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Glenn Hughes: Uma noite de rock e emoção em Belo Horizonte

Glenn Hughes: Uma noite de rock e emoção em Belo Horizonte

8 de novembro de 2023


Crédito das fotos: Iana Domingos/Headbangers News

Cinco de novembro de 2023, Mister Rock estava cheio para receber um rock star original em Belo Horizonte (MG).

Glenn Hughes tomou o palco com a sugestiva “Stormbringer”, faixa-título de um álbum claramente muito influenciado por seu background e versatilidade musicais. O set orbitou em torno do álbum “Burn” do Deep Purple, mas com faixas de outros trabalhos, como esta, que exaltam a composição e a performance do baixista e vocalista que jamais passou despercebido em meio a uma constelação de músicos intocáveis dos anos 70.

Com 72 anos, transbordando carisma e amor pelo público, acenava e dizia “Hello”, “I love you”, mandava beijos e interagia graciosamente. Nesse momento, o som já estava bem afiado, e um dos grandes destaques deste show foi o cuidado com o equipamento e a engenharia de som, que criaram uma experiência coesa com o conceito de celebração da turnê.

A inauguração da noite foi com “Might Just Take Your Life”, trazendo aquele som de teclado que é quase uma máquina do tempo operada pelo tecladista Bob Fridzema. Na sequência, “Sail Away”, com uma das linhas de baixo mais marcantes do álbum “Burn”, onde Glenn passeou pelo estilo vocal mais grave de David Coverdale e convidou o público a fazer o mesmo.

Glenn contou sobre os bastidores do show no California Jam, sobre como Richie Blackmore havia se trancado no camarim por horas e como ele colocou gasolina no equipamento sem que ninguém soubesse. “Não posso fazer isso aqui hoje”, ele brincou.

“Eu gostaria de levá-los de volta ao California Jam”, foi o que ele disse logo depois. Para um público que com toda certeza passou dezenas e dezenas de horas assistindo aos registros desse show emblemático, foi uma explosão: “You Fool No One” foi o primeiro som da noite que incorporou o show icônico de 1974 em suas versões estendidas, estendida ainda mais com “High Ball Shooter” e um solo de bateria impressionante e interminável do estaminado Ash Sheehan.

A reação unânime dos presentes era de reverência perante as demonstrações vocais de Hughes. Ele conserva uma técnica muito bem controlada e sabe aliar-se muito bem com o engenheiro de som que age para garantir sustain e reverb na medida certa.

“Brasil, não há ninguém como vocês, eu os amo”, ele repetiu algumas vezes.

“Mistreated” emocionou antes de encerrar essa primeira parte do show. Também nos moldes do California Jam, o guitarrista Søren Andersen, que em breve papo após o show disse “se preocupar imensamente com a fidelidade ao trabalho de Blackmore”, executou lindamente as oscilações de volume e solos do grande mestre da guitarra neoclássica.

Encerrando a era Hughes do Deep Purple, com direito a homenagem a Tommy Bolin, a elétrica e de nuances oitentistas ‘Getting Tighter” e a lindíssima “You Keep On Moving” do álbum “Come Taste the Band”, deram um tom de alto bom gosto e ritmo à seleção de nove músicas desse set.

A banda não demorou a retornar ao palco para o Encore, com Glenn sem o seu baixo, livre para se debruçar sobre o público e encerrar a noite com as indispensáveis “Highway Star” e “Burn”, clássicos que encapsulam bem toda a energia e entrega desse show de atmosfera inexplicável.

O que nós observamos foram rostos com absoluta admiração e satisfação, lágrimas e suor. Uma produção incansável de Caveira Velha e Solid Music.

É realmente uma honra estar na presença de um dos maiores talentos da história do Rock ‘n’ Roll, the Voice of Rock, o grande Glenn Hughes.

Setlist:

Stormbringer
Might Just Take Your Life
Sail Away
You Fool No One
High Ball Shooter
(Solo de Bateria)
You Fool No One
Mistreated
Gettin’ Tighter
You Keep On Moving
Bis:
Highway Star
Burn

 

Galeria do show