Memory Remains

Memory Remains: Napalm Death – 30 anos de “Fear, Emptiness, Despair” e os conflitos entre Mark Barney e o restante da banda

31 de maio de 2024

Há 30 anos, em 31 de maio de 1994, o Napalm Death lançava “Fear, Emptiness, Despair“, o álbum de número cinco da discografia dos reis do Grindcore e que é assunto do nosso Memory Remains desta sexta-feira. Sextou!

Nosso trintão é marcado pela transição sonora que a banda projetava à época, e essa transição ficou ainda mais aflorada no álbum posterior, “Diatribes” (1996). Entretanto, em “Fear, Emptiness, Despair” já é possível identificar elementos do Groove com muita intensidade, o que não significa que o quarteto tenha abandonado a agressividade. O baixista Shane Embury citou o álbum “Strap It On“, do Helmet como grande influência para o aniversariante do dia.

Em um primeiro momento, o álbum iria se chamar “Under Rule” e marca o início de uma parceria da Earache Records com a Columbia, que fez a distribuição do play. Shane Embury deu uma entrevista em 2017, onde afirmou ser este o álbum menos favorito da banda. Ele creditou isso à influência corporativa sobre a banda e a divisão entre Mark “Barney” Greenway e o restante do grupo. Essa divisão faria com que Napalm Death e Extreme Noise Terror trocassem de vocalistas no ano seguinte, mas em 1997, a troca foi desfeita e Mark “Barney” segue com o Napalm Death até os dias atuais.

A banda se reuniu para as gravações e dois estúdios foram utilizados em dois períodos diferentes: entre outubro e novembro de 1993, o quinteto se instalou no Parr St. Studios, em Liverpool e depois eles foram para o Jacob Studios, localizado em Surrey, entre os meses de novembro e dezembro de 1993. A produção é de Pete Coleman, com a própria banda atuando na co-produção. A mixagem ficou a cargo de Colin Richardson, que havia sido o produtor do álbum anterior, “Utopia Banished“.

Bolacha rolando, o Napalm Death nos brinda com onze faixas em 38 minutos. O Grindcore não foi deixado de lado, apenas ficou mais lapidado e ganhou contornos modernos. O álbum conta com excelentes canções, como “Plague Rages“, “More Than Meets The Eye” e “Twist The Knife (Slowly)”, esta última, inclusive, foi parte da trilha sonora do filme Mortal Kombat, que chegou ao top 10 da “Billboard 200” e ganhou disco de Platina, ajudando a fazer o Napalm Death mais conhecido, e, consequentemente, elogiado.

O álbum recebeu boas avaliações dos críticos. A All Music deu 4,5 estrelas em uma escala de 5; a Kerrang!, que utiliza o mesmo critério avaliativo, deu 4 estrelas ao play; a Rock Hard e a Metal.de deram ao álbum nota 9.0 e só a Spin deu uma nota um pouco inferior, 6.0. em geral, o “Fear, Emptiness, Despair” foi bem aceito pelos fãs e chegou ao 72° lugar nas paradas germânicas, além de um 22° na “Heatseekers Albuns”, subcategoria da “Billboard”.

O quarteto saiu em turnê, onde tocou com bandas como o Entombed, Obituary e Machine Head. Neste meio tempo, as desavenças entre Mark “Barney” Greenway e os demais membros se tornaram mais afloradas e houve o troca-troca com o Extreme Noise Terror. Antes dessa troca, ele ainda gravou o álbum seguinte, o polêmico “Diatribes”. O vocalista Phil Vane ficou por pouco tempo, mas, como dito anteriormente, Barney voltou ao posto que nunca mais deixou.

Enfim, temos um álbum esquecido pela própria banda, visto que eles não tocam músicas gravadas aqui há um bom tempo. Mas “Fear, Emptiness, Despair” tem o seu valor e sua importância e por isso deve ser celebrado, afinal, são trinta anos. Hoje é dia de escutar esse petardo no volume máximo. O Napalm Death é uma instituição da música extrema, não só pela sua sonoridade, mas pela sua mensagem antifascista e preocupada com as minorias e a igualdade social. Quem os viu no Summer Breeze Brasil do ano passado, lembra do recadinho que Mark “Barney” Greenway mandou ao ex-presidente, hoje inelegível… Aquele “Fuck Bolsonaro” foi só uma prova do quanto eles aprenderam a essência do Rock e jamais se irão se curvar diante de governantes autoritários. O Napalm Death orgulha os democratas.