que é melhor vista ao vivo e foi assim que o título surgiu … Porque tudo é automático hoje em dia. Uma criança pode apertar o botão em um TV, ele tem um controle remoto e pode dar um zoom em tudo e receber de todo o mundo. Você pode ligar o rádio e ouvir o rock vindo da América. Para nós, a melhor coisa como banda sempre foi fomos ótimos no palco.”
Esse foi também o último álbum a contar com a colaboração de Brian Johnson como letrista/compositor. Depois de então essa função ficou com os irmãos Young. Vamos então passear pelas dez músicas que compõem o disco que apaga as velinhas hoje.
“Heatseeker” se inicia com riffs que nos dão a impressão de que vai ser uma música mais Southern Rock, mas logo logo a dupla Angus e Malcolm Young mudam drasticamente o andamento e a música se torna um baita Rockão com um vigor impressionante. Até soa um bocado diferente do que o AC/DC costuma fazer. E com direito a um belo solo. “That’s the Way I Wanna Rock and Roll” traz de volta o clima setentista, dos tempos de Bon Scott nos vocais em outra música cheia de energia que contagia o ouvinte. Belo início.
Em “Meanstreak“, a banda nos brinda com a velha pegada bluesy que vez por outra a banda insere em suas canções e se não é tão empolgante quanto as duas faixas anteriores, ao menos não decepciona. Afinal de contas, estamos falando do AC/DC. “Go Zone”, a faixa número quatro é um Hard Rock cujo andamento é mais arrastado e se não há empolgação por parte dos músicos, os riffs são bons e a música tem um certo peso, além do bom solo, que é o grande destaque.
Em “Kissin’ Dynamite” o nível volta a subir e temos uma música densa e bem estruturada, onde as guitarras são inconfundíveis, você escuta e já sabe que ali estão os irmãos Young arregaçando tudo. A segunda parte do play se inicia com “Nick of Time“, que traz o baixo de Cliff Williams na intro e depois o restante da banda entrando com o Rock que o AC/DC sabe fazer como ninguém: vigoroso e poderoso, da forma mais simples possível. Uma das melhores músicas do disco, sem sombra de dúvidas.
Chega “Some Sin for Nuthin’ ” e temos o AC/DC se rendendo ao Glam Rock que andava em voga nos anos 1980 e a banda não compromete nessa empreitada. A atmosfera setentista retorna com “Ruff Stuff“, onde temos batidas retas, mas precisas de Simon Wright e com direito a um refrão pra lá de grudento. “Two’s up” é a faixa número nove e a mais pesada do play, além de ser uma das que se destacam entre todas as que estão presentes no play devido ao seu clima bem Hard Rock.
“This Means War” é faixa derradeira e a que tem o andamento mais rápido. Aqui a o nível de empolgação é elevadíssimo e a música não poderia ser a melhor escolha para se encerrar um disco muito cima da média. Por vezes temos sensação de que a banda está tocando Country só que em um andamento quase igual aos das bandas de Speed Metal. Excelente música. Final apoteótico. Digno do AC/DC.
Temos 10 faixas em 42 minutos que fazem do aniversariante do dia um belo disco. Obviamente que não se compara aos grandes clássicos lançados pelo AC/DC, mas este aqui está longe de ser um disco subestimado. Tem grandes momentos e a prova disso foi o sucesso que fez entre o público, sendo o disco da banda que mais vendeu desde “For Those About to Rock… We Salute You“, de 1981. O álbum foi certificado com disco de ouro na Alemanha, Espanha, Finlândia e no Reino Unido; Platina nos Estados Unidos e em sua terra natal, a Austrália, foi certificado com triplo Platina.
Nos charts pelo mundo, o disco alcançou o 2° lugar na Austrália e no Reino Unido, 3° na Noruega, 4° na Suiça, Suécia, Alemanha e na Nova Zelândia; na “Billboard 200“, o álbum alcançou a 12ª posição, 14° no Canadá, 15° na Áustria e 26° na Holanda. E nos nossos corações, certamente ocupa uma das primeiras posições.
Após o lançamento, a banda saiu em turnê que se indicou em Perth, Austrália, depois mais 15 datas em sua terra natal, onde eles não se apresentavam haviam sete anos. Pouco tempo depois, o quinteto fez uma tour pela América do Norte, mas Malcolm Young não foi, pois ele havia decidido iniciar o tratamento contra sua dependência alcoólica, sendo substituído pelo sobrinho Stevie Young, que hoje ocupa o posto permanente de guitarrista da banda, justamente no lugar do saudoso tio. Os problemas de Malcolm foram percebidos ainda durante as sessões de gravação, conforme seu irmão George Young admitiu em entrevista para a Rolling Stone em 2008. Aspas para ele:
“Eu vi os sinais. Malcolm tinha um problema. Eu disse que se ele não se recompusesse, eu estava fora de lá. Não me lembro de ter feito nenhum efeito.”
Malcolm, por sua vez, falou sobre essa situação, durante o documentário “Behind the Music“, do canal VH1, no ano de 2000. Vamos conferir a fala do guitarrista:
“Minha bebida ultrapassou toda a minha coisa. Eu me senti como o Dr. Jekyll e o Sr. Hyde . Tive uma conversa com Angus … Eu estava decepcionando as pessoas … Eu não estava pensando morto, mas eu estava fisicamente e mentalmente ferrado pelo álcool.”
Enfim, a banda caminhava de volta rumo ao topo, o que se confirmou com o sucessor, “The Razor’s Edge” (1990), que terá sua história contada em breve por aqui. Hoje é dia de celebrarmos esse maravilhoso disco. Escutemos essa bolacha no volume máximo e vamos aproveitar enquanto temos esses dinossauros do Rock ainda na ativa.
Blow up Your Vídeo – AC/DC
Data de lançamento – 18/01/1988
Gravadora – Atlantic
Faixas:
01 – Heatseeker
02 – That’s the Way I Wanna Rock and Roll
03 – Meanstreak
04 – Go Zone
05 – Kissin’ Dynamite
06 – Nick of Time
07 – Some Sin for Nuthin’
08 – Ruff Stuff
09 – Two’s up
10 – This Means War
Formação:
Brian Johnson – vocal
Angus Young – guitarra
Malcolm Young – guitarra
Cliff Williams – baixo
Simon Wright – bateria