Há 41 anos, em 28 de outubro de 1982, o Kiss lançava “Creatures of the Night“, o décimo álbum deste quarteto amado por tantos e que é tema do nosso Memory Remains deste sábado, o último do mês de outubro.
O aniversariante do dia marca o retorno do Kiss ao Hard Rock, vertente que a banda havia abandonado em seus lançamentos anteriores, “Dynasty” (1979) e “Unmasked” (1980). Estes álbuns flertaram com a música pop, fazendo com que eles perdessem boa parte dos fãs nos Estados Unidos. É também o último álbum a ser lançado pela Casablanca Records, que até então havia sido o único selo que o Kiss havia lançado seus discos.
Outro álbum que não foi tão bem sucedido foi o último antes do nosso homenageado, “Music From the Elder“. Considerado o ponto mais baixo da carreira dos mascarados, o play provocou uma reflexão futura de Paul Stanley, no livro “Kiss: Por Trás das Máscaras”. Aspas para ele:
“Meus sentidos me diziam que devíamos fazer um disco heavy metal e voltar às origens, mas Paul e Gene não concordavam comigo. Eles queriam fazer um álbum-conceito com (o produtor Bob) Ezrin e eu estava sempre contra o projeto inteiro, mas meu voto foi vencido. Aqui estou eu numa das maiores bandas do mundo e me sinto como se tivessem me castrado porque não podiam ter ignorado o meu voto.”
O álbum é dedicado a Neil Bogart, o fundador do selo, que morreu em decorrência de câncer, durante as gravações do disco.A essa altura, Bogart havia vendido o selo para a Polygram e com isso o Kiss firmou contrato com a Mercury, braço da mesma Polygram, que por sua vez devolveu a banda para o selo antigo. É também o último álbum a contar com os créditos para o guitarrista Ace Frehley. Ele não tocou nenhuma nota neste álbum, mas aparece inclusive na foto da capa. A capa, aliás, foi a última a mostrar a banda mascarada. Depois, eles só voltariam a estampar uma capa com a mesma imagem no álbum “Psycho Circus” (1998).
Sobre Frehley, ele foi mantido na foto da capa por razões comerciais e contratuais. Ele já fazia bastante pressão para que o Kiss fizesse um álbum de Rock desde “Dynasty“. Além disso, ele enfrentava problemas como depressão, alcoolismo e dependência química de remédios, que passaram a ser usados por ele desde que sofreu um acidente automobilístico. Na prática ele já estava de fora desde as sessões de gravação, mas o anúncio se sua saída foi feito somente depois do lançamento do álbum e de uma pequena turnê pela Europa. No estúdio, o Kiss, oficialmente era um trio.
Um dos elementos importantes para que a banda voltasse às duas origens, foi o fato de o guitarrista Vinnie Vincent. O cara chegou com contribuições que ajudaram a dar peso ao disco. Ele gravou o álbum e depois que anunciaram a saída de Ace Frehley, ele pôde ser efetivado como o novo guitarrista. O estilo do baterista Eric Carr também colaborou, pois ele era inspirado no jeito de John Bonham de tocar. Paul Stanley chegou a afirmar que “o Kiss havia virado uma banda de Heavy Metal”. Eles se juntaram em três estúdios, durante os meses de julho e setembro de 1982. O Record Plant e o Record One, ambos em Los Angeles e também no Media Sound, em Nova Iorque. Michael James Jackson atuou na produção, sendo acompanhado da dupla Gene Simmons e Paul Stanley. Simmons explicou o título do álbum em uma entrevista no ano de 1982. Aspas para ele:
“Basicamente, sentimos que todo mundo é uma criatura da noite. Estamos todos menos inibidos e todos somos vampiros. A noite faz as pessoas se sentirem livres e, em seguida, pelo luz fria do amanhecer, rastejamos para nossos caixões para nos comportarmos como pessoas normais durante o dia.”
O álbum contou com alguns convidados: os guitarristas Robben Ford, Steven Farris e Adam Mitchel contribuíram em algum momento com bases e solos. Gene Simmons se recusou a gravar algumas partes de seu baixo, pois estava mal pelo final de seu casamento com Diana Ross e foi substituído em algumas faixas por Jimmy Haslip e Mike Porcaro. Em contrapartida, Simmons gravou as guitarras na música “War Machine“. O guitarrista Bob Kulick também foi solicitado, mas o próprio afirmou que nenhum de seus takes foram utilizados no disco. As sessões de gravações foram bastante conturbadas.
Em 38 minutos temos um bom álbum que se não recuperou o sucesso comercial dos álbuns anteriores, ao menos traz bons momentos como a faixa título, “Danger” e “Love It Loud“, esta última, pessoalmente, uma das minhas favoritas do grupo e olha que o Kiss está longe de figurar entre as minhas bandas favoritas, porém, meu respeito por este grupo é imenso. O álbum foi bem recebido pela crítica e eles precisavam dar uma resposta após álbuns que não foram bem sucedidos.
Nos charts, o álbum teve performances bastante discretas: 22° na Suécia e no Reino Unido, 31° na Noruega, 33° na Austrália, 34° na Holanda, 39° no Japão, 42° na Alemanha e 45° na “Billboard 200“. Foi certificado com Disco de Ouro, pasme, caro leitor, no Brasil em 1983, por ter vendido cem mil cópias. E nos Estados Unidos, ganhou também o Disco de Ouro, porém, o feito foi conquistado somente no ano de 1994.
No ano de 1985, “Creatures of the Night” foi relançado com uma capa alternativa, onde mostra a foto da banda com a formação naquela altura, com o guitarrista Bruce Kulick. Ele permaneceu no Kiss entre os anos de 1984 e 1996. Você pode conferir a imagem da capa desta versão abaixo.
Hoje é dia de celebrar esse belo play, que já está na casa dos álbuns de Rock com mais de 40 anos. A banda que vem fazendo uma despedida que ninguém leva muito a sério tem um importante papel na cena e merece ser lembrada pelo seu legado. Se eles vão parar ou não, nós não sabemos. Mas a importância deste quarteto para a música pesada é imensurável.
Creatures of the Night – Kiss
Data de lançamento – 28/10/1982
Gravadora – Casablanca Records
Faixas:
01 – Creatures of the Night
02 – Saint and Sinner
03 – Keep me Comin’
04 – Rock and Roll Hell
05 – Danger
06 – Love It Loud
07 – I Still Love You
08 – Killer
09 – War Machine
Formação:
Gene Simmons – vocal/ baixo/ guitarra base em “War Machine”
Paul Stanley – vocal/ guitarra base
Eric Carr – bateria/ percussão
Ace Frehley – guitarra (ele foi creditado mas não tocou)
Participações especiais:
Vinnie Vincent – guitarra solo em “Keep me Comin‘”, “Danger” e “War Machine” e guitarra em “Love It Loud“, “Saint and Sinner” e “Killer”
Roben Ford – guitarra solo em “I Still Love You” e guitarra em “Rock and Roll Hell”
Steve Farris – guitarra em “Creatures of the Night”
Jimmy Haslip – baixo em “Danger”
Mike Porcaro – baixo em “Creatures of the Night”
Adam Mitchel – guitarras adicionais em “Creatures of the Night”
Dave Witman – backing vocal em “Love It Loud“