Resenhas

A Road without Any More Detours

Erick Duran Manard

Avaliação

9.0

Erick Duran Manard é uma daquelas mentes musicais que parecem viver em uma máquina do tempo, mas não se engane: ele não é apenas um revivalista. Multi-instrumentista, com raízes em Tulsa, mas vivendo em Glenpool, Oklahoma, e uma formação técnica sólida em teoria musical e jazz, Erick combina habilidade com ousadia. Seu novo álbum, A Road Without Any More Detours, é uma viagem psicodélica, profundamente enraizada no rock progressivo dos anos 70, mas com um frescor que soa ao mesmo tempo vintage e atemporal. Erick e dedica em exaltar a religião, portanto estamos sim falando de música religiosa, mas estaremos aqui mais atentos a melodia e referências – e não letras.

A abertura com “Wrestling Leviathan” é como entrar numa névoa lisérgica. Com ecos de Captain Beyond e Gentle Giant, a faixa apresenta guitarras flutuantes e uma atmosfera que te puxa para dentro de um caleidoscópio sonoro. A faixa-título, que vem em seguida, mantém o clima experimental e mergulha fundo no prog clássico, lembrando o melhor do gênero sem soar derivativa.

Em “Lost On A Dime”, Erick não economiza nos órgãos vintage e entrega um espetáculo sonoro que evoca uma jam de fanfarra psicodélica. É uma viagem tão colorida que você quase pode sentir as luzes do lava-lamp ao fundo. “Between Scylla and Charybdis” segue com uma energia contagiante, trazendo guitarras brincalhonas e envolventes, como se o The Who estivesse pilotando a nave espacial dessa jornada.

“Pilot My Soul in the Tempest” é puro Emerson, Lake & Palmer, com uma construção atmosférica que remete a Tarkus. Não espere os solos frenéticos de Keith Emerson, mas o peso emocional e a teatralidade estão lá. Já “You Are My Life” é uma daquelas faixas em que tudo se encaixa. Aos 2:20, você se pega imerso, levado pela produção precisa e o groove emocional que só prog rock bem feito entrega.

“Collision of Worlds/ The Parallax Effect” é uma montanha-russa sonora. A abertura caótica dá lugar a um jazz progressivo groovado e sinuoso, uma verdadeira obra de arte em camadas. Depois, “Burning the Plow” surpreende ao trazer elementos celtas na introdução e no final, transportando o ouvinte para os campos da Irlanda.

“Crucible of Loneliness” é, sem dúvida, o coração do disco. Guitarras explosivas e uma construção épica fazem desta faixa o ponto alto. E para encerrar, “Facing The Thing You Fear Most” é um quebra-cabeça progressivo, complexo e emocionante, fechando o álbum com um toque de identidade única.

Para fãs de Emerson, Lake & Palmer, Gentle Giant e The Who, A Road Without Any More Detours é uma ode ao progressivo clássico, mas com a alma contemporânea e autêntica de Erick Duran Manard.