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Massarifest: Celebrando a música e a vida de Fábio Massari

Massarifest: Celebrando a música e a vida de Fábio Massari

22 de setembro de 2024


Crédito das fotos: Fabiano Miranda

São Paulo, com seu caos habitual, apresentou, na última sexta-feira, 20 de setembro, um dia que oscilava entre o calor e a leve garoa, para celebrar o aniversário de um ser humano que transcende limites. Um verdadeiro ídolo da música alternativa e uma referência para os fãs da MTV Brasil, um verdadeiro mensageiro da palavra musical no Brasil: o Reverendo Fabio Massari.

Para marcar suas seis décadas de vida, foi organizado o festival “MASSARIFEST”, reunindo amigos, fãs e as bandas Devotos (PE), Patife Band (SP) e Acid Mothers Temple (Japão) — todas com o selo de qualidade Massari. Afinal, a união é o que mais importa. O Fabrique, localizado no bairro da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, transformou-se em um espaço onde um sentimento de amor coletivo permeava cada canto.

O clima especial se fez presente desde o momento em que entrei no local, por volta das 20h. O Reverendo Massari, sempre acolhedor, distribuía abraços, sorrisos e palavras gentis a todos que se aproximavam, seja para parabenizá-lo pelo aniversário, registrar uma foto ou pedir um autógrafo em um de seus livros, que estavam à venda na área de merchandising, ao lado de itens das bandas.

Devotos e Patife Band

Às 21h, os pernambucanos da banda Devotos, liderados pelo carismático vocalista Cannibal, subiram ao palco trazendo consigo a força ruidosa do punk. Nesta noite, a devoção manifestou-se em cada um dos presentes, que se tornaram parte de uma celebração coletiva. Devotos da solidariedade, do amor por causas que fortalecem o tecido social do Brasil. Devotos de Cannibal e sua trupe, que se dedicam a oferecer uma experiência vibrante de punk e rock, unindo música e ativismo em uma só voz.

Durante o repertório, a banda apresentou hinos da fase “Devotos do Ódio”, como “Futuro Inseguro”, “Caso de Amor e Ódio”, “Vida de Ferreiro”, “Asa Preta”, “Punk, Rock, Hardcore Alto José do Pinho” e “Eu Tenho Pressa”. Também tocaram músicas da discografia mais recente, incluindo “Nosso Ninho”, “Mas Será o Benedito?”, “De Andada”, “Periferia Fria” e a inédita “Vladimir Herzog”. Ao apresentar essa última, Cannibal brincou: “A gente vai errar pra caramba, mas vamos nessa!”

Durante a apresentação, Cannibal fez um emocionante discurso de agradecimento a Massari, a quem chamou de padrinho da banda, e a Gastão Moreira, por seu apoio constante. Ele compartilhou que entregou a demo a Gastão e que Massari subiu o morro do Alto Zé do Pinho para se reunir com a banda, um gesto que abriu portas valiosas para eles. Cannibal também expressou sua admiração por Clemente, destacando que os Devotos se inspiraram tanto nele quanto nos Inocentes. Além disso, falou sobre a importância das crianças, do movimento social e da crítica à mídia, ressaltando o papel da cultura de forma ampla. É por essas e outras razões que Cannibal é tão necessário e representa a essência do Brasil que desejamos para o futuro.

Enquanto tudo se preparava para receber a genialidade de Paulo Barnabé e sua Patife Band, ecoavam no sistema de som da casa músicas de Garotos Podres, Lula Côrtes e Zé Ramalho. Entre a multidão, podíamos avistar personalidades como Clemente, Gastão Moreira, Edgar Piccoli, Cazé, André Barcinski, Rodrigo Lima (Dead Fish) e muitos outros.

Durante a apresentação da Patife Band, a setlist repleta de clássicos foi apenas uma parte da experiência: uma trágica viagem. O cenário mesclava puro caos e beleza. Nas profundezas do estranho e do esquisito, encontramos a nós mesmos, eles e todas as rupturas de um mundo desconhecido que se revela diante de nossos olhos, como sempre esteve.

A Patife subiu ao palco por volta das 22h10, sendo um verdadeiro patrimônio da esquisitice, acolhendo e confortando enquanto desafia a própria sorte diante do submundo. Assim são eles: soberanos! Paulo Barnabé encarou de frente o desafio de ser uma das atrações da festa do Reverendo, interpretando clássicos como “Tô Tenso” e “Corredor Polonês”.

Acid Mothers Temple

Pegue tudo o que é estranho e inconcebível, misture bem e tente chegar a uma definição convincente. Pode ser que não chegue a lugar algum, mas vamos em frente. Junte seres geniais e adicione generosas doses da psicodelia mundana que permeia o caminho; sinta-se à vontade para incluir rock, punk e krautrock também.

Ao final dessa mistura, você terá uma banda chamada Acid Mothers Temple, liderada pelo brilhante guitarrista Kawabata Makoto (Salvador Buddha). Ao lado de Higashi Hiroshi (sintetizador e guitarra elétrica), Jyonson Tsu (voz, baixo e bandolim) e outros músicos — geralmente rotativos — eles vêm do Japão para causar um verdadeiro estrago na mente de todos os presentes. E a responsabilidade por tudo isso? Sem dúvida, é do aniversariante, Fabio Massari.

Não há setlist que consiga capturar a ruidosa poética desses artistas. É quase um ritual que abre um portal para o apocalipse, embebido em absinto e cogumelos, levando você a uma viagem além do arco-íris, mas sem o pote de ouro.

No palco, o quinteto manteve uma postura dominante desde o momento em que subiu. É coisa de quem sabe o que está fazendo. Kawabata Makoto alternava entre tocar com palheta e com os dedos, sustentando a guitarra no colo, erguendo-a no alto, raspando-a nas nádegas, nas costas e até nas mãos do público. Por fim, pendurou-a na estrutura que sustenta a iluminação do palco. Esse ato de pendurar o instrumento foi o grand finale de um espetáculo que ficará gravado para sempre na memória.

Agradecemos de coração aos organizadores pela coragem de trazer essa experiência única a todos nós. E um agradecimento especial a Fabio Massari, cujo entusiasmo e dedicação tornam esses momentos ainda mais especiais. Que venham muitas outras celebrações como esta, Reverendo!

E pro Massari tudo!

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