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Sepultura entrega toda sua energia para fãs apaixonados na segunda data em São Paulo

Sepultura entrega toda sua energia para fãs apaixonados na segunda data em São Paulo

8 de setembro de 2024


Crédito das fotos: Carlos Pupo/Headbangers News

Quando o Sepultura anunciou sua aposentadoria, foi uma surpresa para muitos fãs. A demanda de ingressos, obviamente, foi gigantesca. E foi dessa forma que São Paulo ganhou uma primeira data extra para o sábado (8), recebendo posteriormente uma segunda data extra para o domingo (9). Com todos os ingressos vendidos, fica mais do que claro a paixão que os paulistanos têm com a maior banda da história do Brasil. O quarteto, que iniciou sua carreira em 1984, completa quarenta anos neste ano e, como o próprio nome da turnê diz, celebra sua vida através da morte. Junto dos fãs e de amigos, o Sepultura fez uma grande festa na segunda data esgotada no Espaço Unimed para a loucura dos presentes.

A noite de sábado se iniciou com o Cultura Tres. Na estrada desde 2006, o quarteto conta desde 2019 com o baixista do Sepultura, Paulo Xisto, em sua formação. Os membros originais Juan De Ferrari (guitarra) e Alejandro Londoño (guitarra e voz) também contaram com o brasileiro Henrique Pucci (Noturnall) na bateria, substituindo Jerry Vergara Cevallos. O grupo latino-americano apresenta no palco um sludge metal cadenciado, pesado e com claras influências da musicalidade do Sepultura. Quem não teve a oportunidade de assistí-los na edição deste ano do Summer Breeze Brasil, pode agora ver com seus próprios olhos o peso da música de nossos hermanos. Com um setlist focado em seu último álbum, “Camino del Brujos”, lançado no ano passado, músicas como “Signs”, ‘Time is Up” e “The World and It’s Lies” fizeram parte da curta apresentação.

Assim como na sexta-feira, o Sepultura subiu ao palco apenas às 21h30, com trinta minutos de atraso, após a execução no som ambiente de “War Pigs” e “Polícia”, do Black Sabbath e Titãs, respectivamente. A trilha de introdução que mistura trechos de músicas do grupo culminou em “Refuse/Resist”, com um público aparentemente mais empolgado que sexta-feira. Cantando alto, o jovem Greyson Nekrutman, baterista que assumiu as baquetas da banda substituindo Eloy Casagrande, puxou a introdução de “Territory”, levando os fãs à loucura. Havia a curiosidade se o setlist seria o mesmo da primeira apresentação e, felizmente, pequenas mudanças foram feitas. No lugar de “Propaganda”, “Slave New World” foi a escolhida para fechar o trio de canções do disco “Chaos A.D.”, incendiando o público. Porém, a excelente “Phantom Self” não empolgou a todos. Começando um bloco para celebrar um de seus maiores discos, “Roots”, “Dusted” e a agressiva “Attitude” receberam “Cut-Throat” para fechar o trio, deixando o show mais dinâmico e violento (no melhor sentido possível) do que “Spit”, escolhida no dia anterior.

Andreas Kisser (guitarra) cumprimentou os fãs e agradeceu a presença de todos, dedicando “Means to an End”, do excelente “Quadra”, aos fãs. O disco “Nation” havia ficado, na sexta-feira, sem marcar presença no setlist. Porém, desta vez, a festa contou com “Sepulnation”, fazendo o Espaço Unimed pular em peso. Depois de “Sepulnation”, não houveram mais mudanças no setlist e o show continuou com “Guardians of Earth”, uma das melhores do show com toda sua atmosfera e peso, incluindo blast beats muito bem executados por Greyson.“Mind War”, “False” e “Choke” foram as escolhidas para relembrar os anos em que Igor Cavalera estava no grupo sem seu irmão Max na formação. Retornando a um passado ainda mais distante, “Escape to the Void” fez a alegria dos presentes, com todo seu peso e velocidade. Um grande destaque desta apresentação foi o peso do baixo de Paulo Xisto, muito mais destacado do que na primeira data em São Paulo.

Em parceria com a página Lado Direito do Palco, que vem trabalhando com o Sepultura nesta turnê atual, os fãs que encontravam palhetas escondidas pela casa pelo querido Novato, membro da Lado Direito, ganhavam o direito de subir ao palco para tocar percussão em “Kaiwoas”. Segundo Andreas, a banda resolveu trazer essa jam de volta, como eles faziam antigamente, para trazer fãs e amigos ao palco e celebrar ainda mais o legado da banda. Além do Cultura Tres, o grande destaque foi quando Supla subiu ao palco durante a jam, arrancando do público gritos de “Papito, Papito” no fim da canção. O peso e a agressividade do “antigo Sepultura” voltou ao palco com “Dead Embryonic Cells” e “Biotech Is Godzilla”, com moshs abrindo no meio do público. Encerrando as músicas do “Quadra”, a belíssima “Agony of Defeat” foi cantada por parte do público, com seu refrão melódico e marcante.

“Orgasmatron”, famoso cover que o Sepultura fez gravou de Motorhead, precedeu outro trio do “antigo Sepultura”, com as poderosas “Troops of Doom”, “Inner Self” e “Arise”, encerrando o set principal do show. Para fazer a alegria de todos, “Ratamahatta” e “Roots” foram as escolhidas para o bis, encerrando a apresentação. A energia que “Roots” ao vivo traz é difícil de explicar. Mais difícil ainda era ver alguém que não estava pulando durante um dos riffs responsáveis por criar um novo estilo de metal, influenciando bandas como Korn, Slipknot e toda uma geração do chamado “New Metal”. O público, cantando a plenos pulmões, tornava quase difícil ouvir Derrick cantando, tamanha a energia dos presentes.

Muito se discute, mesmo depois de tantos anos, sobre “qual Sepultura é melhor”. O que, infelizmente, pouco se vê, são fãs que de fato sabem aproveitar o melhor de todas as fases que a banda teve. Essa turnê, “Celebrating Life Through Death”, passa exatamente essa ideia. Celebrar todos estes anos de carreira com o melhor de cada fase, de cada estilo específico. O Sepultura sempre buscou inovar, experimentar, ir além. Assistir um show que passeia por tantos anos de carreira e experiência é uma grande honra. E isso só prova que o fim do Sepultura deixará a história da banda mais viva do que nunca. Sorte a nossa de viver na mesma época que a maior banda de metal da história do Brasil.

 

Setlist – Cultura Tres

1 – The World and It’s Lies

2 – Time is Up

3 – The Land

4 – Proxy War

5 – Day One

6 – Zombies

7 – Signs

 

Setlist – Sepultura

1 – Refuse/Resist

2 – Territory

3 – Slave New World

4 – Phantom Self

5 – Dusted

6 – Attitude

7 – Cut-Throat

8 – Kairos

9 – Means to an End

10 – Sepulnation

11 – Guardians of Earth

12 – Mind War

13 – False

14 – Choke

15 – Escape to the Void

16 – Kaiowas

17 – Dead Embryonic Cells

18 – Biotech is Godzilla

19 – Agony of Defeat

20 – Orgasmatron

21 – Troops of Doom

22 – Inner Self

23 – Arise

24 – Ratamahatta

25 – Roots

Galeria do show