Há exatos 20 anos, em 10 de fevereiro de 2004, Dave Grohl, um fã confesso de Heavy Metal, lançava seu álbum na vertente mais pesada do Rock e o Probot é tema do nosso Memory Remains deste sábado de carnaval. Aqui nosso bloco é de música pesada.
No início dos anos 2000, Dave Grohl havia passado de um mero coadjuvante como baterista do Nirvana (N. do R: aqui não estamos menosprezando as virtudes dele enquanto músico, pois ele era, disparado, o mais técnico daquele trio) à um rockstar. Desde que superou a depressão e a falta de vontade de fazer música depois da morte de Cobain, quando gravou o primeiro álbum do Foo Fighters sozinho. Sua banda já era uma das maiores de sua geração e em um primeiro momento, ele não precisava sair de sua zona de conforto e gravar um álbum de Heavy Metal. E o projeto nasceu de forma despretensiosa.
Durante uma pausa da turnê que o Foo Fighters fazia para promover seu álbum “There’s Nothing Left to Lose“, Dave Grohl se juntou ao produtor Adam Kasper e começou a gravar alguns riffs mais pesados, pois apesar de sua carreira musical ter sido dedicada ao Rock Alternativo, ele alimenta uma devoção muito grande pelo Heavy Metal. Então, ele gravou riffs e os batizou de “Probot“, para diferenciar do material de sua banda principal. Em um primeiro momento, ele gravava guitarra, baixo e bateria, que no primeiro momento se parecia com um esboço de músicas, como o próprio Dave declarou certa vez:
“Eu nem as chamei de músicas porque eram apenas instrumentais, sem intenção de colocar vocais nelas e sem direção como uma música real.”
Um total de 7 faixas foram gravadas durante esse período de quatro dias. Guardou as fitas e depois de algum tempo, ele se inspirou em Carlos Santana, mais precisamente no álbum “Supernatural“, e teve a ideia de juntar seus cantores favoritos e das bandas que ele ouvia lá nos anos 1980… A lista inclui bandas como Trouble, Voivod, Motörhead, Venom e até mesmo Sepultura, de quem Dave é fã incondicional, tendo inclusive, escrito o prefácio da autobiografia de Max Cavalera, “My Bloody Roots“, onde ele narra que estourou seu amplificador ao colocar o álbum “Roots” para tocar no volume máximo.
Ele tinha receio de que seu convite fosse rechaçado pelos astros do Heavy Metal, mas como recusar o convite de um sujeito tão gente boa como Dave Grohl? Cronos aceitou de cara e ainda contou que Dave lhe enviou um e-mail onde, antes de formalizar o convite, falou sobre sua devoção pelo Heavy Metal. Com a resposta positiva, o líder do Foo Fighters se juntou com Adam Kasper novamente e gravou mais cinco músicas. Como Grohl precisava voltar para cumprir as datas de turnê com o FF, Grohl deixou as coisas nas mãos de Matt Sweeney. Ele cuidou de trazer os músicos convidados e que eternizaram a obra.
A lista de convidados é extensa: Max Cavalera, Lemmy Kilmister, Cronos, Lee Dorrian, Kurt Bretch, Tom Warrior, Kim Thayil, Snake, King Diamond, Jack Black, entre outros. O resultado é um disco bastante divertido, com bons momentos e sem muita preocupação com uma sonoridade mais polida. Músicas como “Red War” e “Shake Your Blood“, com participações de Max Cavalera e Lemmy Kilmister, respectivamente, são os grandes destaques do play, que foi amplamente bem recebido pela crítica e público. Nos charts, o álbum entrou em 12° na Noruega, 32° na Finlândia, 34° no Reino Unido e na Austrália, 36° na Alemanha, 43° na Nova Zelândia, 59° na Bélgica, 68° na “Billboard 200” e 77° nos Países Baixos. Nada mal para um álbum com uma pegada bem underground e feito fora dos padrões do Foo Fighters.
O álbum seria lançado pela Rosewell, o mesmo selo do Foo Fighters, que por sua vez, tinha um acordo com a RCA para distribuir o play. Entretanto, Grohl, optou em manter o espírito underground do seu projeto. Grohl então aceitou a sugestão de seu amigo Pete Stahl, que indicou o selo de seu colega de banda, Greg Anderson. E o álbum foi lançado pela Southern Lord Recordings. A capa foi assinada por Away (Michael Langevin), músico do Voivod.
Era a estreia de Dave Grohl entre os Headbangers. Anos mais tarde, ele faria outro projeto de Metal, o Dream Widow, uma banda fictícia que atua no filme “Terror no Estúdio 666“. A banda em questão é o próprio Foo Fighters e o disco é excelente. E assim, Grohl se afirmou também entre o público mais radical do Heavy Metal. Ele é um Metalhead e enquanto nós aguardamos por mais projetos assim por parte dele, vamos celebrando os vinte anos deste verdadeiro petardo.
Probot – Probot
Data de lançamento – 10/02/2004
Gravadora – Southern Lord Recordings
Faixas:
01 – Centuries of Sin
02 – Red War
03 – Shake Your Blood
04 – Access Babylon
05 – Silent Spring
06 – Ice Cold Man
07 – The Emerald Law
08 – Big Sky
09 – Dictatosaurus
10 – My Tortured Soul
11 – Sweet Dreams
Formação:
Dave Grohl – guitarra/ baixo/ bateria
Participações especiais:
Cronos – vocal/ baixo
Max Cavalera – vocal
Lemmy Kilmister – vocal/ baixo
Mike Dean – vocal
Kurt Bretch – vocal
Lee Dorrian – vocal
Bubba Dupree – guitarra/ vocal
Scott Weinrich – vocal
Tom Warrior – vocal
Kim Thayil – guitarra
Erol Unala – guitarra
Snake – vocal
Eric Wagner – vocal
King Diamond – vocal
Jack Black – vocal/ guitarra
Matt Sweeney – vocal