Sempre que o Chris Stapleton acena ao mundo com um disco novo, recomenda-se, no mínimo, reservar um tempo para apreciar o que ele tem a dizer, e a tocar. E, claro, ele tem muitos poderes para se declarar de ambas as formas.
Bem, o momento de respeitar essa pausa chegou na última sexta, 10 de novembro, logo pela manhã, quando um certo streaming me notificou do lançamento de “Higher”, quinto álbum de inéditas dessa estrela, que de tanto brilhar, se tornou um dos artistas americanos mais populares do momento e o maior astro do country e southern rock do planeta, sem dúvidas.
E essa fama de “todo poderoso” não se deu à toa. Além de ter colaborado com inúmeros artistas e de já ter vencido o Grammy Awards por oito vezes, ele já foi indicado em duas categorias para a premiação que acontecerá em 2024 (melhor performance solo de country e melhor música country), graças a ele, “Higher”, o disco que estou nesta dissertação sem meias palavras.
E para abrir este álbum, Chris escolheu “What Am I Gonna Do”, uma balada linda – e deprimida – composta em parceria com Miranda Lambert, outra grande artista americana. Ao meu ver, não havia canção melhor para puxar a fila de apresentação das demais.
“South Dakota” é um blues country magnífico, com solos limpos, uma letra caótica e “staring down the devil, but I’m scared to death”, verso maravilhoso.
Escrita em parceria com o artista escocês Steve McEwan, que também é vencedor de Grammy, “Trust” é uma canção que aborda a confiança no amor verdadeiro e os caminhos que o tempo indica para validar a felicidade.
Apesar da profundidade vocal e arranjos melódicos, “It Takes a Woman” é uma canção um pouco menos inspirada, porque aqui ele canta o que todo mundo canta, sem muito brilho. Ainda assim, gosto!
“The Fire”, que foi escrita em companhia da esposa, Morgane Stapleton, é o retrato do fogo da paixão e os feitiços que ele causa. O arranjo é um pouco “normalzinho”, mas a letra agrada bastante.
Talvez a faixa mais pop do disco, “Think I’m In Love With You” tem um arranjo de cordas apaixonante, com uma letra que fala de paixão o tempo todo. O homem é muito trovador!
E por falar em paixão, amor e todos os sentimentos bonitos que podemos alimentar por outra pessoa, “Loving You On My Mind” é certeira. Tem falsetes que lembram muitas sonoridades, como o rock, soul e, até, gospel.
Escrita em parceria com Dan Wilson (Semisonic), “White Horse” é a canção do disco que pode lhe render um Grammy em 2024, já que foi indicada à categoria de melhor música country. E essa faixa é espetacular do arranjo ao posicionamento vocal. É um torpedo de amor e insegurança fulminante. Uau!
Em “Higher”, temos uma balada com letra potente que mostra um Chris falando do amor e a forma como esse sentimento pode te levar para o alto, para longe! Esse trecho não me deixa mentir: “your love’s the sunrise that turns my night into day, it gives me wings and lets me fly away”.
Bêbado, apaixonado e de coração partido. Em “The Bottom”, que é uma das minhas faixas favoritas, Chris entrega uma música empolgante, com um arranjo fluído e a voz meio embriagada dizendo: “The bottle holds the whiskey. The whiskey holds the man. The man holds the bottle when it’s all that’s left”. Isso é poesia sofrida, perfeita para recitar em balcões de bares.
Quase no final do disco temos “The Day I Die”, faixa que trata o amor eterno, alimentado por alguém que não se importa. É mais do mesmo, mas soa legal.
Em “Crosswind”, Chris levanta a voz em apoio aos caminhoneiros que são mal remunerados e rodam quilômetros na estrada, flertando com o perigo e longe do amor da família. Ou seja, é uma canção de protesto, né.
“Weight Of Your World”, penúltima faixa do álbum, é uma das letras mais inspiradas de Chris e, também, do mundo da música. Fala de proteção, de amor e da responsabilidade que devemos ter com as fragilidades e medos de alguém. Deixo aqui um trecho do qual gosto muito: “When it’s hard to breathe, when the right seems wrong, I’ll be the hand that helps you along”. Cuidemos uns dos outros. É isso!
“Mountains of My Mind” encerra o disco com chave de ouro. É um folk poderoso, que fala das dificuldades que temos ao lidar com traumas da mente, como perdas e frustrações não superadas.
Enfim, esse faixa a faixa é uma forma de dizer que o moço de Nashville é genial e nos entrega um disco poderoso, cheio de sentimentos explícitos e arranjos que só Chris Stapleton é capaz de nos oferecer. E, sim, é um dos grandes discos do ano!