Depois de mais de quarenta anos de carreira, entre idas e vindas, o The Obsessed veio à América do Sul pela primeira vez, com dois shows no Brasil. O líder da banda, Scott “Wino” Weinrich, recebeu a equipe do Headbangers News na quinta-feira (20/06), antes dos shows de Belo Horizonte e São Paulo para um bate papo descontraído sobre essa turnê, sobre a história da banda, a formação atual e muito mais. Divertido, Wino expressou sua alegria em estar presente no Brasil pela primeira vez. Acompanhe abaixo a conversa, na íntegra.
HBN: Primeiramente, obrigado por nos receber para essa conversa. Gostaria de começar falando sobre essa vinda de vocês à América Latina. É a primeira vez que vocês estão por aqui, certo?
Scott “Wino” Weinrich: Sim, é a primeira vez. Nós tocamos no México algumas vezes, mas estamos muito felizes por estar aqui. Nós tentamos vir antes mas não conseguimos pela covid-19, mas agora estamos aqui. Nós temos ainda dois shows, tivemos excelentes momentos até agora. Tocamos na Cidade do México, Bogotá, Argentina e Chile.
HBN: E como foram os shows?
Wino: Os shows foram ótimos, mas estamos bem ansiosos para os shows no Brasil.
HBN: Os fãs brasileiros são muito apaixonados pelo metal.
Wino: Eu escutei isso a minha vida inteira (risos). Mesmo antes de estar em uma banda, sempre fiquei intrigado com a cultura daqui.
HBN: Falando sobre isso, o que você conhece sobre a cultura brasileira? Ou bandas brasileiras? Já provou caipirinha?
Wino: Nós provamos várias ontem à noite! (Rindo, Wino aponta para Nina, assessora presente na entrevista) Eu amei! As bandas são boas, as pessoas são boas, como você disse, tem muita paixão aqui. Eu sempre fui fascinado pela região Amazônica. Estamos felizes por estar aqui.
HBN: Uma das bandas que tocarão com vocês nos shows do Brasil, a Pesta, disse que vocês são uma grande influência para eles.
Wino: Isso me deixa feliz! É gratificante ouvir isso!
HBN: Falando nisso, o The Obsessed é uma referência dentro do Doom Metal. Isso é uma responsabilidade para vocês? Como vocês se sentem com isso?
Wino: Eu agradeço bastante pelo respeito que temos, mas meu objetivo pessoal sempre foi fazer boa música. A música é quem tem que falar. Nunca acreditei em nenhum artifício ou algo do tipo. A música fala por si só. A formação atual, adicionando um segundo guitarrista, adiciona muito à nós. Estou muito feliz de trazer essa formação para cá. É a mais poderosa que tivemos.
HBN: Comentando sobre isso, vocês lançaram um novo álbum em fevereiro com essa formação. Como foi trabalhar em um novo disco dessa forma? Como isso foi diferente de antigamente?
Wino: Foi como antigamente. Digo, Jason (Jason Taylor, guitarrista) é mais novo que eu, mesmo com essa diferença, nos entendemos musicalmente, não queremos superar um ao outro no palco ou algo parecido. Não há egos envolvidos, coisas como “quem vai tocar mais alto” ou coisa parecida. Nós tocamos juntos, somos um grupo. Ele trouxe excelentes sugestões, acrescentou muito à banda. Ele faz uma base sólida, mas também traz solos modernos. Lá está ele, inclusive (Wino aponta para Jason do outro lado do salão onde estávamos, que nos cumprimenta de volta). A formação atual é a mais poderosa que poderíamos ter. Eu estou bem feliz. Chris (Chris Angleberger, baixista), parece meu irmão gêmeo, ele entrou na banda há alguns anos. Eu estou feliz porque, na minha idade (Wino tem 63 anos), é raro, às vezes, encontrar músicos que estão com fome de estar em turnê, que estão afim de tocar. Eu entendo, às vezes queremos estar em casa, estar com os filhos, mas as coisas estão indo muito bem, todos estão com fome. E estamos aqui! Estamos aqui para tocar! Eu sempre ouvi muito sobre o Brasil, sobre o público brasileiro. Quando assinamos com a (gravadora) Columbia, nós tínhamos o mesmo empresário que o Pantera. Pude estar no backstage e assisti várias bandas. Eu assisti o Sepultura abrindo o show do Pantera quando o Brasil ganhou a Copa do Mundo! Logo no fim do show do Sepultura, a banda comemorou muito, cheios de cervejas na mão, de cueca… Foi uma grande festa para celebrar a vitória, foi divertido de assistir. E eles estavam no palco! (risos)
HBN: Tenho certeza que foi uma grande festa! Falando sobre os shows, o que os brasileiros podem esperar do setlist de vocês? Alguma surpresa? Alguma música do Spirit Caravan?
Wino: Você andou pesquisando! (Risos) Tem uma música muito especial do Spirit Caravan que era, na verdade, uma música do The Obsessed que nunca tivemos a chance de lançar. Quando assinamos com a Columbia e fizemos o “The Church Within” (álbum do The Obsessed de 1994), nós tínhamos um contrato para dois álbuns. Nunca fizemos o segundo disco. Mas uma das músicas que estaria neste segundo disco se tornou uma música do Spirit Caravan. Vamos tocá-la, mas é surpresa (risos). Nós temos muito material. Estamos tocando músicas de todos os álbuns. Estamos tocando “Tombstone Highway”, “The Way She Fly”, “Freedom”, algumas músicas do “The Church Within”, algumas do “Gilded Sorrow”, um pouco de tudo.
HBN: Spirit Caravan foi uma parte importante para a sua história.
Wino: Com certeza! Estranhamente, Dave Sherman, que tocou baixo no Spirit Caravan, e Bruce Falkinburg, que tocou baixo no The Hidden Hand, ambos ficaram doentes e morreram, infelizmente. O baixista de minha banda solo, Wino Band, também faleceu (Wino falava sobre Jon Blank). Houveram muitas mortes, mas estamos aqui, devemos seguir em frente.
HBN: Muitas boas lembranças com eles, eu imagino!
Wino: Muitas! Nunca lembramos dos momentos ruins porque os momentos bons sempre ficam acima.
HBN: Com certeza! E com todos esses anos de carreira, qual é a principal diferença que você observa dentro da cena musical?
Wino: Uma coisa que aconteceu… Quando o Punk estava desaparecendo… Tínhamos novas bandas de heavy metal e punk rock… Quando isso estava desaparecendo, Frank Kozik começou a Man’s Ruin Records. Na minha opinião pessoal, Frank Kozik e a Man’s Ruin Records deram o pontapé inicial nesse “revival” do Doom Metal. O instrumental produzido por eles trouxeram isso de volta. Pessoalmente, as músicas que eu gosto são diversas, minhas influências são diversas. Eu sempre quis tocar hard rock. Não gostamos de ficar presos em um único estilo. Somos uma banda de rock, queremos tocar rock and roll. Gostamos de temas mais sombrios que refletem a vida.
HBN: Gostaria de agradecer pela entrevista e pelo tempo cedido e deixar um espaço final para que você possa mandar uma mensagem aos fãs.
Wino: Gostaria de agradecer pela oportunidade de conversar com você. Estamos animados para entregar às pessoas nossa música. Nossa missão é manter a música viva e vocês próximos. Precisamos de vocês! (risos) Nosso tempo aqui na América do Sul está sendo muito divertido e estamos bem animados para esses últimos shows da turnê.
SERVIÇO
THE OBSESSED EM SÃO PAULO
Bandas convidadas: Pesta e Espectro
Data: 22 de junho de 2024 (sábado)
Horário: 19h (portas)
Local: City Lights
Endereço: rua Padre Garcia Velho, 61 – Pinheiros, São Paulo/SP
Ingressos: https://www.ingresse.com/the-obsessed/
Pista 1º lote:
R$150,00 – Meia Estudante/e Meia Social (Mediante 1 quilo de Alimento)
R$300,00 – Inteira
Camarote 1º lote:
R$200,00 – Meia Estudante/e Meia Social (Mediante 1 quilo de Alimento)
R$400,00 – Inteira
SERVIÇO
THE OBSESSED EM BELO HORIZONTE
Banda convidada: Pesta
Data: 21 de junho de 2024 (sexta-feira)
Horário: 20h (portas)
Local: Caverna Rock Pub
Endereço: Rua dos Tupis, 1448 – Barro Preto, Belo Horizonte – MG
Ingressos: https://www.clubedoingresso.com/evento/theobsessed-belohorizonte
Pista 1º lote:
R$100,00 – Meia Estudante/e Meia Social (Mediante 1 quilo de Alimento)
R$200,00 – Inteira