Há 32 anos, em 11 de maio de 1992, o Iron Maiden lançava “Fear of the Dark“, o nono álbum da banda mais influente do Heavy Metal e que é assunto do nosso Memory Remains deste sábado.
Na época, o Iron Maiden ainda era um quinteto e vinha de um álbum não muito bem sucedido, “No Prayer for the Dying” é de fato, dotado de muito pouca inspiração. Bruce Dickinson, havia lançado um ano antes o seu primeiro álbum solo, “Tattoed Millionarie” e reza a lenda de que Steve Harris havia colocado o vocalista contra a parede: ou ele se dedicava ao Iron ou a sua carreira solo. Bruce então resolveu fazer seu voo solo. E como bom comandante que é, de voo ele entende bem.
Assim sendo, ele determinou que este seria seu último álbum pelo Iron. Mas não era apenas gravar um álbum e ir embora. Uma grande turnê foi preparada para que os fãs pudessem se despedir da voz que marcou uma mudança fundamental naquele Iron Maiden dos primórdios e que ajudou a banda a se transformar nessa instituição do Heavy Metal que é hoje. A banda encabeçou o Monsters of Rock, para os mais novos, o equivalente ao Wacken atual. E é emocionante a devoção dos fãs dando adeus ao frontman.
Eis que a banda se juntou para gravar o aniversariante do dia, no mesmo Rolling Stones Mobile Studio, rebatizado Barnyward Studios, montado em uma fazenda pertencente a Steve Harris e onde o álbum antecessor foi gravado. As sessões começaram ainda em 1991 e foram até abril de 1992. Como os resultados daquele álbum não foram nada satisfatórios, restou ao manda-chuva da banda fazer reformas nas instalações, que não melhorou muito, como conta Bruce Dickinson:
“(houve) uma pequena melhora porque Martin [Birch] veio e supervisionou o som. Mas havia grandes limitações no estúdio – simplesmente devido ao tamanho físico, coisas assim. Na realidade não terminou tão mal, mas, você sabe, um pouco abaixo da média”.
Esse trabalho foi um marco na carreira do produtor e parceiro de longa data da Donzela, Martin Birch: foi o último disco a ser produzido pelo cara, que se aposentou logo depois e nos deixou no ano passado. Outra novidade diz respeito à arte da capa, a primeira que não contou com a assinatura de Derek Riggs, que teve seus rascunhos rejeitados pela banda, que optou pela proposta de Riggs. E é uma bela capa, provavelmente, uma das mais belas que ele já desenhou para a Donzela.
Bolacha rolando, temos 58 minutos e 12 canções. Apesar de não ter feito tanto esforço, o álbum é infinitamente superior ao seu antecessor. Mas também está a milhas de figurar entre os grandes clássicos da banda. Tem boas canções, como “Be Quick or be Dead“, “Afraid to Shot Strangers“, “Wasting Love” e claro, a faixa-título, que é cantada em uníssono até os dias atuais quando a banda se apresenta.
“Fear of the Dark” tem seus bons momentos e marcou aquele que muitos apostavam como sendo o álbum derradeiro com Bruce Dickinson, uma vez que ele engatou uma sólida carreira solo e, apesar de a passagem de seu substituto, Blaze Bayley ter sido um tanto quanto catastrófica (para os fãs que não aceitavam o cara de maneira alguma), poucos apostavam em um retorno do vocalista para a banda que o consagrou. O futuro nos mostraria, apenas 7 anos depois, que o lugar de Bruce era como comandante do Ed Force One, e principalmente, cantando ao lado dos seus velhos companheiros.
A turnê passou por quatro continentes do Globo e até mesmo o Brasil foi contemplado com três apresentações: o Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, o estádio do Palmeiras, à época chamado de Palestra Itália ou Parque Antarctica, hoje completamente reformulado e que atende pelo nome de Allianz Parque e o ginásio do Gigantinho, em Porto Alegre foram os três afortunados locais que receberam os últimos shows com Bruce Dickinson no comando. Cinco das doze músicas de “Fear of the Dark” marcaram presença no setlist daquela turnê, que começou em 3 de junho de 1992, em Norwich, Inglaterra e se estendeu até o dia 4 de novembro daquele mesmo ano, em Tóquio, Japão.
“Fear of the Dark” foi o terceiro álbum do Iron Maiden a alcançar o topo das paradas britânicas; o álbum teve também boas performances na Finlândia, onde alcançou o 4º lugar, na Suíça (5°), Alemanha e Suíça (6°), na Áustria e na Suécia (8°), no Japão e na Austrália (11º) e na famosa “Billboard 200“, onde alcançou a posição de número 12. “Be Quick or be Dead“, lançada como single, ficou em 2º no Reino Unido e em 3º na Noruega. Alem disso, a banda foi premiada com Disco de Ouro no Canadá, França e no Reino Unido. É o álbum da Donzela mais vendido nos Estados Unidos. Até o ano de 2008, foram vendidas quase 500 mil cópias.
No ano de 2011, o álbum ganhou mais um reconhecimento: a revista “Guitar World” compilou uma lista com os melhores álbuns com guitarra por ano e “Fear of the Dark” chegou ao honroso 8º lugar. Um grande feito, ainda mais se considerarmos que a vertente da música pesada em evidência naquele momento era o Grunge: bandas como Pearl Jam, Alice in Chains, Nirvana e Soundgarden estavam na crista da onda naquele momento e mantendo o Rock nas rádios e na MTV. Tudo bem que o Iron Maiden não não é nem nunca foi uma banda radiofônica, pensará o fã ao ler estas linhas, mas ainda assim, nadando contra a corrente, o quinteto liderado por Steve Harris mostrava bons resultados.
Hoje é dia de celebrar mais um aniversário deste play. Bruce Dickinson retornou em 1999 e já está há mais tempo do que quando de sua primeira passagem. E o melhor é que ele está conciliando sua carreira solo com a caminhada no Iron Maiden. Recentemente ele esteve pelo Brasil, fazendo shows e até deu entrevista para Pedro Bial na TV Globo. E em dezembro, o Iron Maiden retornará mais uma vez ao Brasil, para duas datas em São Paulo. Que possamos ter o Iron Maiden entre nós por mais alguns anos…
Fear of the Dark – Iron Maiden
Data de lançamento – 11/05/1992
Gravadora – EMI
Faixas:
01 – Be Quick or be Dead
02 – From Here to Eternity
03 – Afraid to Shoot Strangers
04 – Fear is the Key
05 – Childhood’s End
06 – Wasting Love
07 – The Fugitive
08 – Chains of Misery
09 – The Apparition
10 – Judas be my Guide
11 – Weekend Warrior
12 – Fear of the Dark
Formação:
Bruce Dickinson – vocal
Steve Harris – baixo
Dave Murray – guitarra
Janick Gers – guitarra
Nicko McBrain – bateria
Participação especial:
Micheal Kenney – teclado