Em 23 de fevereiro de 2009, o Lamb of God lançava “Wrath“, o quinto álbum da discografia desse quinteto de Richmond, Virgínia e que é tema do nosso Memory Remains desta quinta-feira, dia de TBT. Vamos te contar um pouco da história desse play.
O aniversariante do dia foi lançado por diferentes gravadoras: a “Roadrunner” soltou a bolacha na Europa, Japão e Austrália, enquanto que a “Epic” o fez nos Estados Unidos e Canadá. E por isso, temos duas datas diferentes de lançamento: a Roadeunner lançou na presente data, enquanto que a Epic se encarregou de lançar um dia depois. Nós escolhemos a data do primeiro lançamento.
Eles vinham de dois super discos, “Ashes of the Wake“, considerado por muitos como o melhor disco da carreira da banda, e “Sacrament“, o disco mais bem sucedido comercialmente. A expectativa era grande por um novo trabalho. E eles disponibilizaram duas câmeras no estúdio para que os fãs pudessem acompanhar online as sessões. Uma câmera estava virada para o kit de bateria de Chris Adler e outra câmera dava a visão da sala de mixagem.
Chris Adler falou sobre essa expectativa. Vamos abrir as aspas para a declaração desse monstro das banquetas.
“Este álbum vai surpreender muita gente. Normalmente as bandas que chegam onde estamos em nossa carreira começam a relaxar, cheirar as rosas e regurgitar. Nós escolhemos um caminho diferente. Ninguém quer ouvir outro membro da banda divulgando um novo disco. Wrath não precisa de exageros. Nós nos superamos e em 23 de fevereiro (d32009) você sentirá isso.”
Em agosto de 2008, foi anunciado o sucessor de “Sacrament“. O álbum marca também o início da parceria com o produtor Josh Wilbur, que dura até os dias atuais. Então a banda se utilizou de nada menos que seis estúdios para conceber esse “Wrath“: o “Electric Lady“, em Nova Iorque, o “Barbarosa“, na Virginia, o “Sound of Music“, em Richmond e o “Dizzylander“, em New Hampshire foram utilizados na gravação, enquanto que a mixagem aconteceu em Londres e a masterização ocorreu na Califórnia. Vamos passear pelas onze faixas presentes aqui.
“The Passing” abre o play e é uma instrumental, trazendo um clima ameno, com boas harmonias, e ela dura menos de dois minutos. Logo logo entra “In Your Words“, cuja faixa tem uma bela disputa entre as guitarras de Willie Adler e Mark Morton e a bateria de Chris Adler, este último, com batidas sensacionais. Grande início.
“Set to Fail” é a faixa número três e essa tem uma intro agitadíssima, com Chris Adler mais uma vez insano atrás de seu kit se bateria. O Groove dessa faixa é contagiante e é por isso que ela é um dos clássicos do Lamb of God e obrigatória nas apresentações ao vivo. A seguir, vem a minha favorita deste play: “Contractor“, que é veloz em grande parte dela, com algumas quebras no seu andamento. A melhor parte é quando John Campbell brilha sozinho com seu baixo obscuro, que precede a pancadaria geral que vem logo depois, digna de um moshpit mortal. Linda demais essa música.
Essa máquina de riffs que é a dupla Mark Morton e Willie Adler chega detonando em “Fake Messiah“, outra das minhas favoritas. Chris Adler também não deixa barato e executa viradas de deixar qualquer um de queixo caído. É impressionante o peso que a banda imprime aqui e os berros de Randy Blythe deixam as coisas ainda melhores.
“Grace” abre a parte final do play e tem belos acordes de guitarra na intro, que dão a falsa impressão de que será uma música mais calma, mas logo logo o peso toma conta juntamente com o Groove. Essa é uma das que vez por outra entra no setlist. Temos um solo aqui, algo raro nas canções do LOG. “Broken Hands” é arrastada e muito pesada, tendo na bela condução de Chris Adler o seu carro-chefe.
“Dead Seeds” é a faixa número oito e apesar de Chris Adler de vez em quando flertar com o Death Metal em algumas passagens, essa faixa já mostra como seria a banda da metade final da década passada para cá, onde eles começaram a prezar pela técnica, deixando a brutalidade um pouco de lado. Em “Everything to Nothing“, um pouco mais de velocidade na intro e Chris Adler até ensaia uns blastbeats, porém, o Groove que termina dominando tudo e uma boa pegada é mantida até o final.
As duas faixas derradeiras, “Choke Sermon” e “Reclamation” são bem diferentes entre si: a primeira é bem pesada e as guitarras novamente tomam a frente na questão da predominância, com direito a mais um solo, lembremos, isso é um item raro em uma música do LOG, enquanto que a faixa final, com seus mais de 7 minutos, trazendo violões com clima southern, alternando com guitarras muito pesadas e com esse clima fantástico o álbum se despede.
São 47 minutos de um play que, se não está entre os melhores da carreira do Lamb of God, também está longe de ser um dos piores. Ele já mostra o início da transição musical que a banda passaria, abordando temas não tão agressivos, ainda que hajam algumas faixas por aqui que são e muito brutais.
O play estreou de cara na 2ª posição na “Billboard 200“. Alcançou o topo das paradas canadenses e nas categorias “UK Rock e Metal Albums” (Reino Unido), além da “US Top Rock”, “US Top Hard Rock” e “US Top Tastemakers Albums” (todas da Billboard). Ainda na “Billboard”, ficou em 2° lugar na categoria “US Digital Albums”. Pelo mundo, 5° lugar na Finlândia, 8° na Austrália, 14° na Nova Zelândia, 20° na Noruega, 21° na Escócia, 32° na Irlanda, 35° na Suécia, 61° na Alemanha. Somente na primeira semana, vendeu mais de 68 mil cópias apenas nos Estados Unidos, totalizando 200 mil vendas um ano depois.
As críticas no geral foram bastante positivas e o Lamb of God bateu na trave por duas oportunidades no “Grammy Awards“; em 2010, concorreu na categoria “Melhor Performance Heavy Metal”, com a música “Set to Fail“, mas perdeu para o Judas Priest com “Dissident Aggressor“. Em 2011, concorreu na mesma categoria, com a música “In Your Words” e perdeu para o Iron Maiden, com “El Dorado“. Ou seja, são derrotas aceitáveis, pois a banda foi superada apenas por duas das maiores instituições do Heavy Metal.
O disco é dedicado a Mikey Bronsnan, um amigo da banda que os ajudou quando eles começaram a empreitada. Ele morreu atropelado por um bêbado irresponsável ao volante, em novembro de 2008 e Chris Adler disse que “Sem Mikey, não seríamos a banda que somos hoje”. Após o lançamento, o quinteto saiu em turnê mundial, onde tocaram com bandas do calibre de Children of Bodom, Municipal Waste, Mastodon e nas pernas europeia e norte-americana, eles foram banda de abertura do Metallica, que na época divulgava seu álbum “Death Magnetic“. Nos últimos dias da turnê, o guitarrista Buz McGrath, do Unearth substituiu Mike Morton, que se ausentou para acompanhar a esposa e seu filho recém-nascido.
Algum tempo depois o álbum foi relançado em uma versão Deluxe, com dois CDs, onde o primeiro continha a versão original do play, com as faixas remasterizada e no segundo disco traz uma versão “master”, onde cada faixa é reproduzida por quatro vezes, uma só com a guitarra, outra só com o baixo, outra só com o vocal e outra só com a bateria.
Um disco consistente, que mostra as razões de o Lamb of God ser uma das melhores da atualidade. E que merece todos os confetes. Vamos celebrar esse play, enquanto aguardamos o encontro que a banda tem com o Brasil, na versão tupiniquim do Summer Breeze, em São Paulo. Infelizmente não mais com a lenda Chris Adler na bateria, mas com o competente Art Cruz, que tem dado conta do recado. Enfim, a vida vai voltando a normalidade e se você não foi enganado pelo fujão que se vacinou enquanto pregava que as vacinas tinham o vírus HIV ou que iria transformar as pessoas em jacarés, você é um afortunado por estar vivo e imunizado e também por ser um dos que estarão testemunhando os caras ao vivo.
Wrath – Lamb of God
Data de lançamento – 23/02/2009
Gravadoras – Roadrunner/ Epic
Faixas:
01 – The Passing
02 – In Your Words
03 – Set to Fail
04 – Contractor
05 – Fake Messiah
06 – Grace
07 – Broken Hands
08 – Dead Seeds
09 – Everything to Nothing
10 – Choke Sermon
11 – Reclamation
Formação:
Randy Blythe – vocal
Willie Adler – guitarra
Mark Morton – guitarra
John Campbell – baixo
Chris Adler – bateria