Crédito das fotos: André Santos/Heavy Metal Online
A lendária banda punk Black Flag se aproximava do fim de sua turnê latino-americana em São Paulo, no dia 27 de outubro. O Carioca Clube estava quase cheio e animadíssimo, recebendo primeiro o suporte da também muito importante banda do cenário punk do ABC de São Paulo: os Garotos Podres.
Como de costume, um show muito teatral e político. Mao, vocalista e mestre em história, contou anedotas didáticas expondo a base política de suas composições, finalizando com o clássico “Papai Noel velho batuta”.
Não demorou muito para que os americanos do Black Flag entrassem no palco, sem rodeios, com a poderosa “My War”, já ditando o tom de todo o show: energia pesadíssima, violenta e dissonante.
O álbum “My War” foi tocado do início ao fim, desde os sons mais explosivos do lado A até aqueles mais profundos e perturbadores, como “Nothing Left Inside”. A performance do vocalista Mike Vallely se destacou por sua postura energética, de combate e interpretação psicótica.
O mesmo comentou conosco mais tarde na porta do Carioca o quanto ele estava cansado e que, em matéria de público, o show de São Paulo tinha sido o melhor, mas ele não estava satisfeito com sua própria performance.
As duas horas de show que eles trouxeram nessa turnê eram realmente muito intensas e cansativas. A apresentação foi assim dividida em dois sets, com a banda deixando o palco por uns 15 minutos e retornando para o segundo set de clássicos.
O público já estava pegando fogo quando eles retornaram para “Nervous Breakdown”, música que foi interrompida por Vallelly pedindo que alguém desse suporte a um fã machucado. Na segunda tentativa, mais um rompante de clássicos, sem nenhuma palavra dita entre eles, tensão exacerbada e até um episódio de violência entre Vallelly e um fã que subiu ao palco e “ficou por tempo demais, não era o show dele”, segundo o mesmo, que expulsou o fã pelo colarinho sem nenhuma dificuldade.
O membro fundador do Black Flag, Greg Ginn, um músico que exibe uma originalidade e estilo raros, abriu também um raro sorriso quando o segundo set se aproximava do fim, ao observar a apoteose que os fãs da banda estavam vivendo. Foi uma das inúmeras belas cenas de se ver em um show onde banda e público estavam absolutamente entregues.
A celebração terminou com “Rise Above” e “Louie Louie”. Sem sombra de dúvida, uma noite histórica em São Paulo.