Memory Remains

Memory Remains: Rush – 12 anos de “Clockwork Angels” e o último ato do maior power-trio da história da música

12 de junho de 2024


Há 12 anos, em 12 de junho de 2012, o Rush escrevia o capítulo final de sua história, pelo menos na sua rica discografia, com o lançamento de “Clockwork Angels“, o 20° álbum do maior power-trio da história da música e o Memory Remains deste dia dos namorados vai tratar deste play.

O álbum foi concebido em meio a turnê que a banda estava realizando em comemoração aos 30 anos do clássico álbum “Moving Pictures“. As gravações começaram no ano de 2010 e perduraram até 2011. Foram utilizados dois estúdios: o Blackbird Studio, em Nashville e também o Revolution Recording, em Toronto. Na produção, atuou Nick Raskulinecz. Ainda em 2010, no primeiro dia do mês de junho, a banda apresentou dois singles e as disponibilizou para download: “Caravan” e “BU2B2“.

Sobre ter motivação para seguir compondo material e gravando álbuns, o saudoso baterista Neil Peart deu a seguinte declaração. Aspas para a lenda das baquetas:

Sem dúvidas, nesse momento, depois de estarmos juntos há quase 38 anos, alcançamos nossos ‘anos maduros’. Chegamos quentes e suados de trabalho”.

Sobre o álbum, Alex Lifeson também deu o seu ponto de vista sobre o processo de gravação:

“Foi um longo projeto. Nós lançamos algumas canções antes da última turnê e essa é a primeira vez que fizemos algo assim, gravando algumas músicas de um disco que ainda não foi lançado. Foi divertido lançar essas músicas, trabalhar nelas e tocá-las e dar uma espiada em como o projeto seria”.

O processo de composição era o mesmo com o qual a banda já estava habituada a trabalhar: Geddy Lee e Alex Lifeson trabalhavam nas músicas, enquanto que Neil Peart se encarregava de escrever as letras. E para “Clockwork Angels“, ele se inspirou nos escritores Júlio Verne e H.G. Wells, e conta a história de um jovem que viaja por um mundo de alquimia, sonhos e ficção. A capa traz um relógio e cada hora representa um símbolo alquímico. Os ponteiros indicam que são 9:12 PM, ou seja, 21:12, uma óbvia referência ao clássico álbum “2112“.

O álbum possui datas de lançamento distintas: no dia 8 de junho, o álbum foi lançado na Austrália. No dia 11, a revista britânica Classic Rock lançou uma edição chamada “fanpack”, que além do álbum, foi também disponibilizado um livro com 132 páginas. Em 12 de junho, o play foi lançado no restante do mundo e a exceção foi, claro, o Brasil. Por aqui, o álbum foi lançado um pouco tardiamente, em 28 de junho.

Dando play em “Clockwork Angels“, temos um típico álbum do Rush, com uma sutil diferença, a falta de uma guitarra base enquanto Alex Lifeson faz os solos, o que no caso da banda não faz a menor diferença, tendo em vista que um dos maiores baixistas da história da música estava ali para segurar a onda e poucas são as bandas que conseguem tal façanha. O play é pesado e em alguns momentos o peso lembra o que eles fizeram em “Counterparts“, de 1993.

Clockwork Angels” teve um excelente desempenho nos charts: 1° no Canadá, 2° na “Billboard 200”, 4° na Noruega e Finlândia, 8° na Suécia, 11° na Alemanha e nos Países Baixos, 16° na Escócia, 21° na Suíça e no Reino Unido, 27° no Japão, 32° na Hungria, 33° na Itália, 55° na Bélgica, 57° na Itália, 58° na Espanha e 173° na França. Foi ainda certificado com Disco de Ouro no Canadá. Lembrando que em 2012, as vendas de discos físicos já havia caído de forma vertiginosa, e nos dias atuais, as pessoas perderam o interesse em escutar um álbum inteiro. Mas a recepção, tanto da crítica quanto do público, foi excelente.

O álbum é dedicado ao fotógrafo canadense Andrew MacNaughtan, que trabalhou em todos os álbuns do Rush desde a coletânea “Chronicles“, lançada em 1990. Inclusive, ele fez a fotografia de “Clockwork Angels” e faleceu antes do lançamento do play, em 24 de janeiro de 2012, vítima de uma parada cardíaca. Ele tinha apenas 47 anos. Por todo o tempo à serviço da banda, ele já era considerado praticamente um membro do Rush e iria filmar os shows daquela turnê, que se tornou o CD/ DVD “Clockwork Angels Tour“.

O último capítulo do Rush em estúdio foi com chave de ouro, um belo álbum, feito por uma banda que jamais entregou um álbum abaixo da média, mesmo ali pelos anos 1980, onde eles meio que abandonaram o Rock Progressivo e investiram maciçamente nos sintetizadores. Em 2018, Alex Lifeson anunciou que a banda não mais lançaria álbuns e nem tampouco faria shows. Ninguém sabia, mas Neil Peart já não conseguia mais exercer a sua função como baterista, estava com câncer e o público só descobriu isso com a notícia do seu falecimento, em 10 de janeiro de 2020.

O Rush cumpriu bem a sua missão, e a nossa missão como escritores é ajudar a preservar esse riquíssimo legado deixado por estas três feras. Há indícios de que Alex Lifeson e Geddy Lee pretendem voltar a tocar juntos, só não sabemos se é sob o nome Rush. Aguardemos. E enquanto essa história se desenrola, vamos celebrar mais um ano de lançamento deste belo play, escutando-o no volume máximo. Para sempre Rush!

Clockwork Angels – Rush

Data de lançamento – 12/06/2012

Gravadora – Anthem 

 

Faixas:

01 – Caravan

02 – BU2B

03 – Clockwork Angels

04 – The Anarchist

05 – Carnies

06 – Halo Effect 

07 – Seven Cities of Gold 

08 – The Wreckers

09 – Headlong Flight 

10 – BU2B2

11 – Wish Them Well 

12 – The Garden

 

Formação:

Geddy Lee – baixo/ vocal / teclado

Alex Lifeson – guitarra/ violão/ teclado

Neil Peart – bateria/ percussão

 

Participação especial:

Jason Sindermann – piano em “The Garden”