Crédito das fotos: Steve Thrasher/DWP
Aos leitores que sempre querem saber como são os festivais americanos e suas diferenças em relação aos europeus, eis aqui o relato do Welcome to Rockville, que aconteceu no mês passado, entre os dias 9 e 12 de maio.
Os festivais americanos têm uma estruturação mais urbana, acontecendo em lugares de fácil acesso (de carro). No entanto, eles também batem recordes a cada edição, seja no número de bandas (acredito que neste Welcome to Rockville houve um volume de bandas que nunca tinha visto antes) ou na questão da estrutura, muito semelhante ao que temos no Lollapalooza por aqui, também ocorrendo no famosíssimo autódromo de Daytona Beach (quem nunca jogou naqueles simuladores durante a infância? É exatamente como vemos).
Neste ano (o último Welcome to Rockville que vi foi em 2018, em outra cidade da Flórida, Jacksonville), houve 2 dias a mais de festival e, se não estou enganada, 3 palcos a mais. Ou seja, foram 5 palcos, sendo 2 principais, onde tocaram mais de 80 bandas!
Vale ressaltar que o espaço é tão grande que existiam carrinhos de golfe levando a imprensa e os artistas para outros palcos. Aliás, o cuidado com a imprensa foi (como das outras vezes) muito bacana e respeitoso.
A estrutura do festival em si foi muito boa em termos de diversidade do que comer e beber, com vários postos de água. Talvez as tendas de merchandise possam ser mais numerosas nos próximos eventos, pois em um festival dessa dimensão, o caminho era bem longo)
Desta vez, além de alguns headliners que literalmente concentraram o público inteiro do festival em seu palco, dei atenção a algumas bandas consagradas (Judas Priest, Mötley Crüe, Limp Bizkit) que não via há algum tempo, e outras que nunca tive a chance de ver porque nunca tocaram em território brasileiro. Fiquei muito feliz em poder conferi-las finalmente.
Pelas minhas contas, foi possível ver cerca de 35 shows nos 4 dias. Escolhas tiveram que ser feitas e muitas não foram fáceis, mas como disse, priorizei muitas bandas que veria pela primeira vez.
Entre as bandas que estavam no topo da lista para ver ao vivo (a maioria de stoner, doom, sludge) estavam Crobot – com quem tive a oportunidade de conversar com o guitarrista e principal compositor (e também tatuador) Chris Bishop –, All Them Witches, Dead Poet Society, Clutch, Kittie, Plush e Theory of a Deadman (com o vocalista Tyler muito espirituoso e bem-humorado).
Das bandas em ascensão, Architects, In This Moment, Mammoth WVH e Dirty Honey (estes dois últimos fizeram shows espetaculares e ainda não tocaram por aqui, mas é questão de tempo) trouxeram shows bastante enérgicos e mostraram por que estão fazendo a diferença. Mal posso esperar para que novos expoentes do Hard N’ Heavy venham para estas terras.
Dos já consagrados, Foo Fighters, a banda mais esperada por todos os presentes, entregou um ótimo show, com as piadinhas recorrentes e jogos de Dave Grohl com a plateia. O set list foi mais curto do que o habitual em shows próprios, e o público lotou a área dos dois palcos principais. Destaco o show do Judas Priest, com todo o carisma de Rob Halford, que aos seus mais de 70 anos ainda tem uma voz impecável e trouxe os maiores sucessos da banda. A banda ao vivo é sempre muito entrosada e com uma acuidade ao tocar mais que impecável. Acredito que foi um dos melhores shows do festival, sem dúvida.
Entre as gratas surpresas, Mötley Crüe mostrou estar em melhor forma com a (ainda) recente adição de John 5 na guitarra, que executa um show à parte com tamanha precisão ao tocar. O set list não teve grandes surpresas, mas trouxeram um ótimo show! Limp Bizkit, que fechou uma das noites, também foi bastante esperado e teve seus momentos de destaque, incluindo um “chá revelação”, participação de Jellyroll e os maiores sucessos no final.
Outras bandas que tiveram grande destaque por trazerem um ótimo setlist e bom entrosamento com o público foram Offspring, fazendo a maioria dos presentes cantarem a plenos pulmões praticamente todas as músicas e rirem bastante com a interação entre Dexter, Noodles e o público. Essa interação também foi vista com Theory of a Deadman, que mostrou-se visivelmente à vontade tocando (e até atendendo um telefonema da mãe?! – aqui pode ter sido uma brincadeira de Tyler) no festival.
É importante ressaltar que os festivais americanos têm essa tendência de misturar estilos, o que é algo muito bom, pois abrange gostos diversos e possibilita um incrível intercâmbio de novidades entre os presentes, dando chance ao público de conhecer novas bandas e permitindo que estas criem seu próprio espaço e oportunidades maiores de estarem em evidência.