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Summer Breeze 2024: 26/04 – O hard rock vive!

Summer Breeze 2024: 26/04 – O hard rock vive!

1 de maio de 2024


Crédito da foto: Carlos Pupo/Headbangers News

O primeiro dia de Summer Breeze foi marcado pela grande presença de bandas do cenário Hard Rock de diferentes cantos do planeta. Apesar de não ser o único estilo presente no dia, era facilmente o com mais representantes, incluindo os headliners Sebastian Bach, Mr. Big e Gene Simmons Band. O festival teve seu pontapé inicial com os suecos do Nestor no Ice Stage, um dos palcos principais do festival. O grupo trouxe ao Brasil um setlist com músicas do seu único álbum, “Kids in a Ghost Town”, lançado em 2022. Músicas como “On The Run” e “These Days” fizeram parte de sua apresentação, assim como a faixa título do disco e um excelente cover de “I Wanna Dance With Somebody”, clássico da americana Whitney Houston. Diferente do Hard Rock apresentado pelos suecos, o Sun Stage recebia todo o peso do Cultura Tres que iniciava a sexta-feira com seu característico Sludge Metal. Grupo formado por membros de três países da América do Sul, o Brasil é representado no grupo por Paulo Xisto (Sepultura). Nesse retorno ao país depois de seis anos de sua primeira passagem, o quarteto latino vem divulgando seu último álbum, “Camino de Brujos”, lançado em 2022. Voltando aos palcos principais, foi a vez do Hot Stage receber a apresentação de estreia do Flotsam & Jetsam em terras brasileiras. Na ativa desde 1984, o grupo é comumente lembrado por ter contado com Jason Newsted (ex-Metallica) em sua formação original. Foram necessários quarenta anos de estrada para que os americanos se apresentassem em nosso país, fazendo um show memorável e cheio de peso. “Hammerhead”, “I Live You Die” e “Prisioner of Time” foram algumas das faixas de sua apresentação.

Enquanto o clássico trio Dr. Sin apresentava seu hard rock para uma boa multidão no Sun Stage, Edu Falaschi trazia sua banda e uma bonita produção para o Ice Stage. Essa é uma das dificuldades encontradas pelo público quando se está em um festival desse porte. Vários shows acontecem ao mesmo tempo em palcos diferentes, obrigando-os a fazerem escolhas nem sempre tão fáceis. Porém, ambos os palcos estavam muito bem representados pelos fãs. Edu Falaschi, porém, não estava em seus melhores dias. Apesar do setlist certeiro com sucessos de sua época no Angra, o vocalista tinha certa dificuldade para executar aquelas faixas. Porém, nada disso tirou o brilho dos olhos dos fãs que ainda se encantam ao ouvir o antigo vocalista do Angra cantando faixas como “Rebirth”, “Nova Era”, “Waiting Silence” e “Temple of Hate”. Das treze músicas apresentadas no show, apenas “Sacrifice” e “Eldorado” eram de sua carreira solo. De resto, apenas músicas do Angra e a clássica “Pegasus Fantasy”, cantada pelo vocalista enquanto seu violão teve problemas. Mais tarde, o Sun Stage recebia o retorno ao país dos britânicos do Tyger of Pan Tang. Um dos precursores do New Wave of British Heavy Metal, o grupo fez a alegria dos que lotaram o palco e aproveitaram uma das melhores apresentações do dia. A banda demonstra uma energia de jovens garotos, mesmo estando tocando desde 1978. Ao mesmo tempo, o Black Stone Cherry trazia toda a sua energia no Hot Stage. Os americanos, que fizeram seu primeiro show no país desde 2016, demonstraram uma excelente performance por parte de seus membros, animados e empolgados em praticamente todas as músicas.

Os fãs da música pesada foram agraciados com uma potente apresentação do Exodus no Hot Stage. O grupo liderado por Gary Holt (Slayer) é um dos maiores expoentes do Thrash Metal americano e não deixou os fãs pararem de bater cabeça. Abrindo o show com o hino “Bonded by Blood”, a apresentação ainda teve clássicos como “Blood In, Blood Out”, “Piranha” e “The Toxic Waltz”, essa última contando com os riffs de “Raining Blood”, do Slayer, dando uma aula de Thrash. Enquanto o Exodus se apresentava, o Massacration trazia seu humor misturado com metal ao público no Sun Stage. Com direito até a referências ao clássico programa de tv dos anos 90 “Sabadaço”, a banda nascida do grupo Hermes e Renato trouxe seus maiores sucessos e personagens no meio de sua elogiada apresentação. Já no Hot Stage, depois da pancadaria apresentada pelo Exodus, era a hora do primeiro headliner do dia. Sebastian Bach é um velho conhecido do Brasil, já tendo inúmeras passagens pelo país. Carinhosamente apelidado de “Tião”, até o cantor entrou na brincadeira, incitando o público a chamá-lo assim por diversas vezes. O cantor fez questão de ressaltar o quanto estava feliz em estar de volta ao país, demonstrando todo seu carinho para com o público brasileiro. O setlist, basicamente feito com músicas de sua ex-banda Skid Row, contou com clássicos como “18 and Life”, “Rattlesnake Shake” e “Youth Gonna Wild”, incluindo até um cover de “Tom Sawyer”, do Rush.

O Ice Stage recebeu, depois do show do “Tião”, a possível última apresentação do Mr. Big em São Paulo. Em turnê de despedida após o falecimento do baterista Pat Torpey, Eric Martin (vocal), Billy Sheehan (baixo) e Paul Gilbert (guitarra) recrutaram Nick D’Virgilio (Spock’s Beard) para assumir as baquetas e presentear os fãs com clássicos seguidos de clássicos. “Addicted to that Rush” e “Take Cover” foram as responsáveis por abrir a apresentação. O show de São Paulo, por ser um festival, não permitiu que a banda executasse todo o disco “Learn Into It”, como vem acontecendo no resto da turnê, porém faixas como “Alive and Kickin’”, “Green-Tinted Sixties Minds” e “Just Take My Heart” marcaram presença, além de “Daddy, Brother, Lover, Little Boy”, que conta com Paul e Billy tocando seus instrumentos com uma furadeira. Um show recheado de emoção e Hard Rock da melhor qualidade. Muito técnicos, o grupo enche os olhos de quem os assiste. Porém, o Mr. Big precisou dividir seu público com a apresentação do The 69 Eyes no Sun Stage. Os finlandeses, forte nome do Gothic Rock, foram os responsáveis por soltarem o lineup do festival fora da hora, revelando algumas atrações ainda não anunciadas oficialmente. A apresentação contou com músicas que passearam pela carreira do grupo, com uma performance elogiada por quem presenciou.

O Summer Breeze havia prometido uma atração surpresa para o domingo quando o lineup foi revelado. Muito se especulou sobre essa apresentação. Quando foi revelado que a atração surpresa seria a banda solo de Gene Simmons, houve um misto de alegria e frustração entre as reações do público pela internet. Esse anúncio também acarretou com a mudança do Mercyful Fate, originalmente escalado para tocar na sexta-feira, para o domingo. Os fãs de Kiss ficaram empolgados pela oportunidade de ver o Demon de forma diferente, mais intimista, sem toda a magia e efeitos especiais apresentados pelo grupo. Em contrapartida, parte do público esperava uma banda diferente, já que a apresentação surpresa estava marcada para domingo, dia mais “pesado” do festival. De qualquer forma, Gene Simmons e sua banda foram os responsáveis por encerrar os trabalhos de sexta-feira no palco principal e o fizeram com maestria. Acompanhado por Brent Woods (guitarra), Zach Throne (guitarra) e o veterano baterista Brian Tichy (ex-Whitesnake), Gene Simmons presenteou os fãs com um setlist repleto de clássicos do Kiss como “Shout It Out Loud”, “Detroit Rock City”, “Lick It Up”, “Love Gun”, “I Was Made For Loving You” e “Rock and Roll All Nite”, assim como covers de “Communication Breakdown”, do Led Zeppelin, e “Ace of Spades”, do Motorhead, faixa tocada em homenagem à memória de Lemmy. O show, cru, foi reforçado por Simmons quando este disse no palco sobre não haver nenhuma trilha pré gravada. Tudo era ao vivo, o que visivelmente o orgulhava. Sua banda, precisa e de qualidade ímpar, reforçou o motivo de Gene Simmons ser uma grande lenda viva do rock mundial. Enquanto Gene celebrava sua música com os fãs, o Biohazard levava o público ao delírio no Sun Stage. A banda lembrou que, na primeira vez que veio ao Brasil, teve um problema com a polícia federal e foram recomendados a nunca mais voltarem ao país, o que só fez os membros do grupo quererem ainda voltar para cá. Com direito a sinalizador aceso no mosh, os americanos apresentaram o melhor do seu Hardcore, enlouquecendo os presentes em um show poderoso, encerrando as atividades de sexta-feira.

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