Memory Remains

Memory Remains: Cannibal Corpse – 3 anos de “Violence Unimagined” e a pancadaria sonora durante a pandemia

16 de abril de 2024

Há 3 anos, em 16 de abril de 2021, em meio a pandemia de COVID-19, o Cannibal Corpse lançava “Violence Unimagined“, o álbum de número quinze da rica discografia dos reis do Death Metal e também é assunto do nosso Memory Remains desta terça-feira.

O aniversariante do dia é o que tem o maior intervalo entre dois álbuns do Cannibal Corpse. Foram quase quatro anos desde o seu antecessor, “Red Before Black” e este “Violence Unimagined“. Além da pandemia, outro fator foi determinante para essa demora: em 2018, o guitarrista Pat O’Brien foi preso depois de ter um surto psicótico e sair atirando e ateando fogo contra seus vizinhos. A banda esperou o quanto pôde, mas quando viu que Pat ficaria um bom tempo refletindo na cadeia sobre seu ato impensado, eles efetivaram Erik Rutan, com quem a banda já trabalhava como produtor e que estava ocupando a vaga nas datas que o Cannibal Corpse precisava cumprir. Desta feita, o álbum marca a estreia de Erik como guitarrista fixo da banda.

Os trabalhos de composição já começaram em 2019, enquanto a banda tocava nos quatro cantos do planeta. Durante o ano de 2020, o quinteto retornou ao estúdio “Mana Recording“, em St. Petersburg, na Flórida, o mesmo local onde o antecessor, “Red Before Black“, foi gravado. Desta feita, o local foi utilizado também para a mixagem. O baterista Paul Mazurkiewicz deu uma entrevista ao Wall of Sound, na qual teceu alguns elogios ao produtor e agora guitarrista da banda, Erik Rutan. Aspas para ele:

“Ele é um cara legal, um ótimo trabalhador, um ótimo guitarrista. Ele escreveu ótimas músicas e tem sido um desafio tocar seu material e se divertir. para aprender a opinião de outra pessoa sobre como Cannibal Corpse soaria aos olhos deles. Tem sido positivo tê-lo com certeza.”

“Violence Unimagined” faz jus ao título que lhe foi dado, não só pelas composições, extremamente agressivas, mas também pelos títulos das músicas: não é novidade o Cannibal Corpse escolher títulos que costumamos escutar no IML ou em filmes de terror Trash. Quem conhece a banda, ou fica estarrecido ou morre de rir de temas com títulos tipo “Eu G*zo Sangue” (“I Cum Blood“), “Fo**da com uma Faca” (“Fucked With a Knife“), “Galeria de Suicidas” (“Gallery of Suicide“) ou “Orgasmo sob Tortura” (“Orgasm Through Torture“). Eu pertenço ao grupo dos que riem destes temas, porque são tão surreais que não me causam outro sentimento a não ser gargalhar. Mas aqui os temas estão mais sombrios como “Fúria Assassina”, “Serrado Lentamente” ou “Cerque, Mate, Devore”, só para o leitor ter uma ideia de que a violência aqui é de fato inimaginável. Para quem curte filmes de terror em forma de Death Metal, é um prato cheio.

Bolacha rolando, temos onze faixas em 42 minutos de duração. O Cannibal Corpse continua letal em sua sonoridade, porém, aqui eles tiraram o pé do acelerador de forma brusca. As músicas, em sua maioria estão mais arrastadas, mas nem por isso menos brutais. Os grandes destaques são “Inhumane Harverst“, “Murderous Rampage“, “Necrogenic Ressurrection“, “Surround, Kill, Devour“, “Follow the Blood” e “Condemnation Contagion”. A produção segue caprichada e o Cannibal Corpse segue virtuoso. Quem acha que no Death Metal não tem virtuosismo, precisa urgentemente escutar a banda, e os álbuns mais recentes. Erik Rutan fez bem seu papel, ainda que os riffs de Pat O’Brien ainda façam muita falta.

O álbum foi muito bem recebido pela crítica, que em geral o classificou entre os melhores lançamentos de 2021. O público também respondeu de forma muito positiva. Nos charts, a resposta também foi muito positiva: 5° na Áustria e na Suécia, 6° na Alemanha, 7° na Suíça, 9° na Escócia, 12° na Finlândia, 27° na Polônia, 28° na Austrália, 45° na “Billboard 200”, 51° na Bélgica, 52° nos Países Baixos, 53° no Canadá, 60° na Itália, 81° no Reino Unido, 105° no Japão e 132° na França.

Como estávamos em meio a pandemia, as bandas não saíram para excursionar, e tanto os fãs quanto a própria banda tiverem de esperar. Entretanto, com a flexibilização das medidas restritivas, o Cannibal Corpse aos poucos foi saindo e o público foi conhecendo o poderio das músicas do novo álbum. Em 2022, eles passaram pelo Brasil e como sempre, arrastam uma multidão. Eles passaram sem grandes sustos por esse período obscuro da nossa história e seguem fazendo seu Death Metal. E hoje é dia de celebrarmos essa linda bolacha, enquanto aguardamos uma passagem da banda para nos apresentar as músicas de seu mais novo play, o não menos poderoso “Chaos Horrific“. Longa vida aos reis do Death Metal.