Memory Remains

Memory Remains: Overkill – 30 anos de “W.F.O.” o retorno ao Thrash Metal e o final da parceria com a gravadora

15 de julho de 2024


Há 30 anos, em 15 de julho de 1994, o Overkill lançava “W.F.O.”, o álbum de número sete da discografia desta amada banda novaiorquina e que é tema do nosso Memory Remains desta terça-feira.

O título do álbum significa as iniciais para a expressão wide fucking open, e obviamente que colocar essa expressão na capa do álbum, além de certamente contar com o veto da gravadora, também criaria outro problema com a Parents Music Resource Center (PMRC), responsável por colocar a famosa etiqueta de “aviso aos pais”, o famoso parental adivsory. Na verdade, o adesivo aguça a curiosidade das pessoas em torno do conteúdo lírico de determinado artista e acaba tendo o efeito contrário, aumentando as vendas. Mesmo com a prudência, o adesivo acabou estampando a capa do play.

W.F.O.” é o último álbum a ser lançado pela major Atlantic Records. Era o fim da parceria com um selo que havia lançado os últimos cinco álbuns anteriores da banda. Também foi o último álbum a contar com a dupla de guitarristas Rob Cannavino e Merritt Gant. Eles estavam na banda desde 1990 e saíram um ano depois do lançamento do nosso homenageado do dia.

Após o lançamento do álbum antecessor, o apagado “I Hear Black“, que nós falamos sobre ele no ano passado e caso você tenha perdido, poderá ler, clicando AQUI, a banda optou em retornar aos trilhos do Thrash Metal, no que se mostrou uma decisão acertada. Então eles zarparam para o Ambient Recording Co., localizado em Stamford e por lá ficaram entre os meses de abril e maio de 1994. A própria banda se encarregou da produção da bolacha, o que aconteceu pela primeira vez na história do Overkill. Eles tentaram Terry Date, como explicou o vocalista BobbyBlitzEllsworth em entrevista. Aspas para ele:

“Nós mesmos fizemos isso. Usamos Terry Date em 1991, mas ele está quase inalcançável agora. Entre o sucesso do álbum Horrorscope e os álbuns Pantera e Soundgarden , ele está realmente fora do mapa. Conhecemos nossa área e apenas tentamos expandi-la. Nunca fomos do tipo que prova o sabor do dia. Acho que nossa longevidade se deve ao fato de que não somos realmente seguidores. Gostamos de nossa área e exploramos dentro dela. Muitas pessoas podem dizer que não é realmente artístico dizer que você não pode expandir, mas nós apenas sabemos onde somos mais potentes. Nós apenas aumentamos a intensidade com cada disco, em comparação com a exploração do que as pessoas estão chamando de alternativo, grunge ou industrial. As músicas nascem em uma sala de ensaio onde todos dizem “estamos lá”. Damos alguns retoques finais e então gravamos. Fizemos tudo isso do começo ao fim dessa vez e era importante que víssemos essa visão até o fim. Tínhamos a opção de levar um produtor, mas eu co-produzi sete discos com DD, Rob é fantástico por trás do quadro e Merritt tem ótimos ouvidos. Nós simplesmente decidimos entrar e fazer e não deixar ninguém foder com nossa visão.”

A introdução da música “The Wait/ New High in Lows“, traz uma fala do filme “Carlito’s Way“, que no Brasil ganhou o título de “O Pagamento Final“, lançado no ano de 1993 e estrelado por Al Pacino. A instrumental “R.I.P. (Undone)” é dedicada à memória do guitarrista Criss Oliva, que tocava no Savatage e morreu em decorrência de um acidente automobilístico em 1993. Já a canção “Bastard Nation“, cujo videoclipe o caro leitor poderá assistir acima deste parágrafo, é dedicada aos fãs europeus.

Bolacha rolando, temos oficialmente onze canções em 52 minutos, mas na prática, o álbum vem com uma faixa escondida. Então se o ouvinte deixar o CD rolando, ele vai pular da faixa 12 até a 98, onde então teremos a banda homenageando Black Sabbath, Judas Priest e Jimi Hendrix, em um medley que contém “Heaven and Hell“, “The Ripper” e “Voodoo Child“, tocadas meio que descompromissadas, em um clima de ensaio/ jam. Nessa versão, o álbum tem 71 minutos. O Overkill se livrou das influências que o álbum anterior trazia, resgatou o Thrash Metal, com outra influência que não sairia jamais da banda, o Groove. O som do baixo ficou bem evidente. A audição é bastante prazerosa e é bom ver a banda voltando às suas raízes. Infelizmente, nenhuma música deste play é lembrado nas apresentações atuais.

Como bom álbum de Metal que é, “W.F.O.” teve boa aceitação, tanto do público quanto da crítica especializada. O álbum alcançou a 9ª posição na categoria “Heatseekers“, da Billboard. O Overkill saiu em turnê e uma das apresentações, em Cleveland, foi registrada e se tornou o álbum ao vivo “Wrecking Your Neck“, lançado em 1995 e que celebrava os quinze anos de existência da banda. Logo depois, os guitarristas saíram.

Felizmente o Overkill segue em plena atividade até os dias de hoje. A banda passou por nossas terras recentemente, na segunda edição do Summer Breeze Brasil e os fãs puderam conferir o poderoso destrutivo da banda. Hoje é dia de escutar esse play no volume máximo enquanto aguardamos o sucessor do ótimo álbum “Scorched“, lançado no ano passado e desejando longa vida ao Overkill.

W.F.O. – Overkill 

Data de lançamento – 15/07/1994

Gravadora – Atlantic 

 

Faixas:

01 – Where It Hurts 

02 – Fast Junkie 

03 – The Wait / New High in Lows 

04 – They Eat Their Young

05 – What’s Your Problem 

06 – Under One

07 – Supersonic Hate

08 – R.I.P. (Undone)

09 – Up to Zero 

10 – Bastard Nation 

11 – Gasoline Dream

 

Formação:

Bobby “Blitz” Ellsworth – vocal

DD Verni – baixo

Merritt Gant – guitarra

Rob Cannavino – guitarra

Tim Mallare – bateria

 

Participação especial:

Dough Cook – teclado