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Monsters of Rock em São Paulo: A despedida inesquecível do Kiss diante de 60 mil fãs

Monsters of Rock em São Paulo: A despedida inesquecível do Kiss diante de 60 mil fãs

24 de abril de 2023


No último sábado, 22 de abril, cerca de 60 mil pessoas lotaram o Allianz Parque, em São Paulo, para a sétima edição do festival Monsters of Rock no Brasil. Este evento oferece aos fãs uma experiência única, proporcionando a oportunidade de assistir suas bandas favoritas ao vivo e compartilhar a emoção do momento com outros entusiastas do rock. Tive o privilégio de comparecer às edições de 1995, 1998, 2015 e agora em 2023, e posso afirmar que este é um dos festivais mais importantes e icônicos da história do rock e do heavy metal.

Chegamos cedo ao Allianz Parque, pois o primeiro show estava marcado para começar às 11h30. A banda que iniciou essa verdadeira maratona foi da cantora alemã Doro, lendária rainha do heavy metal. A performance apresentou um setlist com músicas do Warlock, incluindo “I Rule the Ruins”, “Earthshaker Rock”, “Burning the Witches”, “Fight for Rock”, “Metal Racer”, “Hellbound” e “All We Are”, além de sucessos de sua carreira solo como “Raise Your Fist in the Air” e “All for Metal”. Apesar da qualidade dos músicos e da performance tecnicamente perfeita, o setlist foi curto considerando as circunstâncias. Essa era uma banda que deveria ter se apresentado mais tarde, quando o estádio estivesse mais cheio.

O Symphony X retornou ao Brasil em um curtíssimo espaço de tempo após sua última apresentação em São Paulo. A banda, composta por Michael Romeo, Russell Allen, Michael LePond, Jason Rullo e Michael Pinnella, apresentou uma performance técnica que foi bem recebida pelo público presente.
Algo digno de nota, foi o incidente com microfonia que acabou vitimando dois dos integrantes da banda. O tecladista Michael Pinnella e o vocalista Russell Allen que tiveram o som da mesma altura nos retornos do ouvido, o que quase explodiu seus tímpanos.
Segundo relatos de testemunhas, o som dos retornos estava extremamente alto e fora de controle, o que acabou causando o problema.
Além dos dois músicos que foram diretamente afetados pela microfonia, o guitarrista Michael Romeo também ficou bastante chateado com a situação. Os alto-falantes estavam explodindo ao seu lado, o que tornou a apresentação bastante complicada.
O setlist incluiu músicas como “Nevermore”, “Serpent’s Kiss”, “Sea of Lies”, “Without You”, “Kiss of Fire”, “Run With the Devil” e “Set the World on Fire (The Lie of Lies)”. Embora tenham apresentado um bom conjunto de músicas, muitos fãs podem ter sentido falta de algumas das faixas mais icônicas. Mas, por serem uma das bandas de abertura, esse é o preço a ser pago por se apresentarem tão cedo no festival.

Outro grupo que enfrentou uma situação similar foi o Candlemass. É inegável que essa é uma das bandas mais importantes do doom metal e que sua apresentação no Monsters of Rock certamente foi uma grande oportunidade para que os fãs do Brasil e da América do Sul apreciassem o som da banda ao vivo. Apesar de ser fã da banda britânica Saxon, quando os suecos foram escolhidos para substituí-los no line-up, comemorei discretamente, pois era uma das poucas bandas da lista que ainda não tinha acompanhado ao vivo. Não me decepcionei. A setlist do show incluiu alguns dos clássicos da banda, como “Mirror Mirror”, “Bewitched” e “Solitude”, além de outras músicas menos conhecidas, como “Sweet Evil Sun” de seu álbum mais recente. A escolha das músicas proporcionou um equilíbrio entre a nostalgia dos fãs e a divulgação de novos trabalhos da banda.
A banda alemã Helloween se apresentou às 15h, já com mais público presente na arena, e mostrou sua força e talento em um show cheio de energia. Era de se esperar, pois é um dos grupos que possui uma base de fãs extremamente fiel. Desde que iniciou esta nova “configuração”, os vocalistas Andi Deris, Kai Hansen e Michael Kiske são sempre os destaques das apresentações, e esta não foi diferente.

O setlist contou com músicas como “Dr. Stein”, “Eagle Fly Free”, “Power”, “Ride the Sky”, “Forever and One (Neverland)”, “If I Could Fly”, “Best Time”, “Future World” e “I Want Out”, o que agradou bastante o público presente.
Às 16h30, começou o show do Deep Purple, que posso dizer que foi memorável, para dizer o mínimo. Com um setlist que contou com clássicos da banda, como “Highway Star”, “When A Blind Man Cries”, “Smoke On The Water” e “Hush”, a apresentação foi repleta de momentos emocionantes e empolgantes. O vocalista Ian Gillan não tem a mesma agilidade ou vitalidade no palco, mas emocionou mesmo assim. Já os guitarristas Ian Paice e Roger Glover mostraram toda a sua simpatia e habilidade no palco. A adição do novo guitarrista Simon McBride foi um dos destaques da noite, já que o músico fez uma performance tecnicamente perfeita, substituindo muito bem Steve Morse. Outro destaque do show foi a participação do tecladista Don Airey, que fez um solo incrível e ainda homenageou o Brasil com músicas como “Sampa”, “Brasileirinho”, “Tico Tico no Fubá” e “Meu Brasil, Brasileiro”. Sua habilidade e história na música já fazem valer a apresentação.

Mantendo o cronograma programado, às 18h45 a banda alemã de hard rock Scorpions iniciou seu show. Nunca me decepciono com eles. Eles vieram com um setlist que incluiu muitos de seus hits clássicos e algumas mudanças significativas na letra de “Wind of Change”. O vocalista Klaus Meine decidiu mudar a letra da música para expressar seu apoio à Ucrânia, que atualmente está sendo atacada pelas forças russas. A nova letra foi projetada em uma tela atrás da banda, com as palavras “Agora ouça meu coração / Ele diz Ucrânia / Esperando que o vento mude”.
O show incluiu músicas como “The Zoo”, “Send Me an Angel” e “Rock You Like a Hurricane”, e terminou com um bis que apresentou os sucessos “Still Loving You” e “Rock You Like a Hurricane”. A banda demonstrou sua habilidade em realizar um show energético e emocionante, com um desempenho notável de Mikkey Dee na bateria (como é habitual).

A mudança na letra de “Wind of Change” é uma prova do comprometimento da banda com a conscientização e o apoio à causa ucraniana, o que adiciona uma dimensão emocionalmente poderosa à apresentação. A performance foi um sucesso e demonstrou a habilidade dos Scorpions em adaptar seu repertório e letras para expressar seu apoio a causas importantes.

Então chegamos ao último show e o mais esperado de todo o festival: a turnê de despedida do Kiss, intitulada “End of the Road”. Anunciada em 2018 como a última da banda, a ideia era encerrar uma carreira de quase cinco décadas com uma série de shows grandiosos em todo o mundo. A despedida em São Paulo supostamente deveria ter ocorrido em 30 de abril de 2022, mas não foi isso que ocorreu. O grupo acabou decidindo estender a turnê adicionando novas datas em todo o mundo.
Para a felicidade dos fãs, desta vez tiveram mais uma oportunidade de testemunhar o adeus definitivo dos ícones do rock. Será mesmo que desta vez é um adeus ou um até breve?

Independentemente de ser ou não a última, o Kiss é conhecido por seus shows grandiosos e espetaculares, com toda aquela teatralidade. Uma produção incrível que inclui fogos de artifício, pirotecnia e plataformas giratórias. A banda começou com tudo, tocando “Detroit Rock City” e “Shout It Out Loud”, o que animou a multidão desde o início. O vocalista Paul Stanley interagiu, como é habitual, com a plateia, fazendo com que todos cantassem juntos. A energia não diminuiu ao longo da noite, com a banda tocando clássicos como “Deuce”, “Cold Gin” e “Love Gun”.
Gene Simmons, o icônico baixista do grupo, fez seu famoso truque de respirar fogo durante a performance de “I Love It Loud”, arrancando aplausos da plateia. Tommy Thayer também impressionou com seu solo de guitarra, mostrando sua conhecida habilidade com o instrumento. O baterista Eric Singer teve seu momento de brilho com um solo de bateria incrível de assistir.

A escolha de músicas foi acertada, com um equilíbrio entre sucessos antigos e outros relativamente mais recentes, como “Say Yeah” e “Psycho Circus”. O bis incluiu a emocionante balada “Beth”, com Eric Singer ao piano, seguida de “Do You Love Me” e “Rock and Roll All Nite”, encerrando a noite em grande estilo.

Galeria do show