Há 8 anos, em 24 de julho de 2015, o Lamb of God lançava “VII: Sturm und Drang“, o 7° álbum desta banda de Richmond, Virgínia, que marca a despedida do baterista Chris Adler e é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira. Venha conosco.
O ano é 2015 e a banda esteve em pausa durante algum tempo, devido a prisão do vocalista Randy Blythe, na República Tcheca. Ele era acusado de homicídio culposo, por ter empurrado um fã do palco no ano de 2010 e este acabou indo a óbito. Então o Lamb Of God concentrou todos os seus esforços na defesa do seu frontman, a banda quase chegou a se separar e eles tiveram de vender até seus instrumentos para que conseguissem fundos e ajudar o colega de banda.
Randy acabou inocentado em 2013, mas enquanto a sentença não saía, ele acabou escrevendo algumas letras enquanto encarcerado. A escolha do título para o álbum também remete a experiência do frontman na prisão e foi sugerido pelo guitarrista Mark Morton. Filho de mãe alemã, ele achou a expressão “Sturm und Drang” enquanto pesquisava o vocabulário germânico e a banda concordou com a sugestão.
O disco contou com a colaboração de todos os músicos no processo de composição, diferentemente dos trabalhos anteriores quando cada membro chegava com músicas completas. Blythe escreveu 90% das letras. E o vocalista lembrou em uma entrevista à Rolling Stone sobre a inspiração para a letra de Still Echoes e o sofrimento passado pelo povo tcheco durante a Segunda Guerra Mundial:
“Havia uma guilhotina no corredor da minha cela, quando os nazistas ocuparam este lugar. Entre 1943 e 1945 eles executaram quase 2000 pessoas naquela guilhotina. Eles chamavam de Pamkrác. Eu ficava sentado a noite e pensava em todos aquelas pessoas que tinham suas cabeças cortadas – homens e mulheres – naquele lugar não muito longe de mim.“
Então no final de 2014, a banda se juntou ao produtor Josh Wilbur e todos foram ao “NRG Recording Studios“, em Los Angeles. E em 24 de julho de 2015, a bolacha saía pela “Epic Records” nos Estados Unidos e pela “Nuclear Blast“no restante do mundo.
Então temos a abertura com a forte “Still Echoes“, uma música muito boa, porém, bem diferente da sonoridade que o fã do Lamb Of God se acostumou com os discos anteriores. Continua pesado, grooveado, mas soa ainda mais moderno e mais técnico do que o usual. Boa surpresa a banda nos preparou.
Em “Erease This” o fã tem um pouco do que a banda fazia em seu passado, uma música rápida, extrema, com uma mudança sutil no seu refrão, ganhando o Groove que a banda jamais abandonou. As coisas começaram bem até então.
“512” é uma faixa densa e pesada e esta trata diretamente do trágico incidente entre Blythe e o fã no palco, e a consequente prisão do frontman. O título é uma alusão ao número da cela em que ele permaneceu. Os versos do refrão são desesperadores, em que ele canta “minhas mãos estão pintadas de vermelho, meu futuro está pintado de preto”, referindo-se ao sangue por ter, involuntariamente sido responsável pela morte de um fã e ao mesmo tempo pela incerteza sobre os dias subsequentes. Boa faixa.
“Embers” é bem moderna e aqui quem dá as caras é Chris Adler com suas batidas bem fortes, ele dita os ritmos que o restante da banda irá seguir. E impressiona a técnica do cara. Temos a participação de Chino Moreno, do Deftones cantando na parte final. Esta música é a mais técnica do álbum, sem sombra de dúvidas.
“Footprints” é a minha favorita do álbum: ela é pesada, técnica, agressiva e novamente Chris Adler com seus blast-beats na introdução e nos bumbos durante as estrofes, vão guiando a dupla Willie Adler e Mark Morton, que fazem um ótimo trampo nas guitarras.
Em “Overlord” temos uma novidade muito interessante em termos de Lamb Of God: as belas harmonias, combinadas com a voz limpa de Randy Blythe durante boa parte da música. Mas não se engane, ao final, a quebradeira volta a aparecer e a música se torna outro ponto alto do disco.
E o aniversariante do dia tem um pouco do seu clima quebrado por duas músicas que, honestamente, não me agradaram muito. “Anthropoid“, que tem umas influências punks, e embora seja pesada e bem tocada (nenhuma novidade em termos de Lamb Of God), não me convenceram.
O mesmo vale para “Engage the Fear Machine“, que os caras ainda incluem no set list de suas apresentações. Essa música além de ser chata, nos traz a sensação de, com perdão ao leitor pela expressão que será usada, coito interrompido. Embora ela carregue tudo o que a banda fez em sua carreira, peso e Groove, eu não consigo gostar deste som.
Mas os caras trazem tudo de volta aos eixos com “Delusion Pandemic“, com riffs monstruosos aliados a bateria certeira de Adler, com muito Groove. Excelente som. A versão original do disco se encerra com “Torches“, uma música que não é rápida, mas se destaca pelo seu clima atmosférico, por ser densa, e ela fica ainda melhor após o refrão, onde ganha contornos dramáticos e fica ainda mais pesada.
Porém, este redator que vos escreve tem em mãos a versão deluxe, que contém duas faixas bônus: são elas a interessante “Wine and Piss“, em que guitarras com influências mais country se revelam na introdução e no refrão, com o devido acréscimo de qualidade que o Lamb Of God sempre acrescenta. E fechando a obra de verdade, temos a mortal “Nightmare Seeker (The Little Red House)”, onde mais uma vez Chris Adler brilha, trazendo seus companheiros de banda a tira-colo. A versão japonesa do álbum ainda tem mais duas faixas bônus: “Ruin” e “Still Echoes”, ambas gravadas durante uma apresentação no Rock Am Ring de 2015.
Chegamos assim, ao final de um disco que se está longe de ser dos melhores já lançados pelo Lamb Of God, tem bons momentos e acaba ficando marcado por ser a última participação desta fera Chris Adler tocando bateria na banda que ajudou a formar.
O álbum teve uma boa recepção tanto da crítica quanto do público: o site Rock Sound colocou o álbum na posição de número 20 dentre os 50 melhores álbuns lançados no ano de 2015; já a Metal Sucks deu ao álbum o título de melhor álbum daquele ano; vendeu mais de 100 mil cópias somente nos Estados Unidos. E nos charts mundo afora, o álbum ficou em 1° no Canadá, 2° na Austrália, 3° na “Billboard 200” e também na Finlândia, 5° na Suíça, 6° na Escócia, 7° no Reino Unido, 11° na Nova Zelândia, 12° na Áustria e Alemanha, 13° nos Países Baixos, 18° na Bélgica, 19° na Suécia, 21° na Dinamarca, 25° na Irlanda, 32° na Hungria, 55° na França, 69° no Japão e 84° na Itália.
Esse álbum é especial para este redator que vos escreve, pois foi o primeiro que eu dei atenção especial para a banda, muito em virtude de eu ter conhecido seus integrantes no ano de 2015, quando a banda veio se apresentar no Rock in Rio e se hospedou em um hotel que eu trabalhava. Então ouvi a banda e me tornei fã, lembro me até hoje das conversas com Randy Blythe e Willie Adler, além das inúmeras cervejas servidas para John Campbell.
Hoje é dia de celebrar esse petardo, escutando-o no volume máximo enquanto agradecemos pela existência desta maravilhosa banda, que segue na ativa lançando álbuns e fazendo shows, inclusive, tendo passado recentemente pelo Summer Breeze, quando arregaçou tudo, como se fosse um furacão. A banda segue afiada e nós desejamos longa vida ao Lamb of God.
VII: Sturm und Drang – Lamb of God
Data de lançamento – 24/07/2015
Gravadora – Epic/ Nuclear Blast
Faixas:
01 – Still Echoes
02 – Erease This
03 – 512
04 – Embers
05 – Footprints
06 – Overlord
07 – Anthropoid
08 – Engage the Fear Machine
09 – Delusion Pandemic
10 – Torches
11 – Wine and Piss (Bônus track)
12 – Nightmare Seeker (The Little Red House) (Bônus Track)
Formação:
Randy Blythe – vocal
Willie Adler – guitarra
Mark Morton – guitarra
John Campbell– baixo
Chris Adler – bateria
Participações especiais:
Chino Moeno – vocal em “Embers”
Greg Puciato – vocal em “Torches”