Memory Remains

Memory Remains: Iron Maiden – 44 anos do álbum de estreia e as divergências com Dennis Stratton

14 de abril de 2024

Há 44 anos, em 14 de abril de 1980, estreava aquela que viria a se tornar o maior nome do Heavy Metal tradicional: estamos falando do Iron Maiden e de seu primeiro álbum, que é assunto do nosso Memory Remains deste domingo. Vamos contar um pouco das histórias que cercam o debut da Donzela.

Voltando um pouco no tempo, a banda, que foi formada no natal do ano de 1975 e após algumas mudanças na formação ao longo destes primeiros anos de sua existência, Steve Harris acabou por dar um pouco de abertura ao Punk no seu som, já que as gravadoras faziam tal pressão sobre a banda. Com a chegada do vocalista Paul Di’Anno, que tinha uma imagem mais ligada a este estilo. Em 1979, eles conseguiram um contrato com a EMI, contrato este que perdurou até 2013.

Até que, finalmente, em fevereiro de 1980, Ο quinteto adentrou ao “Kingsway Studios”, na região oeste da cidade de Londres, com a produção de Will Malone e de lá saíram com esta obra prima. Embora creditado, Will teria dito que não tinha interesse no material do Iron Maiden e este os deixou praticamente sozinhos no estúdio. Steve Harris disse que o álbum foi gravado em apenas 13 dias. Antes de terminarem o álbum praticamente sozinhos, eles tentaram dois produtores: Guy Edwards, foi dispensado por não ter conseguido agradar à banda com sua produção e Andy Scott foi demitido porque sugeriu um absurdo: que Steve Harris tocasse seu baixo… Usando uma palheta! Se tiver tomado justa causa, é pouco.

A curiosidade é que na versão britânica do álbum, e é desta que estamos a falar hoje, a música “Sanctuary“, que é uma das clássicas da banda, acabou não entrando no debut, mas saiu na versão estadunidense, que foi lançada em 17 de agosto de 1980 pela Capitol. Anos depois, o álbum foi remasterizado e relançado, tendo esta faixa incluída nas versões do mundo inteiro.

A bolacha é bem curta como um disco de Punk. Não só a duração, mas também a energia do álbum flerta com o movimento nascido em Londres poucos anos antes, ainda que Steve Harris negue a influência do estilo no álbum de estreia do Iron e ainda afirme que despreza tudo que tenha qualquer relação com o Punk Rock. Mas “Iron Maiden“, o álbum é bem divertido. Temos aqui faixas que marcaram época e ainda aparecem de vez em quando nos shows da banda como “Prowler“, “Running Free“, “Phantom of the Opera“, “Transylvania” e “Iron Maiden“. É diversão garantida escutar esse play.

Este disco é tão icônico que várias são as bandas que ou se inspiraram nele, ou fizeram versões covers para as músicas deste play: “Prowler” ganhou uma versão do Black Tide e também do Blind Guardian, no caso dos alemães, eles fizeram esta versão em uma de suas primeiras demos; no caso de “Remember Tomorrow“, ganhou homenagens de Metallica, Crowber, Opeth e Anthrax; “Running Free” ganhou homenagens do Grave Digger e Iron Savior. A faixa “Iron Maiden” foi executada por Tankard e Trivium. Já “Transylvania” ganhou uma versão do Iced Earth, na época que seu guitarrista, Jon Schaffer não se comportava como um fascista, invadindo o capitólio e atentando contra a democracia nos Estados Unidos.

Embora hoje aclamado e cultuado, “Iron Maiden” na época recebeu críticas mistas. Nos charts, desempenho modesto: 4° no Reino Unido, 10° na França e 36° na Suécia. A aparição mais recente em uma parada de sucesso foi no ano de 2021, quando figurou na 40ª posição em Portugal. Foi certificado com Disco de Ouro na Alemanha e no Japão, além de Disco de Platina no Canadá e no Reino Unido. Ainda está presente no famoso livro “Os 1001 Discos que Você Precisa Ouvir Antes de Morrer“, do autor Robert Dimery. Em 2017, a Rolling Stone compilou uma lista dos 100 Melhores Álbuns de Heavy Metal de todos os tempos e nosso aniversariante aparece na 13ª posição.

A banda saiu em turnê com o Judas Priest pelo Reino Unido e logo depois realizou sua própria excursão pela Europa, em que eles fizeram mais de cem apresentações que duraram mais de 8 meses naquele ano de 1980. Ainda neste período, a banda abriu alguns shows para o Kiss. Com um disco desses e fazendo abertura para duas bandas já gigantes, não tinha como dar errado. Ainda durante esta tour, o guitarrista Dennis Stratton, que recentemente esteve no Brasil tocando músicas do nosso aniversariante do dia, foi demitido por divergências que começaram ainda durante as gravações do play e em seu lugar entraria um certo Adrian Smith… Era o embrião da formação clássica do Iron Maiden se iniciando. O resto é história.

Hoje é dia de celebrar esse baita disco, escutando-o no volume máximo, enquanto aguardamos o novo encontro do Iron Maiden com os fãs brasileiros, que vai acontecer nos dias 6 e 7 de dezembro em São Paulo. Que sorte a nossa ter nascido na mesma época do Iron Maiden, não é mesmo, caro leitor?