Crédito das fotos: Tamires Lopes/Headbangers News
Um pouco mais de um ano após o primeiro show da banda em solo brasileiro, um dos maiores nomes do Metal Progressivo/ Djent retorna com a turnê do seu mais novo álbum, War of Being, lançado em setembro de 2023.
Mais uma vez promovido pela Liberation MC, o evento teve início às 19h, com abertura do There’s No Face, banda paulistana de Metalcore que lançou o seu primeiro LP (Contra/Senso) em abril deste ano. Com muita energia e presença de palco, fizeram uma apresentação digna, iniciando os trabalhos de forma satisfatória e aquecendo os ouvidos do público para a grande atração da noite.
Pontuais, como todo bom britânico, o TesseracT subiu ao palco às 20h. Iniciaram os trabalhos com a faixa “Natural Disaster”, que abre o novo álbum. Uma introdução poderosa que imediatamente capturou a atenção do público. A energia crua e a complexidade rítmica da música definiram o tom para o restante da noite. Na sequência, “Echoes” embalou a plateia com seu início intenso, permitindo que se perdesse na imersiva paisagem sonora que a banda cria com maestria. Uma grande amostra da versatilidade deste quinteto, que mescla muito bem peso e melodia, com belas passagens atmosféricas.
Profundidade e Dinâmica
O setlist prosseguiu com “Of Mind – Nocturne”, grande hit de Altered State (2013), um dos álbuns mais queridos pelos fãs. Um refrão icônico, combinando elementos atmosféricos com uma carga emocional intensa, foi, sem dúvidas, uma das faixas onde mais se ouviu a voz da plateia. A transição para “Tourniquet” foi notável, com sua abordagem mais “simples”, mas ainda mantendo a sofisticação progressiva característica do grupo. Sem dúvidas uma das canções mais belas e emotivas de Polaris/Errai (2016), com seu início calmo e um build-up que culmina numa explosão sensorial, com Daniel Tompkins apresentando todo seu potencial como vocalista. Aliás, por diversas vezes foi ovacionado pelo público quando alcançava as notas mais altas, impressionando a todos e reiterando a sua posição como um dos maiores vocalistas da sua geração.
Falando em transição, é notável a forma como a banda flui bem entre uma faixa e outra, sem deixar a bola cair, com poucas ou nenhuma pausa durante todo o setlist.
“Sacrifice” e “King” seguiram, demonstrando a diversidade musical da banda. “Sacrifice” foi um destaque por sua profundidade lírica e melódica, enquanto “King” trouxe uma carga poderosa e assertiva, elevando a intensidade do show.
Momentos de Reflexão e Crescimento
Na sequência, apresentaram uma dobradinha do álbum Sonder (2018), iniciando com “Smile” e sua mistura de fragilidade e força, com muito groove, características que representam muito o som da banda como um todo. A complexidade da apresentação evoluiu com “The Arrow”, que trouxe de volta a atmosfera hipnótica apresentada em “Tourniquet”, com um crescendo potente e que funciona bem demais como fechamento do álbum, mesmo sendo uma canção de curta duração.
“War of Being” e “Legion” foram recebidas com entusiasmo, cada uma representando aspectos distintos da jornada musical da banda. A primeira trouxe uma sensação épica e grandiosa, com seus 11 minutos de duração, enquanto a segunda ofereceu um peso técnico impressionante e uma atmosfera densa, ambas demonstrando toda a versatilidade da banda.
Grand Finale e Encore
A performance culminou com “Juno”, uma faixa que encerrou o set principal com uma mistura poderosa de melodia e complexidade rítmica. Com um groove delicioso, é uma das faixas onde o baixista mais brilha. Falando nele, Amos Williams é um dos membros com maior presença de palco, ao lado do vocalista, Daniel Tompkins. Impossível tirar os olhos do palco com figuras tão expressivas.
O primeiro número do encore, “Concealing Fate, Part 2: Deception”, foi um retorno triunfante às raízes da banda, com sua narrativa musical envolvente e mudanças dinâmicas que mantiveram a plateia em constante expectativa. Uma faixa intensa e intrincada, onde todos os instrumentos brilham, com destaque especial para os guitarristas Acle Kahney e James Monteith, além do trabalho de percussão do mestre Jay Postones. Não à toa, a platéia abriu um pequeno mosh durante a execução desse encore, que terminou com “Concealing Fate, Part 1: Acceptance”, fechando a noite de maneira majestosa, proporcionando uma conclusão satisfatória e emocionante para um show memorável.
Foi uma verdadeira experiência sensorial para os fãs de Metal Progressivo. Trouxeram um setlist fortemente focado no seu último trabalho, War of Being, mas sem esquecer de alguns clássicos, numa performance que captura a essência e a evolução musical da banda.
A apresentação de TesseracT foi um exemplo brilhante de como a banda consegue equilibrar técnica e emoção em uma performance ao vivo. Cada música foi executada com precisão e paixão, criando uma experiência que tanto os fãs de longa data quanto os novos ouvintes puderam apreciar. Com um setlist tão diversificado e bem estruturado, ficou claro que a banda continua a evoluir e cada vez mais solidificam seu lugar como uma das principais forças do Metal Progressivo.
Setlist:
Natural Disaster
Echoes
Of Mind – Nocturne
Tourniquet
Sacrifice
King
Smile
The Arrow
War of Being
Legion
Juno
Encore:
Concealing Fate, Part 2: Deception
Concealing Fate, Part 1: Acceptance