O público que esteve no Fabrique Club, em São Paulo, na noite de 04 de Dezembro (domingo) presenciou apresentações intensas de metal extremo. A abertura ficou a cargo do projeto Manu Joker & The Röttens, formado por Manu Joker (vocal, Uganga, ex-Sarcófago, AngelButcher), Maurício Nogueira (guitarra, Tribal Scream, ex-Krisiun, Torture Squad, Matanza), Vitor Munhoz (guitarra e teclado, Zarta), Michel Crisaor (baixo, Crisaor) e Bráulio Drummond (bateria, Dorsal Atlântica, ex-Unearthly).
Manu e seus colegas de banda executaram na íntegra o álbum “Rotting”, do Sarcófago, além da faixa “Total Violence”, do AngelButcher. Como convidado especial, o grupo contou com a presença de Armando “Beelzeebubth”, da veterana banda de black metal baiana Mystifier. Foi um “opening act” perfeito para aquecer o ambiente e preparar a plateia para o que estaria por vir.
Por conta de outros eventos sendo realizados na mesma noite na capital paulista, creio que contribuíram para que não desse “sold out” neste show. Mesmo assim, o público do black metal e do metal extremo em geral é muito fiel e empolgado. Com o aquecimento devidamente feito, os gritos de “Watain, Watain, Watain!” começaram a surgir.
O palco começou a ser preparado com velas pretas e vermelhas sendo acesas, assim como um altar ao pé da bateria que remete aos ritos pagãos pré-cristianismo. Sangue também foi espalhado na beira do palco e à distância eu não soube determinar se era real ou cenográfico. Confesso que senti um cheiro estranho no ar, tive a impressão que era sangue de algum animal. O clima já estava se formando de maneira densa.
Parte da plateia que estava na chamada “fila do gargarejo”, teve as mãos borrifadas com este sangue e então começaram a surgir os integrantes da banda sueca.
O vocalista Erik “E.” Danielsson apareceu portando uma tocha para acender as velas que restavam à frente do palco e então tudo explodiu em um set poderoso começando com “Ecstasies in Night Infinite” do álbum mais recente. Cabe ressaltar que a presença de palco de Danielsson é algo assombroso, com uma teatralidade e um controle ímpar da plateia. Eu acompanhava com agonia quando ele permanecia com sua mão estendida sobre a vela acesa e me perguntando como ele não se queimava.
O culto satânico continuou com “Black Flames March”, do álbum The Wild Hunt, seguida de “The Howling”, também do álbum lançado neste ano de 2022. Outras mais antigas, como “I Am the Earth”, “Reaping Death” e “Devil’s Blood” foram executadas na sequência acendendo a fagulha dos primeiros mosh pits. Achei que demorou para acontecer, pois a energia que vinha do palco era impetuosa.
Em uma sequência de faixas recentes vieram “Serimosa”, “Not Sun nor Man nor God” e “Before the Cataclysm”, que fizeram com que a reputação do Watain permaneça ilibada, pois elas me pareceram muito mais brutais ao vivo do que no álbum de estúdio.
Chegando à reta final, vieram as excelentes “Nuclear Alchemy” e “Malfeitor” encerrando em tudo de fora bárbara e violenta. O equilibrio entre o novo e o antigo deram o tom do repertório muito bem escolhido.
Conhecidos por sua produção e shows na Europa, com palco em chamas e outras pirotecnias que não couberam no pequeno espaço destinado a eles no Fabrique, ainda assim comprovaram que são um fenômeno e uma das melhores bandas de metal extremo da atualidade. Com uma experiência visual e auditiva completa, entregando o som caótico e aterrorizador da escuridão ritualística.
Ainda quero acompanhar um show deles com o palco completo, espero que seja em breve. Quem sabe em algum grande festival?

Galeria de Fotos

Formação:
Erik “E.” Danielsson (vocal)
Pelle “P.” Forsberg e H. Death (guitarra)
Alvaro Lillo (baixo)
E. Forcas (bateria)

Setlist:
Ecstasies in Night Infinite
Black Flames March
The Howling
I Am the Earth
Reaping Death
Devil’s Blood
Serimosa
Not Sun nor Man nor God
Before the Cataclysm
Nuclear Alchemy
Malfeitor

Fabrique Club

Rua Barra Funda, 1071 - Barra Funda