Shows

Dia D Festival: Uma noite de extremos no Carioca Club

Dia D Festival: Uma noite de extremos no Carioca Club

17 de abril de 2025


Crédito das fotos: Jaqueline Souza/Metal no Papel

A Tumba Produções trouxe para o Carioca Club uma noite que ficará marcada na memória dos amantes do metal extremo paulistano. O festival Dia D reuniu no último sábado (12) cinco bandas que transitam entre o death metal clássico e o black metal sinfônico, criando uma experiência sonora que foi do subterrâneo nacional às lendas internacionais.

O festival começou à tarde com os paulistas do Funeratus, power trio de Mococa que abriu os trabalhos com a energia necessária para aquecer o público que começava a lotar o Carioca Club. Promovendo seu recente EP “Age of Darkness” (2024), o trio formado por Fernando Trepador (baixo/vocais), André Nalio (guitarras) e Bruno Pereira (bateria) entregou um set conciso e brutal.

Destaque para “Echoes In Eternity” e “Universatan”, que demonstraram a capacidade da banda em equilibrar técnica e agressividade. Apesar do som por vezes abafado – problema comum para bandas que abrem festivais – o Funeratus cumpriu com maestria seu papel de preparar o terreno para o que viria a seguir.

Os gaúchos do Rebaelliun elevaram a temperatura do Carioca Club. O trio de Porto Alegre, formado por Sandro Moreira (bateria), Evandro Passos (guitarra) e Bruno Añaña (voz/baixo), mostrou por que é uma das bandas mais respeitadas do death metal nacional. Promovendo seu mais recente trabalho “Under The Sign Of Rebellion” (2023), mas sem esquecer dos clássicos, a banda foi recebida com entusiasmo pelo público.

O set mesclou faixas de toda sua discografia, com ênfase nos clássicos de “Burn The Promised Land” (1999) e “Annihilation” (2001). A precisão técnica da banda impressionou, especialmente a bateria de Sandro Moreira, que parecia incansável durante toda a apresentação. A conexão com o público foi imediata, gerando os primeiros circle pits da noite.

A primeira atração internacional da noite trouxe o peso da Colômbia para o palco. Masacre, banda que quase foi a primeira contratação latina do lendário selo de Euronymous (Mayhem), mostrou por que é uma instituição do death metal latino-americano. A formação atual, com Juan Carlos Gomez (guitarra), Alex Okendo (voz), Jorge Londoño (guitarra), Alvaro Alvarez (baixo) e Wilson Henao (bateria), entregou um set que passeou por toda sua discografia.

Faixas dos clássicos “Reqviem” (1991) e “Sacro” (1996) dividiram espaço com material de “Muerte verdadera muerte” (2001), “Total Death” (2004) e “Brutal Aggre666ion” (2014). O carisma de Alex Okendo e a sonoridade crua e autêntica da banda conquistaram o público brasileiro, que respondeu com moshpits intensos e gritos de aprovação.

A temperatura já estava alta quando os americanos do Suffocation subiram ao palco. Promovendo seu recém-lançado “Hymns From The Apocrypha” (2024), a banda entregou uma aula de brutalidade técnica. A formação atual, com Terrance Hobbs (guitarra), Derek Boyer (baixo), Eric Morotti (bateria), Charlie Errigo (guitarra) e Ricky Myers (vocais), demonstrou por que o Suffocation é uma das bandas mais influentes do death metal técnico.

O setlist equilibrou novidades como “Dim Veil of Obscurity” e “Hymns From the Apocrypha” com clássicos como “Effigy of the Forgotten” e “Pierced From Within”. A precisão cirúrgica da banda impressionou, com destaque para os riffs de Hobbs e a performance vocal de Myers, que conseguiu a proeza de dar nova vida a clássicos eternizados por Frank Mullen. O encerramento com “Infecting the Crypts” gerou um dos momentos mais intensos da noite, com o público em êxtase.

Samael: O grand finale suíço

Coube aos suíços do Samael fechar a noite com chave de ouro. Celebrando os 30 anos do seminal “Ceremony of Opposites” (1994), a banda liderada por Vorph (guitarras/vocais) e Xy (teclados/programações), acompanhados por Drop (guitarras) e Ales (baixo), entregou uma performance hipnótica que mesclou elementos de black metal com industrial e eletrônico.

A banda executou o álbum “Ceremony of Opposites” na íntegra, com destaque para “Black Trip”, “Baphomet’s Throne” e a faixa-título, que transportaram o público para a atmosfera sombria dos anos 90. O encore trouxe pérolas como “Rain”, “Slavocracy” e “Black Supremacy”, demonstrando a versatilidade da banda ao longo de sua carreira.

A produção visual, com luzes sincronizadas e uma atmosfera quase ritualística, complementou perfeitamente a sonoridade única do Samael, proporcionando um encerramento à altura para uma noite memorável.

O festival DIA D cumpriu sua proposta de reunir diferentes vertentes do metal extremo em uma única noite. Da brutalidade direta do Funeratus à complexidade atmosférica do Samael, passando pela técnica do Suffocation e pela autenticidade latina do Masacre, o evento mostrou a diversidade e a força da cena extrema global. Para os amantes do metal extremo em São Paulo, o DIA D foi, sem dúvida, uma data para entrar para a história.

 

Funeratus SETLIST

Godless

Storm Of Vengeance

Echoes In Eternity

Accept The Death

Miserable Mortals

Indian Healing

Universatan

 

Suffocation SETLIST

Seraphim Enslavement

Thrones of Blood

Jesus Wept

Dim Veil of Obscurity

Effigy of the Forgotten

Hymns From the Apocrypha

Pierced From Within

Funeral Inception

Liege of Inveracity

Infecting the Crypts

 

Samael SETLIST

Black Trip

Celebration of the Fourth

Son of Earth

Till We Meet Again

Mask of the Red Death

Baphomet’s Throne

Flagellation

Crown

To Our Martyrs

Ceremony of Opposites

 

BIS:

Rain

Slavocracy

…Until the Chaos

Black Supremacy

My Saviour

Galeria do show