A banda de hardcore nova-iorquina H2O está prestes a desembarcar no Brasil para duas apresentações que prometem ser inesquecíveis, celebrando seus 30 anos de carreira. Estes shows, que acontecem em São Paulo no Fabrique Club em 19 de outubro e em Curitiba no Basement Cultural em 20 de outubro, marcam a despedida do grupo dos palcos brasileiros, conforme anunciado pelo vocalista Toby Morse. Em meio aos preparativos para essa turnê histórica, conversamos com o baixista Adam Blake para saber o que ele espera dessa sequência de shows no Brasil e refletir sobre sua trajetória musical.
Headbangers News – Gostaria que você falasse um pouco sobre como chegou a tocar o baixo no H2O. Quando decidiu entrar no ramo da música?
Adam Blake – Quando eu era criança, a primeira banda pela qual realmente me apaixonei foi o Iron Maiden. Para mim, foi a banda que transformou a música de algo que acontecia apenas ao fundo em uma verdadeira obsessão. Como qualquer fã do Iron Maiden sabe, o baixista Steve Harris é a alma da banda. Então, se Steve Harris tocava baixo, eu também queria tocar baixo. Além disso, na juventude, percebi que todo mundo queria ser guitarrista. Então, ao escolher o baixo, você aprende a tocar e ganha mais opções, tornando-se um pouco mais requisitado.
HBN – Como isso impactou sua decisão de fazer parte de uma banda hardcore?
Adam Blake – Descobri o hardcore relativamente cedo na vida. Minha primeira paixão musical foi o metal, que me introduziu à música. Mas com o hardcore, percebi que ele tinha a mesma energia e agressão controlada, quase celebratória, mas com uma mensagem mais relevante. Como músico, você começa tentando imitar as coisas que ouve e ama. Então, foi natural para mim querer tocar música hardcore. Quando toquei meus primeiros shows na Inglaterra com minha pequena banda, você sente a energia de estar no palco e ver a plateia respondendo. Acho que é o melhor tipo de música para tocar por essa razão. No hardcore, estamos todos juntos, e eu amo isso.
HBN – Quais foram os primeiros desafios como banda? Quais foram os principais desafios que vocês enfrentaram no início, agora que o H2O é tão famoso?
Adam Blake – Honestamente, tivemos um caminho mais fácil do que muitas bandas por causa de onde estávamos. Estávamos em Nova York, onde havia muitos lugares para tocar e outras bandas que nos apoiavam. A cena hardcore é real. Se você é uma banda jovem e conhece alguns caras de bandas mais antigas, eles te colocam nos shows deles. Para nós, o maior desafio foi a quantidade de trabalho que tivemos que colocar. Tocávamos 300 shows por ano por quase 10 anos. Mas, como dizem, se você faz o que ama, nunca trabalha um dia na vida. Você fica cansado, não está em casa, mas vai tocar shows. É o show em si, é poder subir no palco e fazer isso com essas pessoas.
HBN – Como essas influências de outras bandas e todos esses shows que vocês tocaram tanto enquanto cresciam no ramo da música deram a vocês uma identidade ao longo do tempo? Como isso evoluiu para o que vocês são hoje?
Adam Blake – Acho que, de muitas maneiras, éramos como uma peça quadrada tentando se encaixar em um buraco redondo. Quando começamos a banda, o hardcore era muito pesado. E nós chegamos com canções de amor, melodias e harmonias, que não eram comuns no hardcore, mas fomos aceitos. Aprendemos que, desde que você seja fiel a si mesmo e trate as outras pessoas corretamente, as outras bandas vão te aceitar.
HBN – Quando você pensa na sua discografia, quais álbuns ou músicas você consideraria que representam mais sua carreira musical em todos esses anos?
Adam Blake – Eu diria que o primeiro álbum, com certeza, porque captura um momento no tempo. Depois, “Go”, porque representou uma fase diferente em nossa carreira, onde passamos de ser puramente uma banda hardcore para uma grande gravadora. E então “Nothing to Prove”, porque representa o ciclo completo: estamos de volta a um selo hardcore, fazendo um disco no estilo old school. Esses três são marcos em nossa carreira.
HBN – Quando você pensa nas letras do H2O, é tudo sobre família, amizade, resiliência ou perseverança. Como esses temas refletem não apenas a família e os membros da banda, mas também os fãs que ouvem sua música?
Adam Blake – É meio louco porque toda vez que tocamos em qualquer lugar, vejo pessoas que estavam lá quando eu tinha 23 anos e ainda estão lá. Elas parecem mais velhas e todos nós crescemos juntos. Essa ideia de família é central; a banda é uma razão para todas essas pessoas se reunirem. Todos nós crescemos juntos. Vejo pessoas na plateia hoje que, toda vez que vou a uma cidade nos últimos 30 anos, elas estão lá. É incrível.
HBN – É incrível também ver como o H2O afetou de alguma forma a música hardcore globalmente. Como você percebe isso? É algo que você nota ou é algo que apenas passa despercebido?
Adam Blake – Acho que é verdade, e eu reconheço isso, mas tento não ser muito afetado. Se você me perguntasse se nossa banda teve uma influência positiva, sim, com certeza. Mas acho que se começar a se ver como essa banda que fez essas coisas, talvez você perca um pouco daquela humildade e conexão.
HBN – Existem algumas colaborações que você considera memoráveis ou talvez turnês que você fez que são importantes não apenas para o H2O, mas também para a música ou para a carreira musical?
Adam Blake – Tivemos a sorte de ter convidados incríveis em nossos discos, como Louie Cola, Tim Armstrong, Dickie Barrett, Roger do Agnostic Front. Ter essas pessoas nos discos é fantástico porque é para sempre. No palco, tivemos Rancid, Jimmy G, CM Punk cantando conosco. É incrível a quantidade de pessoas que nos mostraram amor. Não posso escolher apenas um.
HBN – Vocês estão vindo agora para o Brasil para alguns shows. Como é a sensação de voltar e ver esses caras depois de tantos anos tocando shows no mundo e celebrando 30 anos da banda?
Adam Blake – É realmente incrível. Fomos à Europa algumas vezes e ver todas as pessoas lá foi incrível. Mas sabíamos que, ao percebermos que era o 30º aniversário, teríamos que fazer coisas especiais. Sabíamos que a América do Sul tinha que estar na programação porque o público lá nos mostrou tanto amor. Queremos retribuir. O 30º aniversário é tanto sobre as pessoas que fizeram parte dessa jornada quanto sobre os membros da banda, então temos que celebrar juntos.
HBN – Existe alguma história com um fã ou experiência com um fã que você gostaria de destacar de algum show que vocês fizeram no Brasil ou talvez na América do Sul que você se lembre?
Adam Blake – Posso te contar uma do Chile. Às vezes o público fica meio louco. Acho que a polícia de choque não gostou de algo e jogaram gás lacrimogêneo no local. Estávamos todos lá fora chorando. Uma garota se aproximou e disse: “Eu realmente gosto da sua banda, posso tirar uma foto com você?”. E eu estou chorando e ela está chorando. Foi um momento incrível porque, embora na hora tenha sido assustador, quando você olha para trás, foi legal. Isso acontece com bandas hardcore e punk rock.
HBN – Quais são os planos futuros do H2O depois dessa turnê de 30 anos?
Adam Blake – Nosso plano é olhar para isso como uma maratona. Queremos continuar tocando. Podemos ser um pouco menos ativos, mas ainda queremos continuar fazendo shows. Podemos fazer um novo disco, ainda estamos tentando descobrir isso. Agora você pode simplesmente lançar uma ou duas músicas. Temos algumas músicas que gostamos e podemos gravar como novo material do H2O. Vamos continuar, ver o que acontece.
SERVIÇO
H2O em São Paulo
Abertura: Pense e Treva
Data: 19 de outubro de 2024 (sábado)
Horário: 16h
Local: Fabrique Club
Endereço: Rua Barra Funda, 1071 – São Paulo, SP
Ingresso: https://fastix.com.br/events/h2o-em-sao-paulo
H2O em Curitiba
Abertura: Gritando HC, Norte Cartel e Mustaphorius
Data: 20 de outubro de 2024 (domingo)
Horário: 16h
Local: Basement Cultural
Endereço: Rua Desembargador Benvindo Valente, 260 – São Francisco – Curitiba, PR
Ingresso: https://fastix.com.br/events/h2o-em-curitiba
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