Resenhas

A Coming to Terms

Forever in Transit

Avaliação

9.5

A alucinante banda Forever in Transit moldou o cenário do rock com o álbum de estreia ‘States Of Desconnection’ (2018). Agora, após 6 anos, retornam com o novo e aguardado ‘A Coming to Terms’. Ricas em versatilidade sonora, as sete canções são uma odisseia emocionante e transcendental. A música de Forever in Transit é um lembrete do grande metal alternativo que surgiu durante os anos 2000, e vem se modernizando – mas Forever in Transit cria uma abordagem melancólica, atmosférica e emocional da alternativa.

‘A Coming to Terms’ representa a marca única da alma da banda. Há simplicidade e perfeição juntas que tornam o som mais agressivo e grandioso. O som bruto da banda combina elementos de metal progressivo, post metal e metal moderno de várias épocas, com um toque de metal alternativo, em um caldeirão rodopiante de guitarras densas e energia sônica impulsionada pelo groove. Com esse disco provam que seguem com a ideologia artística, ousada e cativante, junto com o som penetrante e peculiar, que traz uma atmosfera sonora nostálgica ao mesmo tempo que exala um frescor sincero graças a energia jovial e mente visionária dos integrantes.

Sobre o disco, Dan Sciolino comenta: “Ele lida principalmente com os desafios de navegar no processo de autodescoberta, a dificuldade de separar nosso conceito de “eu” e influências externas e, finalmente, o crescimento e as provações pelas quais passamos para nos tornarmos a melhor versão de nós mesmos. Em termos de letras, explorei muitas perspectivas diferentes de filosofia e espiritualidade como pontos de referência. Eu queria encontrar um equilíbrio entre os aspectos positivos da autodescoberta e do crescimento, mas respeitando o trauma que muitas vezes temos que enfrentar para chegar lá”.

Logo na primeira faixa, “Let Go Your Earthly Tether”, percebemos aonde a banda quer chegar, entregando um choque elétrico de paixão mesclado com uma atitude destemida, onde provam que são uma banda em constante avanço exalando técnicas do metal e do vocal gutural.  A música seguinte, “What Lies Beneath” traz uma sonoridade que remete as bandas Opeth e Porcupine Tree, mas ainda assim com o toque único, mostrando o lado multifacetado – na forma da atmosfera densa e sombria. Criando uma vibe majestosa para amantes deste estilo, este disco mostra o quanto a banda adora dobrar e moldar gêneros musicais com sua atmosfera depressiva e sombria. Esta é a minha preferida, pelo sentimentalismo e profundidade.

Subindo impecavelmente na ordem musical com seus riffs em camadas com seções de metais e arranjos progressivos, seu som está amadurecendo em algo único. Em “Streams of Thought” a banda mantém o espírito do post metal mas também incorpora o progressivo com um tom mais depressivo e psicodélico que exala técnica e talento – por isso adorei essa banda, ela mistura diversas referências inusitadas para criar seu som, bem ao estilo que eu gosto pessoalmente.

“I Cling to Threads” é uma fusão fervorosa e expressiva, uma satisfação conceitual de uma mistura eclética de ideias. Começa com um lick de guitarra distorcido que é compacto e suave, nostálgico e remete ao rock progressivo (lembrando muit Pink FLoyd), mas também tem tons de dark wave (e algum mais gotico), com um refrão que entra facilmente em nossa mente e uma melodia densa e experimental que nos faz viajar, sendo a canção com mais sentimento profundo.

“Enter the Void” destila a melancolia penetrante e intimista com um ar sombrio e difícil de digerir – um tom que ora remete a musicalidade profunda do new metal, ora do progressivo, mantendo o ambiente denso. “Empty and Become Wind” é uma canção de quase 9 minutos que é uma viagem que soa como instrumental mas depois entendemos a genialidade por trás dessa criação absurda e ousada, que tem lirismo cativante. Uma verdadeira obra de arte para amantes da música experimental.

Com o instrumental drástico, extenso e sombriamente alucinante, esse disco mostra as mentes brilhantes dos garotos do Forever in Transit. Fechando o disco, a faixa titulo coloca fim a essa viagem maravilhosa, mas despertando a vontade de apertar o play novamente e embarcar nesse mundo criativo do Forever in Transit. Essa última faixa traz o lado mais trabalhado com teclados psicodélicos, destilando a nostalgia e o momento sombrio. Com uma técnica e estilo perfeito que remete aos clássicos geniais de bandas grandes.

‘A Coming to Terms’ mantem a frequência, conduzindo o ouvinte em uma viagem sonora inesquecível, com destaque na forma como a banda misturou referências dentro do rock e de uma maneira peculiar criou um trabalho atemporal perfeito para os fãs do estilo, conversando diretamente com seu instrumental e com o ouvinte, transmitindo diversos sentimentos de forma satisfatória.

Forever in Transit chegou para ficar e já ganhou destaque repleto de ideias vibrantes, exclusivas e de pura nostalgia, sendo uma banda potente, de imersão com um domínio tão forte e confiante sobre seu som, que consegue encantar desde o público mais exigente até quem busca bandas novas. A banda prova que está no caminho certo para estar entre os grandes nomes da música atual, e já tem tudo para abrir shows das minhas bandas preferidas: Katatonia, Riverside, Opeth e a extinta Anathema.