Crédito das fotos: Carlos Pupo/Headbangers News

O ar vibrava com a intensidade de milhares de watts de puro metal. O chão tremia sob os pés de uma multidão vestida de preto, unida em um frenesi coletivo. Bem-vindos ao Festival Março Maldito, um evento promovido pela Tumba Produções, no Carioca Club, em plena sexta-feira (21/03) e que transformou a noite em um epicentro de decibéis e rebeldia, reunindo algumas das mais poderosas forças do metal extremo nacional e internacional.

A noite começou com a estreia explosiva da banda brasileira The Black Spade. Formada em 2018, a banda aproveitou o palco para apresentar seu primeiro álbum, lançado em 2024, “…E Do Fim Se Faz O Início”. Com R.Maniac Hammer na bateria, E.Soulreaper e T.Aversvs nas guitarras, The Black Spade Cavalo Bathory nos vocais e J.Azag no baixo, o quinteto provou que o metal nacional está mais vivo do que nunca, entregando um set list repleto de faixas de seu álbum de estreia que fez o público ir à loucura desde o primeiro riff.

A temperatura subiu ainda mais com a chegada da primeira atração internacional da noite: Sacramentum. Diretamente de Gothemburgo, Suécia, a banda, conhecida pelo lançamento de seu icônico álbum “Far Away From The Sun” em 1996, trouxe uma performance teatral que mergulhou o público na essência do black metal. O vocalista Nisse Karlén, claramente influenciado pelas performances tradicionais do gênero, terminou o show banhado em sangue, criando uma imagem indelével na mente dos presentes. Com Anders Brolycke e C von Grafheim nas guitarras, P.Possessed na bateria e Pablo no baixo, a banda entregou clássicos como “Fog’s Kiss” e “Blood Shall Be Spilled”, em uma apresentação que ficará gravada na memória de todos.

O black n’ roll tomou conta do palco com a chegada dos alemães do Desaster. Com uma carreira que remonta a 1988, a banda provou por que é uma das forças mais respeitadas do gênero. Infernal na guitarra, Odin no baixo, Sataniac nos vocais e Hont na bateria formaram um quarteto implacável, apresentando um set list que passeou por toda sua carreira, desde o clássico “A Touch Of Medieval Darkness” de 1996 até faixas do mais recente “Churches Without Saints” de 2021. “Teutonic Steel” e “Divine Blasphemies” foram apenas alguns dos hinos que fizeram o público entrar em combustão.

Mantendo a energia no máximo, os suecos do Bewitched trouxeram seu black n’ roll com influências diretas do Venom para sua estreia em terras brasileiras. O vocalista e guitarrista Vargher não poupou palavras para expressar sua admiração pelo calor do público brasileiro. Acompanhado por Wrathyr no baixo, Hellfire na guitarra e Robert “Zoid” Sundelin na bateria, a banda percorreu sua discografia com destaque para faixas como “Blood on the Altar” e “Triumph of Evil”, deixando claro porque são uma força a ser reconhecida no cenário do metal extremo.

E quando todos pensavam que a noite não poderia ficar mais intensa, os titãs do thrash metal alemão, Sodom, subiram ao palco. Com a casa completamente lotada e um calor que parecia emanar do próprio inferno, Tom Angelripper (vocal e baixo), Frank Blackfire (guitarra) e Yorck Segatz (guitarra) provaram por que são lendas vivas do metal.

O set list do Sodom foi nada menos que devastador. Abrindo com “Shellfire Defense”, a banda não deu um segundo de trégua. Clássicos como “Agent Orange” e “Sodomy and Lust” fizeram o público entrar em um frenesi coletivo. A energia atingiu níveis estratosféricos com “Outbreak of Evil” e “The Saw Is the Law”, enquanto “Remember the Fallen” trouxe um momento de reflexão em meio ao caos.

Mas foi no bis que o Sodom entregou o golpe final. “Bombenhagel” explodiu como uma bomba sônica, deixando todos os presentes em estado de êxtase total. O suor escorria, as gargantas estavam roucas, mas ninguém queria que aquele momento acabasse.

Ao final da noite, com os ouvidos ainda zumbindo e o corpo exausto, ficou claro que o Festival Março Maldito não foi apenas um evento musical – foi uma celebração do poder duradouro do metal extremo. De bandas emergentes como The Black Spade a lendas consagradas como Sodom, o festival provou que o metal é uma força que transcende gerações, unindo pessoas em uma comunhão de energia, rebeldia e paixão pura pela música.

O Março Maldito deixou uma marca indelével em todos os presentes, reafirmando que o metal não é apenas um som – é um estilo de vida que ecoa muito além dos amplificadores, ressoando na alma de cada participante por muito tempo após o último acorde. Foi uma noite em que o inferno pareceu subir à terra, e ninguém queria voltar ao paraíso.

SETLIST SACRAMENTUM

Burning Lust

Fog’s Kiss

Far Away From the Sun

When Night Surrounds Me

Blood Shall Be Spilled

To the Sound of Storms

Awaken Chaos

Formação:

Nisse Karlén (vocal)

Anders Brolycke (guitarra)

C von Grafheim (guitarra)

P.Possessed (bateria)

Pablo (baixo)

SETLIST DESASTER

Satan’s Soldiers Syndicate

Devil’s Sword

Learn to Love the Void

Sacrilege/Profanation

Towards Oblivion

Damnatio Ad Bestias

Teutonic Steel

Nekropolis Karthago

Hellbangers

Divine Blasphemies

Metalized Blood

SETLIST BEWITCHED:

Blood on the Altar

Night of the Sinner

Holy Whore

Hellcult

Deathspell

Sabbath of Sin

Triumph of Evil

Fucked by Fire

Worship the Fire

Hellcult Attack

Hellblood

Cremation of The Cross

At the Gates of Hell

Hard as Steel (Hot as Hell)

SETLIST SODOM

Shellfire Defense

Jabba the Hut

The Crippler

Agent Orange

Let’s Fight in the Darkness of Hell

Sodomy and Lust

Blasphemer

Tired and Red

Conflagration

Nuclear Winter

Leave Me in Hell (cover Venom)

Outbreak of Evil

The Saw Is the Law

Ausgebombt

Remember the Fallen

BIS:

Bombenhagel

Galeria do show