Com as origens que remontam à década de 60, mais especificamente 1965, quando Portugal ainda vivia sob o regime ditatorial do Estado Novo, EDP Vilar de Mouros é um festival que, além de trazer muito Rock’n’Roll para o norte do país, é também um símbolo de história e resistência.

A nossa viagem já começou na quarta-feira, um dia antes das primeiras apresentações das bandas no festival, e já ficamos impressionados com a beleza de Caminha, um pequeno município com pouco mais de 15 mil habitantes muito próximo à fronteira com a Espanha. De lá fomos até o recinto do festival, em Vilar de Mouros, uma freguesia portuguesa que há pouco mais de 10 anos registrava apenas 753 moradores.

Muito próximo à Ponte Medieval (Gótica) de Vilar de Mouros estava instalado o palco principal do festival, a área de camping e também um palco histórico, com acesso gratuito e que desde a quarta-feira em que chegamos, contou com as discotecagens de DJ Izzy/Rockline Tribe, que animou o público com hits dos mais diversos subgêneros do rock e do metal. Na região do palco histórico ainda havia uma exposição com fotos da edição de 1982, bares e lojas de roupas e acessórios.

Na quinta-feira (25), primeiro dia oficial do festival, o show do The Black Teddy’s fez a abertura enquanto o sol ainda ardia sobre o público. Em seguida, o duo americano Battles trouxe o seu som experimental que circula entre o rock e o jazz, perfeito para o pôr do sol daquela tarde/noite. Às 21h30 o palco recebeu Gary Numan, que inaugurou a iluminação do palco entregando uma performance muito bem executada por todos os membros da banda.

A penúltima banda a se apresentar no dia 25 de agosto foi Placebo, que com pouca interação com o público entre as faixas tocadas, optou por incluir na performance bastante músicas do disco “Never Let Me Go”, lançamento recente da banda. Os maiores momentos da apresentação foi a estreia ao vivo da faixa “Chemtrails” e o fechamento do show, com uma versão renovada de “Running Up That Hill”, cover de Kate Bush gravado pela banda em 2003 e que fez a cantora bater recordes na Billboard jamais alcançados por nenhum outro artista.

A última banda a se apresentar na primeira noite do festival foi Suede, que abriu o show com a nova faixa “She Still Leads Me On” e tocou os maiores hits como “Beautiful Ones”, “trash” e “Animal nitrate”, fechando a noite com “Beautiful Ones”.

Na sexta-feira, dia 26, o clima também era de calor e muitas pessoas curtiram a tarde de sol nas Azenhas de Vilar de Mouros, uma praia fluvial muito próxima ao palco. Os primeiros shows do dia foram das bandas Non Talkers, Clawfinger e Black Rebel Motorcycle Club. A penúltima banda a se apresentar foi Simple Minds, que não estava no line-up inicial mas que veio para substituir Limp Bizkit e Hoobastank, que não puderam estar presentes em Portugal. O show foi uma aula! Assim como a experiência do festival fez com que a organização do evento mostrasse todo o seu profissionalismo, a apresentação de Simple Minds não foi diferente. Entre hits nas vozes de Jim Kerr e Sarah Brown, quem fez o público gritar com toda a potência foi a baterista Cherisse Osei, apresentada pelo líder da banda como “Girl Power” e que fez um solo de bateria que deixou todos as pessoas presentes de queixo caído. A última banda a se apresentar no dia foram os portugueses Tara Perdida.

O último dia de festival (Sábado, 27) sem dúvida recebeu muito mais pessoas que os dois primeiros. Foi o dia com mais artistas portugues no line-up (The Mirandas, Blind Zero e The Legendary Tigerman) e também as atrações mais esperadas pela maior parte do público: os ícones Iggy Pop e Bauhaus.

Iggy Pop, mesmo com seus 75 anos de idade, tem energia de sobra. Canta enquanto pula, se joga no chão, tira a camisa e deixa todo muito mundo impressionado com sua sua apresentação impecável. Acredito que não tenha uma pessoa que não pensou o mesmo: “quero envelhecer assim”.

O fechamento do festival não podia ser diferente: com uma aula feita por Bauhaus. A banda que ficou em hiato por 13 anos voltou a fazer shows em 2021 e provou que o tempo parado não reduziu em absolutamente nada a qualidade de suas apresentações. Com a iluminação baixa, palco escuro e projeções em preto e branco, fomos todos transportados para um filme do expressionismo alemão.

Seguindo o setlist dos recentes shows, Bauhaus deu início a performance com o cover de John Cale “Rosegarden Funeral of Sores”. Entre os hits “Dark Entries” e “The Passion of Lovers”, a banda também tocou o clássico “Bela Lugosi’s Dead”, com direito a versão estendida.

Dos covers tocados pela banda, “Telegram Sam” de T. Rex foi incluído no setlist, assim como a esperada “Ziggy Stardust”, de David Bowie. A surpresa da noite foi quando o vocalista Peter Murphy prestou uma homenagem a Iggy Pop, que tinha dado um beijo em sua mão após o término de sua apresentação, e tocou o hit “Sister Midnight” de Iggy como um pedido de agradecimento pelo beijo e como um ato de respeito mútuo entre os músicos. O cover nunca foi gravado por Bauhaus, mas com certeza o momento ficará gravado na memória dos fãs.

Na memória, além das impecáveis apresentaçõs e imagens de um lugar paradisíaco, também carrego as amizades que fiz neste fim de semana, seja com as meninas de Lisboa (um beijo especial para a Kris e para a Rita) ou com a “malta” de Porto. E que para a Headbangers News seja apenas a primeira de muitas edições de EDP Vilar de Mouros!

Galeria de Fotos

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Vilar de Mouros

Vilar de Mouros, Vilar de Mouros, Portugal, Vilar de Mouros, 4910-584