Entrevistas

Isis Lee: “Me manter tentando mesmo com esses entraves é um desafio constante, é preciso acreditar no poder transformador da música”

Isis Lee: “Me manter tentando mesmo com esses entraves é um desafio constante, é preciso acreditar no poder transformador da música”

15 de janeiro de 2025


Com seu single de estreia “The Angel Of Rock” recém-lançado, a cantora, guitarrista e compositora paulistana Isis Lee luta contra constantes barreiras e desafios em prol de espalhar pelo mundo a palavra do rock n’ roll, deixando a mensagem de que nunca é tarde para seguirmos os nossos sonhos.

Uma mulher de 40 anos, mãe e cega devido à retinose pigmentar, Ísis tem muito a dizer e encaixa em sua música de estreia um compilado de influências, e serve como uma carta de apresentação de Ísis perante o cenário do rock brasileiro.

-Queria começar a entrevista te agradecendo pelo seu tempo e dizer que estou bem feliz em conversar com você. Sei que você já canta há alguns anos, mas que recentemente decidiu seguir carreira fazendo rock. Como foi essa transição na sua carreira e o que te motivou a mudar o estilo de música que fazia?
Isis: Em todos os outros estilos por onde passei fazendo música, estava como que me procurando. A resposta é que eu pertenço ao rock e precisava voltar a ele. Mesmo enquanto estava no gospel, quando fiz um rock lá senti que estava fazendo a coisa mais certa (risos). Então eu tive a certeza que deveria voltar aonde eu pertencia.

-Você acaba de lançar seu primeiro single “The Angel Of Rock” que ficou muito legal, parabéns! Como e quando começou o processo de composição desta música?
Conforme sentia a necessidade de responder quem eu era dentro desse estilo tão meu, foi nascendo a composição dessa música. Ela é uma apresentação, ela é um combinado de várias características que sei que não são só minhas mas que também me pertencem.

-E qual mensagem você quis passar com este primeiro single?
De que não há problema em ter coisas que são conflitantes, às vezes querer se esconder dos amigos, às vezes querer estar junto. Somos assim e, tudo bem!

-Ainda sobre “The Angel Of Rock”, a capa do single é bem simbólica e inspira delicadeza. Como foi a concepção desta arte?
Pensar na arte do single me parecia muito abstrato então entreguei a boas mãos e o Wendell Araújo fez todo o bom trabalho que você pode ver.

-Suas influências no rock vão de Rita Lee a Pitty, certo?! Qual a importância destas artistas para a sua musicalidade hoje em dia?
Elas são exemplo, são modelos de mulheres que conseguiram fazer com que sua voz fosse ouvida. Falaram e falam até hoje porque a música vai falar sempre. Nunca deixaram se abater por qualquer coisa que pudesse diminuir quem elas são. Elas vão sempre ser importantes para mim como pessoas que me inspiram a continuar tentando.

-E teve mais alguma banda ou artista que te inspirou a seguir na música?
A banda que eu mais amo é o Oasis, eles me inspiram também por terem sido corajosos mesmo vindo de uma classe trabalhadora. Eles foram fortes e não abaixaram a cabeça. Também me ensinam quando penso que não precisamos fazer algo tão complexo tão cheio de técnica para levar as pessoas a cantar junto. O simples também vira hino e isso a gente pode ver nas músicas do Oasis.

-Sabemos que ser mulher no cenário do rock e metal nunca foi uma tarefa fácil, e que sempre tivemos que lutar contra alguns tabus em prol de vivermos o nosso sonho. Você sendo deficiente visual, quais outras dificuldades você sente sendo uma artista independente no cenário alternativo?
O simples fato de ser pessoa com deficiência me fecha portas, mesmo que pareça o contrário. Me manter tentando mesmo com esses entraves é um desafio constante, é preciso acreditar no poder transformador da música

-Qual conselho você daria para outras garotas que gostariam de seguir carreira na música?
Parece clichê, mas não é: não desista. Mesmo quando tudo parecer de cabeça para baixo, continue. As melhores músicas, de nossos artistas favoritos, nasceram em momentos como esses. A gente também pode estar criando a melhor música, e ser o artista favorito de alguma geração futura. Isso não vai acontecer se a gente não tentar!

-E agora pra quem curtiu o seu som, tem alguma outra banda ou artista que você gostaria de recomendar?
Violet Soda é alternativa, cantada por mulher, e muito boa!

-E quais seus planos para 2025? Algum outro lançamento está por vir?
Tenho duas músicas prontas e já produzidas, e quero lançá-las ao longo desse ano. Espero que uma delas tenha também um videoclipe!

– Para finalizar a entrevista, gostaria de mandar um recado para os leitores do Headbangers News?
It’s just rock ‘n roll, so keep on rocking!

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