Embora seja uma banda veterana na cena, o Korzus lançou pouquíssimos discos. São apenas 6 nos quase 40 anos de existência. O Memory Remains desta quinta-feira vai tratar de “KZS“, lançado em 11 de maio de 1995, é o mais controverso dentre todos os registros deste quinteto paulistano.
A razão da controvérsia é a mesma que se abateu sobre a maioria das bandas de Metal nos anos 1990: a crise de identidade, que fez com que muitas bandas buscassem alternativas para a sonoridade. Nem todas as alternativas foram bem sucedidas como o Pantera e o Sepultura, por exemplo, mas “KZS” não é um disco ruim, só fugiu do Thrash Metal habitual, sobretudo o que a banda deixou registrado no disco anterior, o clássico “Mass Illusion“, lançado em 1991 e considerado a obra prima deles.
Para gravar o aniversariante do dia, a banda recrutou o produtor Steve Evetts, que na época já havia trabalhado com Incantation e Symphony X e depois trabalharia com Whiplash, Misfits, Skid Row e Sepultura. Ele veio ao Brasil se trancou com a banda no Rack Studios, em São Paulo, onde as faixas foram gravadas. Depois ele foi para New Jersey, no Trax East Studios, onde foi feita a mixagem e por fim, no West West Side Music, também em New Jersey, onde o álbum foi masterizado.
O álbum em si tem breves 30 minutos, o mais curto dentre todos que o Korzus lançou até hoje. As músicas têm em média dois minutos de duração, sendo que apenas duas chega a três minutos e apenas uma, “Beware“, tem cinco minutos, sendo a mais longa do play. O Thrash Metal é deixado um pouco de lado e elementos do Metal Industrial, Groove e até mesmo partes mais Core, além de evidentes influências do Metal pula-pula. Como dito acima, não é um álbum ruim, a audição é até muito agradável por sinal e algumas das faixas aqui são frequentes em shows: são os casos de “Internally“, “Lost Man” e “What A Pain!“, mas podemos citar também outros bons momentos como “Cumbacore (R.I.P.)“, “Last Meal“, “Namesnake” e “The Boss“. Ainda que seja o trabalho de menor brilho dentre os outros que o Korzus lançou, não faz feio.
O álbum contou também com algumas participações: Rob Morcheti fez backing vocal na faixa “Short Lived” e o vocalista do M.O.D., Billy Milano, gravou o vocal que auxilia Marcello Pompeu em “The Boss“, a faixa derradeira. A capa é bem simples e teve em Dick Siebert a direção de arte. Este foi o único álbum a contar com o guitarrista Marcelo Soldado e com o baterista Fernando Schaeffer. Da formação que gravou “KZS“, hoje restam apenas Marcello Pompeu e Dick Siebert.
Foi durante a divulgação de “KZS” que a banda fez sua primeira turnê nos Estados Unidos no ano de 1996, onde se apresentaram com o Biohazard e o S.O.D., e dois anos depois, participaram do Monsters of Rock, em São Paulo, quando tocaram junto com Dorsal Atlântica, Savatage, Glenn Hughes, Slayer, Megadeth, Dream Theater, Saxon, Manowar e Savatage. Esta foi a última edição do Monsters, que acabou com o hiato no último mês de abril, 25 anos depois. Neste show, Soldado e Fernandão haviam saído e em seus lugares estavam Heros Trench e Rodrigo Oliveira, que permanecem até hoje na formação. O show, que já era histórico por si só, tornou-se ainda mais especial pois no ano de 2000, a banda lançou “Live at Monsters of Rock“, contendo cinco músicas tocadas naquele dia. Eles completaram o álbum com lado B (“Catimba” e “Last Memories“) e covers para Olho Seco (“Lutar Matar”) e Sepultura (“Desperate Cry“).
Enquanto o Korzus não lança um novo play, afinal de contas, já se passaram nove anos desde o último disco, o maravilhoso “Legion“, vamos celebrando mais um aniversário deste “KZS“, que pode não ser amado por alguns, mas faz parte da linda história que Marcello Pompeu e Dick Siebert, os dois que ainda resistem e seguem suas caminhadas pelos trilhos repleto de espinhos do underground nacional. Se você não gosta deste play, hoje é o dia de colocá-lo no volume máximo e dar uma nova oportunidade, para quem sabe, mudar o seu jeito de olhar para essa belezura. Esperamos vê-los com um novo disco em breve. Longa vida ao Korzus.
KZS – Korzus
Data de lançamento – 11/05/1995
Gravadora – Devil Discos
Faixas:
01 – Internally
02 – Sadness
03 – Lost Man
04 – What a Pain!
05 – Shame
06 – B.S. (A Hole in the Head)
07 – Short Lived
08 – Beware
09 – Cumbacore (R.I.P.)
10 – Namesnake
11 – Last Meal
12 – The Boss
Formação:
Marcello Pompeu – vocal
Silvio Golfetti – guitarra
Marcelo Soldado – guitarra
Dick Siebert – baixo
Fernando Schaeffer – bateria