Memory Remains

Memory Remains: Red Hot Chili Peppers – 22 anos de “By the Way” e o distanciamento do Funk Rock

9 de julho de 2024


Há 22 anos, em 9 de julho de 2002, o Red Hot Chili Peppers lançava “By The Way“, o oitavo disco desta que é uma das bandas mais bem sucedidas do Rock e que é tema do nosso Memory Remains desta terça-feira.

A banda vivia um turbilhão de acontecimentos mistos. O sucesso acachapante do álbum antecessor, “Californication“, que havia devolvido o protagonismo que a banda não tinha desde 9 clássico “Blood Sugar Sex Magik” (1993). A banda foi premiada no MTV Music Awards; a apresentação no Rock in Rio de 2001, para um público de 250 mil pessoas, o recorde tanto do festival quanto da própria banda. Mas também trazia consigo as cicatrizes do mal sucedido festival Woodstock de 1999, quando eles foram criticados por supostamente terem incitado o público a atear fogo na localidade onde aconteceu o festival, somente pelo fato de eles tocarem a música “Fire“, de Jimi Hendrix. Uma tremenda besteira, mas eles seguraram a barra.

Na ocasião da composição, os integrantes estavam livres do vício em drogas e os entorpecentes mereceram destaques nas letras, principalmente as escritas por Kiedis, como “This is the Place” e “Don’t Forget me“, onde o frontman cita sobre os efeitos nocivos que tais substâncias lhe causaram. John Frusciante teve papel fundamental nas melodias, inclusive as partes de baixo que ouvimos em “By the Way” foram em sua maioria, influenciados pelo guitarrista, o que levou Flea a achar que sua participação na banda estivesse reduzido. O baixista também achou que Frusciante estava querendo tomar o controle da banda. O clima ficou pesado, mas depois eles se resolveram.

Eles se juntaram mais uma vez ao produtor Rick Rubin, no Cello Studios, localizado em Chateau Marmont, localizado em Los Angeles e por lá permaneceram entre os meses de novembro de 2001 à maio de 2002. A arte da capa é de autoria de Julian Schnabel, tendo participação também da própria banda. A imagem feminina na capa é de Stella Schnabel, filha de Julian e namorada de John Frusciante. Julian também foi o responsável pela confecção das capas dos singles de “By the Way” lançados posteriormente.

Dando play na bolacha, temos um álbum um tanto quanto longo: são dezesseis faixas em 68 minutos de duração. “By the Way” é marcado pelo distanciamento da banda de um de seus principais elementos, o funk. Essa influência é percebida em canções como a faixa-título e “Can’t Stop“, que por sinal, são as duas que mais se destacam. “By the Way“, a faixa, é inclusive, uma das músicas mais intensas e espetaculares de toda a carreira do Red Hot Chili Peppers e como ela abre o álbum, dá a falsa impressão de que o disco vai ser na mesma pegada, só que não, as demais músicas são bem melódicas, inclusive, carentes de guitarras mais pesadas e mais punch. Isso, claro, levou as pimentas vermelhas a se tornar ainda mais populares entre o público que não é do Rock, mas decerto não agradou em cheio ao fã da banda.

As críticas ao álbum foram mistas, tendo alguns veículos elogiando as melodias exploradas pela banda, enquanto alguns outros observaram pontos negativos, a revista Blender chegou a dizer que o álbum é “Californication 2”. Nos charts, a performance foi excelente: 1° lugar na Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Países Baixos, Europa, Finlândia, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Escócia, Suécia, Suíça e Reino Unido. Foi 2° na “Billboard 200”, Espanha, Portugal, Hungria, França e Argentina, além de um 4° lugar no Japão. Quanto as vendas, ainda que não tenha superado seu antecessor, “By the Way” foi certificado em diversos países: 5 vezes Disco de Ouro na Alemanha, Ouro na Bélgica, Hungria, Itália e Polônia. Platina na Argentina, Áustria, Dinamarca, Finlândia, França, Grécia, Países Baixos, Espanha e Suécia. Duplo Platina no Brasil (veja bem, caro leitor, o Brasil certificando um artista do Rock, coisa rara), Canadá, Japão, Nova Zelândia, Estados Unidos e Suíça; Triplo Platina na Europa e 7 vezes Platina no Reino Unido.

Álbum nas lojas, era hora de a banda cair na estrada. A turnê teve início em Nova Iorque e a cidade foi escolhida com a intenção de levantar o astral, depois dos ataques covardes que a cidade sofreu, em 11 de setembro de 2001, pela Al-Qaeda, de Osama Bin Laden. Toda a renda do show foi revertida a instituições de caridade. Depois partiram para a Europa, retornando aos Estados Unidos e indo aos quatro cantos do planeta, até 2004 quando foi uma das atrações principais do Rock am Ring.

A banda vem se mantendo em franca atividade, lançando álbuns e fazendo extensas turnês. O último lançamento da banda foi o álbum “Return of the Dream Canteen“, de 2022. Neste meio período, John Frusciante saiu e retornou, hoje a formação do RHCP é a mesma que tocou no nosso homenageado e tudo parece correr bem entre eles. Então hoje é dia de celebrar esse álbum.

By The Way – Red Hot Chili Peppers 

Data de lançamento – 09/07/2002

Gravadora – Warner

 

Faixas:

01 – By the Way

02 – Universally Speaking

03 – This Is the Place

04 – Dosed

05 – Don’t Forget Me

06 – The Zephyr Song

07 – Can’t Stop

08 – I Could Die For You

09 – Midnight

10 – Throw Away Your Television

11 – Cabron

12 – Tear

13 – On Mercury

14 – Minor Thing

15 – Warm Tape

16 – Venice Queen

 

Formação:

Anthony Kiedis – vocal

Flea – baixo

John Frusciante – guitarra

Chad Smith – bateria