Crédito das fotos: @flashbang @ 30ebr
Cerca de 4.000 pessoas fizeram parte de uma das apresentações mais intensas que São Paulo presenciou em 2024. O feito ocorreu justamente com o Bring Me The Horizon, que realizou um sideshow na Audio – localizado na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo -, no último dia 28 de novembro. O evento, cuja banda foi a única da noite, teve organização da 30eBR.
O grupo de Metalcore esbanjou, em um setlist de 18 músicas, os maiores sucessos da banda a partir do álbum “Sempiternal” (2013) e até o último lançamento, o álbum “Post Human: Nex GeN” (2024). Oliver Sykes, icônico vocalista da banda, mostrou de todas as formas o seu carinho e amor pelo Brasil por meio dos discursos em língua portuguesa, recepção e exposição de presentes e bandeiras, dedicação máxima no palco e até o contato com os fãs na faixa “Drown”, na reta final da noite.
Já o público, que lotou a Áudio, superou a mudança de tempo do dia – de um calor intenso para uma chuva torrencial poderosa no final da tarde para estar e celebrar a noite com a banda. O calor dentro do local se deu muito por conta da lotação e, principalmente, pela intensidade em diversos locais da casa de eventos, seja pelos cantos uníssonos e constantes, seja pelos pulos dos mais agitados e, ainda mais, pelos Moshes absurdos no fundo da pista. Um verdadeiro culto à banda.
Momentos antes da apresentação
Os impactos da virada do tempo na capital fizeram com que muitas pessoas chegassem mais tarde ao local do show. Com isso, em torno das 20h20, ainda havia uma fila consideravelmente grande que acompanhava a calçada da Avenida Francisco Matarazzo, com final em uma das ruas que dão acesso à estação Palmeiras-Barra Funda. Ainda assim, a pista da Audio já estava ocupada em mais da metade de sua capacidade, além de uma parcela nas laterais e mezanino.
Conforme o horário da apresentação chegava, as músicas que tocavam no PA foram cada vez mais cantadas. O crescimento do coro do público se deu a partir de “Break Stuff”, do Limp Bizkit, passando por “Freak on a Leash”, do Korn, “Walk”, do Pantera e, com maiores ênfases, “Duality”, do Slipknot, e “Chop Suey”, do System of a Down.
Outro momento icônico pré-show se deu com a aparição do pai de Oliver Sykes, Ian, em um dos lados do mezanino. O público não somente o ovacionou, como acompanhou aos gritos as saudações que ele fez com um copo e mostrando a camiseta do Bring Me The Horizon.
Início da apresentação e a euforia do início ao fim
Eram 21h quando as luzes da Audio se apagaram e, no telão, a introdução visual de “NexGen” apareceu, para a euforia e alegria total dos presentes na casa de eventos. A animação simulou um PlayStation 1 – com alterações na nomenclatura, claro -, desde a icônica entrada, até a uma tela de start do “jogo” da banda. Ela, para a impaciência de parte do público, durou em torno de sete minutos, gerando pedidos para que alguém “apertasse o botão start” para o início do show. Logo depois, a transição de tela se deu por E.V.E., personagem que introduziu de vez o show – mas apareceu em outros momentos, também – e que levou o público a mais um pico de euforia ao perguntar se o público estava preparado para “o melhor show de suas vidas”. Aqui, na pista, houve uma mobilização em massa para a abertura da roda ao fundo, fator que gerou empurra-empurra em vários lugares do setor. Nada que atrapalhasse o momento de completa alegria dos fãs.
Quando deu 21h10, Matt Nicholls (bateria), Lee Malia (guitarra), John Jones (guitarra e backing vocal), Matt Kean (baixo) e, por último, o icônico Oliver Sykes (vocal) entraram no palco e, assim, o clima local voltou a ficar tão quente como na tarde daquela quinta-feira: um misto de euforia, alegria, emoção, somadas aos pulos do público, a energia do mosh e ao coro praticamente uníssono para a faixa de abertura do show, “DArkSide”, que compõe o mais recente álbum de estúdio do grupo, “Post Human: NeX GEn” (2024). A situação se manteve com “MANTRA”, do álbum “amo” (2019), em que a entrega da banda no palco foi maior e com o destaque para Oliver Sykes e uma bandeira do Brasil personalizada com uma das logos do Bring Me the Horizon. O frontman seguiu com ela por outros momentos da apresentação.
Os fãs presentes na Audio deram uma verdadeira aula de soletração em “Happy Song”, ao repetir, por diversas vezes e sem perder fôlego, as letras da palavra spirit dentro dos versos iniciais “S-P-I-R-I-T, spirit / Let’s hear It”. E claro, todos foram a voz da faixa durante toda a execução, pois conseguiram sobrepor a voz de Oliver em diversos momentos dela. Outro bate-cabeça frenético ocorreu na reta final da faixa. A histeria dos fãs se converteram em pulos a partir dos primeiros toques eletrônicos de “Teardrops”, música que faz parte de “POST HUMAN: SURVIVAL HORROR” (2020). O primeiro mosh a pedido de Sykes veio no breakdown desta faixa, algo totalmente atendido a ponto de a roda se dividir em duas em certos momentos.
Os roadies do Bring Me The Horizon trouxeram um pedestal de microfone personalizado que muito lembrou a chamada “The Bitch”, que Jonathan Davis usa em seus shows com o Korn. Oliver usou o artefato para, parado, cantar boa parte de “AmEN!”, que também contou com coro absurdo do público, que também cantou e bateu palmas nas partes do vocalista Daryl Palumbo (Glassjaw) e do rapper Lil Uzi Vert, que são participações da versão de estúdio da faixa em questão. Ao fim da música, o pedestal virou um apoio para o microfone de John Jones, ao fundo do palco.
Em “Kool-Aid”, Oliver Sykes voltou com sua performance enérgica no palco. A banda ainda contou com as fumaças de gelo seco, que subiram em alguns momentos da execução da música e animaram ainda mais a plateia. O acompanhamento vocal dos fãs fieis também foi do início ao fim, a ponto de eles acompanharem até mesmo a sequência de “La-la-las” da reta final da música.
Uma pequena pausa foi instaurada no palco, brecha perfeita para que o público começasse a cantar os primeiros versos de “Diamonds Aren’t Forever”, do disco “Suicide Season” (2008). Eles conseguiram extrair os pedais duplos de Matt Nicholls por certo tempo, para a alegria de todos. No entanto, infelizmente, a faixa não foi tocada naquela noite.
Com a volta dos membros ao palco, o som ambiente que tocou no PA ficou cada vez mais reconhecível e, com o anúncio de Oliver, coberto pela bandeira que recebeu no começo do show, veio a poderosa “Shadow Moses”, primeira faixa da noite a representar o disco “Sempiternal” (2013). A sintonia do vocalista e da banda com o público levou a um clima enérgico dos dois setores, a destacar mais um mosh frenético ao fundo do palco e o grito uníssono de “This Is Sempiternal” no meio e no final da música em questão.
O primeiro discurso do frontman do Bring Me The Horizon veio após “Shadow Moses”. A primeira frase, na língua portuguesa, foi justamente sobre a temperatura dentro da Audio: “Tá calor pra car***o, né? Tá suando?”. Logo em seguida, Oli, em duas línguas, reforçou a felicidade de voltar a tocar no Brasil: “Saudades. We miss You, Brazil! We miss You so much!”. Por fim, ele fez uma singela pergunta a respeito do setlist: “Vocês querem uma música nova, não tocada antes?”.
A resposta majoritariamente positiva da plateia deu margem para o início de “n/A”, também do álbum “Post Human: NeX GEn”. Sob as linhas de violão de Lee Malia – e, depois, o instrumental geral da banda-, Oliver e fãs voltaram a fazer um belo coro cantado para esta música, tocada pela primeira vez naquela noite e, assim, marcando um belíssimo debut. Ao final, Oliver deu um longo gutural digno de ovações por todos os lados da casa de eventos.
A energia caótica da pista voltou com “Sleepwalker”, outro sucesso da banda da era Sempiternal. Em todos os lados, pessoas pulavam, cantavam e até arriscavam se elevar para serem carregadas à frente, como uma verdadeira onda. Logo em seguida, os lasers instalados na parte frontal da pista foram ativos para a reprodução da intro “Itch for the Cure (When Will We Be Free?)” – eu lhes juro que ouvi um “plim plim” em algum momento desta reprodução – Tais lasers, em diversas cores (verde, azul, branco, rosa, lilás), fizeram um verdadeiro show de luzes para, na sequência, os membros da banda voltarem para tocar “Kingslayer”, cuja versão de estúdio tem participação do grupo Babymetal.
Oliver, em outro pequeno discurso, reforçou a percepção de euforia do público, assim como mostrou sua animação com o show, ao soltar a singela frase “A gente ‘tá loco’ hoje à noite, né?”. Foi o suficiente para mais uma onda de aplausos que, logo, se converteram para a alegria de começar a faixa “Parasite Eve”. Os lasers do palco voltaram à tona e ficaram ainda mais destacados com a fumaça que pairava no ambiente. Outro grande mosh veio nesta faixa, a pedido de Oliver e sob atendimento preciso do público ao fundo da pista.
E.V.E., inclusive, voltou ao telão para chamar um fã para cantar com a banda no palco. Nesse momento, houve um coro que pediu pela ida de Lucas Inutilismo (LVCAS), presente no mezanino. Porém, foi da pista que Oliver escolheu Kauê Ferraz, Mister Chuck (Overbrain), para acompanhá-lo em “Antivist”. Todos ficaram surpresos com o potencial vocal de Chuck, que esbanjou guturais ao longo da faixa. Os dedos do meio, vindos da plateia e a pedido dos vocalistas, foram majoritários durante os momentos do refrão “Middle fingers up, If You don’t give a F*ck”.
Oliver Sykes discursou novamente, após o final da faixa. Ele reforçou, com muita ênfase, o amor que ele e a banda têm pelo Brasil e como isso, da parte dele, veio principalmente após se apaixonar por uma brasileira – a modelo Alissa Salls.
Nisso, começa a icônica “Follow You”, criando um clima emotivo conjunto na Audio e com muitas mulheres levantadas para o alto, algo pedido por Sykes para que pudesse ver “os belos rostos” do público. O vocalista do Bring Me The Horizon ganhou um quadro com luzes, ao final.
Para a sequência do show, o frontman da banda chamou o público para dançar em “Lost”, faixa cujo ritmo fez jus ao seu pedido, convertido por pulos mais rápidos dos fãs. Oliver, inclusive, mostrou um ursinho de pelúcia com um rosto dividido em um lado “fofo” e outro “obscuro”.
Sykes, em uma mistura de língua portuguesa com inglesa, destacou o show que a banda fará no Allianz Parque, no dia 30, em outro discurso: “Estão prontos para sábado? Vai ser grande, né? The biggest show We ever made”. Muitos afirmaram que irão ao estádio para acompanhar o evento que, além de contar com o Bring Me The Horizon como atração principal, terá as bandas The Plot in You, Spiritbox e Motionless in White.
Oliver anunciou o maior sucesso da banda, “Can You Feel My Heart”, ao cantar os primeiros versos antes do instrumental. Os presentes na áudio, mais uma vez de forma uníssona e retomando o clima altamente enérgico na pista e mezanino, o acompanhou em todos os momentos, seja pelos coros nos cantos mais altos e mais baixos, seja pulando e seja no mosh da pista. De longe, um dos momentos mais fervorosos da noite.
O quinteto deu uma pausa mais longa, que serviu para que o público pedisse novamente por “Diamonds Aren’t Forever” por meio do refrão, e por “Pray for Plagues”, pelo nome da faixa em questão. O calor excessivo pela quantidade de pessoas também fez com que copos de água fossem distribuídos pelos bombeiros aos que estavam na grade.
A volta da banda ao palco para o bis foi comemorada. As três faixas finais foram do álbum “That’s The Spirit” (2015), a começar pela icônica “Doomed”, após uma introdução sinfônica. Tal música causou um novo pico emotivo num público que, de jeito algum e emocionado, se cansava de cantar. Oliver soube bem alternar pelos cantos líricos, dos mais baixos aos mais altos, tornando aquele momento ainda melhor.
Em seguida, em “Drown”, Oliver Sykes seguiu a tradição e desceu para o Pit de fotógrafos, onde cantou a faixa com os fãs mais próximos da grade. Uma massa de pessoas se aproximou para gravar o vocalista e, quem não conseguiu vê-lo na grade, ainda assim não deixou de cantar. Na volta ao palco, o frontman mostrou outra bandeira do Brasil, escrita com os dizeres “Oi, me dá um abraço?” – provavelmente, de um fã que conseguiu o ato de Sykes.
A finalização da noite veio com “Throne”, com um último gás do público para acompanhar o coro no ritmo da faixa, cantar a todos os pulmões e, claro, pular bastante. O gran finale se deu na reta final da faixa, com uma verdadeira chuva de papel picado que alcançou quase toda a casa de eventos. E na despedida – ou até logo, para quem irá ao Allianz no sábado -, muitos agradecimentos antes da saída da banda do palco.
Mas ainda faltava um detalhe: a despedida de E.V.E., que reapareceu na tentativa de invadir os sistemas, mas sem conseguir identificar, no CAPTCHA, quais eram as reais fotos de Oliver Sykes. Assim, os sistemas “caíran” e ela despaareceu.
Mas a certeza é a de que a alegria do público não acabou. Para quem irá no dia 30, ainda há muito a celebrar. Mas quem somente foi no show solo, é certeza de que a experiência vivida será lembrada e relembrada por dias, meses, anos… eternamente.
Confira o setlist:
DArkSide
MANTRA
Happy Song
Teadrops
AmEN!
Kool-Aid
Shadow Moses
n/A (estreia ao vivo da faixa)
Sleepwalking
introdução: Itch For the Cure
Kingslayer
Parasite Eve
Antivist (com Mister Chuck como fã chamado por Oliver para cantar no palco)
Follow You
LosT
Follow You
Encore
Intro: overture
Doomed
Drown
Throne