O Memory Remains desta terça-feira vai tratar do mais novo cinquentão do Rock and Roll. “Houses of the Holy“, o quinto álbum do Led Zeppelin foi lançado em 28 de março de 1973. Vamos contar um pouco da história deste álbum, o primeiro de fato a ter um título.
Depois do que os caras protagonizaram com o seu disco anterior, “Led Zeppelin IV“, que está marcado como um dos melhores discos de Rock da história, seria muito difícil que o lançamento posterior superasse tudo que foi alcançado com esta obra de arte. Eis que eles resolveram mudar um bocado o som, sem abandonar o Rock, é bem verdade, mas incorporando outras influências como o Jazz, o Funk. E o resultado obtido aqui foi bastante satisfatório. Alguns consideram o aniversariante do dia como uma grande sacada da banda, pois eles acabaram por se reinventar ao invés de seguir apostando na fórmula que já tinha dado certo.
O título do álbum é uma homenagem aos fãs e este foi o último registro pela gravadora Atlantic, uma vez que no ano seguinte ao lançamento, eles fundaram sua própria gravadora, a “Swan Song Records“. “Houses of the Holy” também é caracterizado por ser o único álbum do Led Zeppelin cujas respectivas letras foram impressas por completo no encarte.
A capa também merece um destaque a parte, pois recentemente ela chegou a ser censurada pela rede social de Mark Zuckenberg, que vê violações onde não existem e ignora as violações que acontecem. A razão? Imagens de crianças nuas. A impressão é que foram utilizadas muitas crianças, mas na verdade são apenas duas. Stefan e Samatha são os irmãos que foram enviados para a Irlanda do Norte e posaram para diversas fotos durante dez dias, sempre ao nascer e o pôr do sol. Ainda que seja polêmica nos dias atuais, é uma imagem marcante. Foi uma produção da Hipgnosis, que já trabalhou na arte de bandas como o Pink Floyd, por exemplo. É preciso entender o contexto da época, pois a ideia não era promover a pornografia infantil e sim usar o livro “O Fim da Infância”, do autor Arthur C. Clarke, como inspiração. A inspiração é um trecho do livro que relata algumas crianças reunidas para serem enviadas ao espaço.
A gravação do aniversariante do dia ocorreu em dois estúdios distintos: O “Rolling Stones Mobile Studio” e “Stargroves“, ambos na Inglaterra, em sessões que foram de janeiro a agosto de 1972, com Jimmy Page na produção. Então vamos viajar pelas oito faixas que compõem o aniversariante do dia.
“The Song Remains the Same” abre o disco com uma introdução longa e influências jazzísticas e bastante blues, em um música que é uma quebradeira só, com destaque para a cozinha, John Paul Jones e John Bonham tocando seus instrumentos com maestria. “The Rain Song” é bem calminha e nos traz sensação de paz ao escutarmos. Excelentes harmonias executadas por Jimmy Page e a inconfundível interpretação de Robert Plant.
“Over the Hills and Far Away” é bem progressiva e aqui a gente pode perceber a fonte que o Rush bebeu para compôr seus primeiros álbuns. Fonte muito boa, por sinal, “The Crunge” é a última faixa do lado A, caso você esteja ouvindo o Vinil e essa tem fortes inserções do funk (N. do R: o verdadeiro funk, não essa porcaria que querem nos enfiar goela abaixo hoje em dia) e apesar de ser diferente, ficou boa. Esta faixa é um tributo da banda a James Brown.
Viremos o lado da bolacha e temos “Dancing Days” dando sequência e é uma das minhas favoritas deste play. Com seu psicodelismo e um clima contagiante, ela desponta como destaque. “D’yer Mak’er” chega e sobre esta eu tenho uma história curiosa: eu a conheci através da versão que a cantora canadense Sheryl Crow fez para um tributo ao Led Zeppelin no ano de 1995. Ela é completamente diferente do estilo da banda, pois os caras fizeram um Reggae. E como sempre, não decepcionam. Eu só conheci a versão original anos depois, mas já gostava tanto desta música que mesmo sendo de um estilo que não me atrai muito, fica o valor sentimental.
“No Quarter” com seus sete minutos de duração é bastante experimental e eu confesso que não sou muito chegado nessas viagens. Aqui temos em sua introdução o uso de sintetizadores e um solo de piano executado por John Paul Jones. “The Ocean” fecha o aniversariante de hoje e é um belo Hard Rock setentista, figurando também entre as que ganharam o meu coração. O “Oceano” em questão, é uma referencia aos fãs, que marcavam presença nos shows da banda, configurando o “oceano deles”.
Em 40 minutos de audição, temos um disco que, se não preza pelo peso e pela supremacia do Rock em suas canções, tem o seu valor, É um disco que a banda usou mais da técnica de produção.
No ano de 2003, “Houses of the Holy” foi classificado na 149ª posição da lista dos “500 Melhores de Todos os Tempos”, organizada pela revista “Rolling Stone”. Ele também fora certificado com 11 discos de platina, por ter ultrapassado as 11 milhões de cópias vendidas, Nas paradas, o álbum alcançou a primeira posição na “Billboard Pop Albuns”, na própria “Billboard 200″, na Austrália, no Canadá, no Reino Unido, além de honrosos terceiros lugares na Áustria, no Japão e na França.
Algumas músicas gravadas para a obra acabaram ficando de fora, como a faixa que daria o título ao álbum. “Waters Walk”, “The Rover” e “Black Country Woman”. À exceção da primeira citada, todas as demais seriam incluídas no álbum sucessor, “Physical Graffiti” (1975).
Então hoje é dia de celebrarmos o mais novo cinquentão da cena. O Led Zeppelin é uma das maiores instituições do Rock de todos os tempos e a obra deste quatro gênios merece ser lembrada, cultuada e tombada como patrimônio da humanidade.
Houses of the Holy – Led Zeppelin
Data de lançamento: 28/03/1973
Gravadora: Atlantic Records
Faixas:
01 – The Song Remains the Same
02 – The Rain Song
03 – Over the Hills and Far Away
04 – The Crunge
05 – Dancing Days
06 – D’yer Mak’er
07 – No Quarter
08 – The Ocean
Formação:
Robert Plant – Vocal/Gaita
Jimmy Page – Guitarra/Violão
John Paul Jones – Baixo/Sintetizadores/Teclado/Órgão
John Bonham – Bateria