Há 33 anos, em 3 de setembro de 1990, o Judas Priest lançava o álbum mais popular da banda, pelo menos entre os fãs brasileiros. Estamos falando de “Painkiller“, décimo segundo álbum da discografia desta adorada banda britânica, um dos pilares do Heavy Metal e tema do nosso Memory Remains deste domingão, o primeiro do mês.
Lançado dois anos após o mediano “Ram it Down“, o aniversariante do dia marca o retorno da sonoridade que consagrou a banda nos anos 1980, porém, com um andamento mais rápido nas canções. E também registra uma mudança na formação: o baterista Scott Travis entrou no lugar deixado por David Holland. No mais, o lineup permanecia intacto e todas as músicas deste play foram creditadas ao trio Rob Halford, K.K. Dowing e Glen Tipton.
Para gravação do disco, foram utilizados dois estúdios: o Miraval Studios, na França e o Wisseloord Studios, nos Países Baixos. A banda ficou entre os meses de janeiro e março de 1990 gravando. A mixagem aconteceu no Wisseloord Studios e a masterização, foi no The Townhouse Studio, em Londres. Na produção estiveram o saudoso Chris Tsangarides, em conjunto com a própria banda.
Uma curiosidade que só veio a tona trinta anos depois é que em entrevista para a AntiHero Magazine no ano de 2020, o tecladista Don Airey afirmou que, embora ele seja creditado apenas por tocar teclado na faixa “Touch of Evil“, ele também gravou o baixo em todas as faixas. Isso porque Ian Hill não estava bem na época e para não atrasar as gravações e consequentemente, o lançamento do álbum, Airey foi escalado e desempenhou a função.
O álbum é relativamente curto, são 10 faixas em 46 minutos, que deixaram os fãs não só do Judas Priest, mas também do Heavy Metal em geral, bastante animados. Afinal de contas, desde “Defenders of the Faith” (1984), que a banda não lançava algo com bastante relevância. Nos dois álbuns que foram lançados antes de “Painkiller“, a aposta foi nos sintetizadores e os resultados foram aquém dos esperados. Há quem diga que “Painkiller” é uma referência da vertente Speed Metal, embora tal vertente já viesse sendo praticada há pelo menos uma década antes, por bandas como Motörhead, Anvil, Accept e Venom. Mas é fato que o nosso homenageado do dia influenciou outros nomes, por exemplo: Hammerfall, Gamma Ray, Primal Fear, entre outras.
O Judas saiu em turnê para divulgar o novo álbum e tocou em vários lugares do planeta, inclusive na icônica segunda edição do Rock in Rio, em 1991, na mesma noite em que tocaram Guns ‘N’ Roses, Megadeth, Queensryche, Lobão e Sepultura. Sim, caro leitor, o Judas subiu ao palco na mesma noite em que os headbangers receberam Lobão de forma nada amigável depois de uma apresentação destruidora do Sepultura e o cantor brasileiro achou que seria bom subir ao palco acompanhado de uma bateria de escola de samba. Naquela ocasião, duas músicas deste play foram tocadas, a faixa título e “All Guns Blazing“.
Findada a turnê, Rob Halford decidiu que era hora de sair da banda. Em 1992, ele comunicou aos companheiros a sua saída e rapidamente fundou o Fight, banda que lhe permitia explorar outras vertentes do Metal, como o Groove e até mesmo o Thrash. Ele voltaria à banda em 2003. O Judas Priest ficou algum tempo sem qualquer tipo de atividade, até que anunciaram a entrada do vocalista Tim “Ripper” Owens, que viria a gravar dois álbuns sendo a voz do Judas Priest: “Jugulator” (1997) e “Demolition” (2001).
A música “Painkiller“, que tem uma das introduções mais marcantes por conta da bateria desenfreada do estreante Scott Travis, é um dos grandes clássicos, não só dá banda, mas também do próprio Heavy Metal. E ganhou versões ao longo da década de 1990. A primeira, foi dos brasileiros do Angra, que quando convidados para o tributo ao Judas Priest, fez a sua versão e ainda a incluiu no EP “Freedom Call“, lançado em 1996. Andre Matos não decepcionou e teve uma performance que provavelmente deixou o Metal God embasbacado. Em 1998 foi a vez do Death, do nosso saudoso Chuck Schundiler, que gravou uma versão destruidora da música e a incluiu no álbum “The Sound of Perseverance” (1998), que fez aniversário recentemente e ganhou também nossa homenagem. Se você quiser conferir, pode fazê-lo clicando AQUI.
O álbum figurou nos charts mundo afora nas seguintes posições: 7° na Alemanha, 13° no Japão, 14° na Suíça, 15° na Finlândia, 19° na Noruega e na Suécia, 22° na Áustria, 26° no Reino Unido e na “Billboard 200“, 27° na Nova Zelândia, 29° no Canadá, além de um 60° lugar na Austrália. Foi ainda certificado com Disco de Ouro no Canadá, Japão e Estados Unidos.
Hoje é dia de celebrar essa obra de arte do Heavy Metal e também de ficarmos orgulhosos. Somos seres humanos de muita sorte, pois em milhares de anos de existência humana no planeta, nós tivemos a honra de viver na mesma época que o Judas Priest. E eles estão ainda na ativa, fazendo shows e lançando álbuns, coisa que aliás, eles estão nos devendo desde 2018 quando lançaram o ótimo “Firepower“. Enquanto o novo play não é lançado, a gente vai ouvindo “Painkiller“. De preferência no volume máximo.
Painkiller – Judas Priest
Data de lançamento – 03/09/1990
Gravadora – Columbia
Faixas:
01 – Painkiller
02 – Hell Patrol
03 – All Guns Blazing
04 – Leather Rebel
05 – Metal Meltdown
06 – Night Crawler
07 – Between the Hammer & the Anvil
08 – A Touch of Evil
09 – Battle Hymn
10 – One Shot at Glory
Formação:
Rob Halford – vocal
K.K. Dowing – guitarra
Glen Tipton – guitarra
Ian Hill – baixo
Scott Travis – bateria
Participação especial:
Don Airen – teclado em “Touch of Evil”