Em 6 de maio de 2003, o Lamb of God lançava “As the Palaces Burn“. Na prática, esse é o terceiro álbum lançado pelo quinteto de Richmond, Virginia, porém, como o primeiro álbum foi lançado quando a banda se chamava Burn the Priest, vamos considerar este como o álbum número dois da banda que é o maior nome do Heavy Metal no momento.
A banda, que foi uma das grandes atrações do Summer Breeze Brasil e tocou no último sábado (29), havia feito uma turnê para divulgação do álbum anterior, “New American Gospel“, que durou dois anos e rendeu bons frutos para a o quinteto e o ajudaria a se tornar um dos nomes ascendentes na cena metálica, principalmente na chamada New Wave of American Metal.
Para a produção deste full-lenght, a banda percorreu por três cidades: a gravação se deu no estúdio “Montana, Inc“, em Richmond; a mixagem se deu em Vancouver, Canadá, no “Hiposonic Studios” e a masterização foi em Hollywood. Devin Townshed foi o responsável pela produção da obra, que foi lançada pela Prostethic Records.
Aqui em “As The Palaces Burn” temos um Lamb Of God em um processo de transição, no ponto de vista de seu som. A banda que teve em seus primórdios influências mais latentes do Punk (e em 2018, os caras resolveram lançar um EP, sob o nome antigo, para homenagear justamente as bandas do estilo, o excelente “Legion XX“), e no disco homenageado de hoje temos um resquício dos primeiros lançamentos, mas os dois pés já no Metal.
Vamos passear por cada uma das dez faixas deste play. O disco abre com a esporrenta “Ruin“, uma música crua, ríspida, direta, com riffs super interessantes despejados pela dupla Willie Adler e Mark Morton. Chris Adler também brilha na música com sua pegada e uma virada fenomenal na parte final da música. E sem falar que o clipe oficial é muito bem sacado, mostrando a banda tocando dentro de uma igreja, aterrorizando as pessoas, mas despertando o interesse de um headbanger, que parecia perdido no meio do templo, mas que se encontra ao escutar a banda detonando. Início melhor de disco, não haveria de ter. Ao vivo essa música é mortal e esse redator que vos escreve pode dizer, pois testemunhou os caras tocando esse petardo na última apresentação dos caras, o peso é cavalar.
A faixa título chega mantendo o nível do disco no topo, com suas partes rápidas mescladas com o Groove da banda. Excelente música. “Purified” aposta nos riffs complexos, enquanto que Chris Adler segue seu espetáculo. O solo nesta faixa fica por conta do guitarrista convidado, Chris Poland (ex-Megadeth). Aliás, solo é uma coisa muito rara nas músicas do Lamb of God, pois os caras prezam pelos riffs.
Em “11th Hour“, a banda mantém a fórmula que vem fazendo sucesso: riffs grooveados e um pouco de velocidade no meio, com destaque para os bumbos duplos de Chris Adler, que aqui começava a mostrar porque ele é um monstro sagrado das baquetas. Faz falta na banda, ainda que Art Cruz supra muito bem essa falta. “For Your Malice” tem um começo bem denso, mas a música se desenvolve com partes grooveadas e outras mais extremas. Aqui, o guitarrista Steve Austin (Today Is The Day) empresta seu talento.
“Boot Scraper” chega como a música mais violenta, ou uma das mais violentas deste disco. Com muita crueza, como a banda se propôs a fazer neste álbum. E temos Randy Blythe gritando mais insano do que nunca. Ainda há espaço para as partes grooveadas, a marca registrada da banda. E temos aqui neste som, um novo solo. Vamos aproveitar porque é difícil os guitarristas do LOG deixar um solo em suas músicas.
“A Devil in a God’s Country” o destaque é mais uma vez, a performance de Chris Adler e seu bumbo duplo que parece imparável. A música em si, não é tão interessante quanto as demais, mas o ouvinte não vai querer perder a oportunidade se deliciar com a performance do batera. E o produtor Devin Townshed participou tocando guitarra nesta faixa.
“In Defense of Our Good Name” pode parecer fazer o disco como um todo repetitivo, dada a crueza que toma conta do álbum, mas esta é uma faixa legal de se escutar. Temos a parte final do disco com duas excelentes músicas: “Blood Junkie“, tão violenta quanto a já citada “Boot Scraper“, porém, esta aqui é mais densa, e por esse motivo, é uma das escolhidas do redator para, digamos, formar a trinca de ouro (as outras duas são as faixas de abertura e de fechamento).
“Vigil” fecha o disco maravilhosamente bem, do mesmo jeito que começou. Com uma sutil diferença, nesta música, temos uma introdução bem sutil, com dedilhados de guitarra, onde o ouvinte até se engana, achando que trata-se de uma balada, até que Randy Blythe grita “Our father thy will be done“. Ai os riffs mais arrastados dão o ritmo pelo menos até a parte final, que termina épica, rápida, monstruosa, gigante. A letra, maravilhosa, criticando o próprio Messias. E assim se encerra este petardo.
Em menos de 38 minutos você se dá conta que escutou um disco agressivo, violento, de excelente qualidade e ao final da audição, seus ouvidos estarão zunindo, tamanha a pancadaria sonora. Durante a turnê deste álbum, a banda tocou no Ozzfest, em 2004. E no DVD bônus deste festival, foram incluídas três músicas da banda: “Ruin“, “11th Hour” e “As the Palaces Burn“.
O álbum foi o primeiro da banda a figurar nas paradas de sucesso, sendo a “Billboard 200” a única que o disco apareceu, ficando na 64ª posição. Na subcategoria US Top Tastemaker Albuns, o play ficou na 25ª posição. Em 2013, o álbum foi relançado em comemoração dos dez anos do lançamento original e as faixas foram remixadas e remasterizadas pelo hoje parceiro da banda, Josh Wilbur.
Hoje é dia de celebrar esse discaço e também agradecer por ter essa banda em cena. O Lamb of God sem dúvidas é o nome mais relevante do Metal atualmente e mesmo que alguns torçam o nariz para a modernidade da banda, eles ignoram isso colocando ainda mais e mais peso em suas músicas. Para comemorar os 20 anos deste play, vamos ouvir essa pedrada no volume máximo enquanto desejamos longa vida ao Lamb of God.
As the Palaces Burn – Lamb of God
Data de lançamento – 05/05/2003
Gravadora – Prosthetic
Faixas:
01 – Ruin
02 – As the Palaces Burn
03 – Purified
04 – 11th Hour
05 – For Our Malice
06 – Boot Scraper
07 – A Devil in God’s Country
08 – In Defense of Our Good Name
09 – Blood Junkie
10 – Vigil
Formação:
Randy Blythe – Vocal
Mark Morton – Guitarra
Willie Adler – Guitarra
John Campbell – Baixo
Chris Adler – Bateria
Participações especiais:
Chris Poland – guitarra solo em “Purified”
Devin Townshed – backing vocal e guitarra em “A Devil in God’s Country”
Steve Austin – backing vocal em “11th Hour“