Carlos Pupo/Headbangers News
Espetáculo:
Tudo o que atrai a vista ou prende a atenção.
Vista grandiosa ou notável.
Qualquer apresentação pública que impressiona ou é destinada a impressionar a vista por sua grandeza, cores ou outras qualidades.
Edu Falaschi consegue atender às três definições de espetáculo que consegui encontrar. Aliás, no Angra ele conseguiu fazer jus a essa definição pela primeira vez, apesar de ter sido escolhido por já ter uma carreira sólida na época. Seu primeiro álbum com a banda, Rebirth, merece todos os elogios e é um dos meus favoritos no power metal. Creio que justamente por sua importância o vocalista resolveu executar esse álbum na íntegra e também para comemorar os vinte anos de seu lançamento. Com um palco grandioso, que atrai a vista e impressiona, a execução poderia ser resumida às principais faixas do álbum, pois as músicas continuam ótimas, mas Edu já não consegue executá-las com a maestria de 2001, algo natural pelo passar do tempo e dos problemas de saúde que sofreu. Além disso, fez com que chegasse “cansado” para a segunda parte do espetáculo: Vera Cruz.
Vera Cruz é uma grande obra do metal nacional e deve ser reconhecido como tal. Também condiz com a capacidade do vocalista atualmente, o que faz todo sentido. O trabalho de Edu e sua banda é primoroso, detalhista, grandioso e consequentemente com um nível de dificuldade altíssimo para o show ao vivo. Por isso toda banda deveria ter focado na apresentação desse trabalho, principalmente para os detalhes técnicos. Um trabalho desse nível, com a produção de palco e toda teatralidade envolvida prenderam a atenção com seu visual impecável, mas a qualidade sonora estava sofrível, com as guitarras em um volume altíssimo, o baixo quase inaudível e a bateria gigantesca de Aquiles Priester parecia ter apenas caixa, tons e bumbos. Chega a ser preocupante como será o resultado da gravação. Além disso todo o discurso de “melhores músicos de power metal da atualidade” acaba colocando um peso desnecessário sobre os excelentes artistas que compõem a banda e acabam ativando a horda de trolls e haters da internet. Todos mostraram exímia capacidade e técnica de execução de suas linhas, principalmente Roberto Barros na guitarra e Fabio Laguna nos teclados. Falar de Aquiles e sua bateria é chover no molhado e a dupla de backing vocals Raissa Ramos e Fabio Caldeira em alguns momentos segura 100% dos vocais. Diogo Mafra na guitarra e Rafael Dafras no baixo completam o time.
Como participações especiais tivemos a alegria de ouvir o violonista (ou multi-instrumentista?) Fábio Lima, o incrível tenor Thiago Arancam, Tito Falaschi na guitarra e as que botaram o Tokio Marine Hall abaixo: Marcello Pompeu e Fernanda Lima em “Face of the Storm”, substituindo Max Cavalera que participou da gravação original. Para completar e prestigiar a música brasileira tivemos Elba Ramalho arrebentando em “Rainha do Luar”.
Enfim, um espetáculo com uma produção raramente vista aqui pelas Terras de Vera Cruz, com nível visual e teatral de apresentações de bandas internacionais em seus respectivos continentes, convidados que prestigiam o trabalho e o público, mas com falhas técnicas preocupantes para uma gravação ao vivo. De qualquer forma Edu Falaschi merece todo reconhecimento e congratulações pela sua ousadia e inspiração em compor e apresentar um grande trabalho.
* Fotos da galeria por: Carlos Pupo/Headbangers News
Setlist
Rebirth
In Excelsis + Nova Era
Millennium Sun
Acid Rain
Heroes of Sand
Unholy Wars
Rebirth (com Fábio Lima)
Judgement Day
Running Alone
Nessun Dorma (solo de Thiago Arancam)
Visions Prelude (com Thiago Arancam)
Vera Cruz
Burden + The Ancestry
Sea of Uncertainties
Skies in Your Eyes
Frol de la Mar + Crosses
Land Ahoy
Fire with Fire
Mirror of Delusion
Bonfire of the Vanities (com Tito Falaschi e Fábio Lima)
Face of the Storm (com Marcello Pompeu e Fernanda Lira)
Rainha do Luar (com Elba Ramalho)
Bis:
Deus Le Volt! + Spread Your Fire
Tokio Marine Hall
Data: 21/08/22
Horário: 18h
R. Bragança Paulista, 1281