Memory Remains

Memory Remains: Rush – 22 anos de “Vapor Trails” e as tragédias familiares de Neil Peart

14 de maio de 2024


Há 22 anos, em 14 de maio de 2002, o Rush lançava “Vapor Trails“, o 17° álbum da rica discografia deste, que é o maior Power-trio da história da música, e, claro, tema do nosso Memory Remains desta terça-feira.

Este álbum encerra o maior jejum entre álbuns do Rush: foram seis anos entre o antecessor, o excelente “Test For Echo” e o nosso aniversariante do dia. Desde o álbum de estreia até a década de 1990, o Rush lançava álbuns com uma frequência média de dois anos. Mas “Vapor Trails” quase não viu a luz do dia e nós lhe explicaremos mais abaixo o porquê disso.

Quando a banda encerrou a turnê de divulgação do álbum “Test For Echo“, em julho de 1997, o baterista Neil Peart passou por um dos piores momentos de sua vida. Ele simplesmente perdeu a sua filha, Selena, em agosto de 1997 e logo depois a sua esposa, Jackie, em junho de 1998. Isso fez com que a banda entrasse em um hiato forçado para que seu baterista/ letrista pudesse se recuperar e muito se falou no final prematuro da banda, já que ele falou para seus companheiros que ele estava aposentado da música. No entanto, Neil Peart subiu em sua moto e resolveu sair pelas estradas da América do Norte, sem rumo, onde percorreu mais de 80 mil km a bordo de sua motocicleta.

Mas as coisas mudaram no ano de 2000, quando Geddy Lee concedia uma série de entrevistas para divulgar seu álbum solo, “My Favourite Headcache”, que a banda iria se reunir em janeiro de 2001 para começar a escrever novas canções e gravar um novo álbum com o Rush, o que animou a todos os fãs do mundo inteiro. Eles de fato se reuniram em janeiro de 2001, mas durante três semanas eles não tocaram nem escreveram nada. Apenas discutiam como deveria ser o novo álbum e procuraram sentir como seria o clima estando os três juntos novamente.

E assim eles decidiram que iriam seguir o cronograma de 3 semanas de trabalho com uma semana de folga. Eles foram para um estúdio e lá se dividiram, ficando Geddy Lee e Alex Lifeson em uma sala, trabalhando nos arranjos, enquanto Neil Peart ficava em outro lugar, trabalhando nas letras. Somente os três e mais um assistente técnico. Peart terminou suas letras, mas os outros dois não haviam escrito nada. Então resolveram tirar algumas semanas a mais de folga e quando voltaram, conseguiram terminar os esboços que deixaram antes do período de descanso.

Em agosto de 2001, o trio adentrou ao Reaction Studio, em Toronto, Canadá, por onde permaneceram entre os meses de agosto e novembro de 2001. A produção é assinada por Paulo Northfield, tendo a banda atuando na co-produção. O álbum foi mixado no estúdio Metalworks e masterizado no Masterdisk. A grande novidade de “Vapor Trails” foi que pela primeira vez desde “Caress of Steel“, que a banda abriu mão do uso dos sintetizadores. Então, aqui temos timbres de guitarras ainda mais crus do que os que encontramos em “Test For Echo” e “Counterparts“, os dois álbuns anteriores da banda.

Bolacha rolando, temos um bom álbum como quase sempre o Rush nos presenteou. São 13 faixas em 67 minutos. Boas faixas como “One Little Victory“, “Secret Touch” e “Ghost Rider” são os grandes momentos do play, que peca somente na produção, que foi criticada pela própria banda, devido ao volume extremamente alto. Alex Lifeson falou certa vez sobre. Aspas para ele:

“Foi uma competição, e foi dominado muito alto, e estala, e cospe, e simplesmente esmaga tudo. Toda a dinâmica se perde, principalmente qualquer coisa que contenha um violão”.

O play teve uma aparição bem discreta nos charts ao redor do mundo, com destaque para o 3° lugar no Canadá e 6° na “Billboard 200”. Ficou em 11° na Finlândia, 18° na Suécia, 20° na Alemanha, 38° no Reino Unido, 47° nos Países Baixos e 150° na França. Foi certificado com Disco de Ouro no Canadá.

Álbum lançado, era hora de a banda cair na estrada. E os fãs brasileiros foram os afortunados, pois além de a banda ter feito seus primeiros shows por aqui, foi em uma apresentação mágica no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, em 23 de novembro de 2002, que o Rush gravou e lançou em CD triplo e DVD o álbum “Rush in Rio“. Uma honra para nós.

Depois disso, o Rush lançaria apenas mais dois álbuns, mas fez muitos shows, com outras vezes tocando em nosso país, e lançaram mais alguns álbuns ao vivo, até que a banda encerrou as atividades, que em um primeiro momento ninguem entendeu direito, mas quando Neil Peart veio a falecer, em janeiro de 2020, tudo se explicou. A banda parou, pois o baterista estava com câncer e muito reservado que ele era, só foi divulgado depois de sua partida.

Hoje é dia de celebrar esse play, com uma ponta de esperança, já que as notícias de que Geddy Lee e Alex Lifeson estão se reunindo para tocar, não sabemos ainda se utilizando o nome Rush. De qualquer forma, é uma alegria imensa saber que esses jovens senhores ainda mantém a paixão pela música. Enquanto aguardamos o desfecho dessa reunião, a gente vai ouvindo esse play no volume máximo.

Vapor Trails – Rush

Data de lançamento – 14/05/2002

Gravadora – Anthem

 

Faixas:

01 – One Little Victory

02 – Ceiling Unlimited

03 – Ghost Rider 

04 – Peaceable Kingdom 

05 – The Stars Look Down 

06 – How It Is 

07 – Vapor Trail

08 – Secret Touch

09 – Earthshine

10 – Sweet Miracle 

11 – Nocturne

12 – Freeze (Part IV of “Fear”)

13 – Out of the Cradle

 

Formação:

Geddy Lee – baixo/ vocal

Alex Lifeson – guitarra/ violão

Neil Peart – bateria/ percussão