Entrevistas

Alex Coelho (Andralls): “Lembro de começar a fazer riffs em casa e depois mostrar para a banda, e eles ficarem empolgados com tudo, realmente esse disco levou o Andralls para uma nova etapa na carreira”

Alex Coelho (Andralls): “Lembro de começar a fazer riffs em casa e depois mostrar para a banda, e eles ficarem empolgados com tudo, realmente esse disco levou o Andralls para uma nova etapa na carreira”

28 de fevereiro de 2023


Canal Scena / Family Mob Studio

Andralls é uma banda de thrash metal formada em 1998, em São Paulo, que tem como principal influência thrash metal dos anos 80, com uma sonoridade rápida e direta, destacando-se por sua originalidade.

A banda estreou recentemente uma temporada de shows em comemoração aos 20 anos de lançamento do álbum icônico “Force Against Mind” (2003). Conversamos nessa entrevista com o vocalista e guitarrista da banda, Alex Coelho, sobre a mini turnê de três meses que celebra o álbum que definiu a trajetória do Andralls.

“Force Agaisnt Mind” recebeu bastante elogios por trazer uma sonoridade diferenciada, que tornou-se característica do Andralls: fasthrash. Além disso, nessa entrevista, abordamos um pouco sobre a trajetória da banda, a parceria com Caveira Velha Produções no relançamento do álbum em vinil com edição limitada. E, claro, sobre os planos do Andralls para 2023.

 

HBN: Neste ano, o icônico álbum “Force Against Mind”, que é reconhecido pelo público e pela crítica como um clássico, completa 20 anos. Fazendo uma retrospectiva da história do Andralls, como você vê hoje a importância desse álbum para trajetória da banda?
Alex: Esse álbum foi feito depois de alguns shows da turnê do primeiro cd, esse é o primeiro álbum com o Xandão na bateria, foi mágico escrever ele, me lembro de começar a fazer riffs em casa e depois mostrar para a banda, e eles ficarem empolgados com tudo, realmente esse disco levou o Andralls para uma nova etapa na carreira.

HBN: Em 2003, época do lançamento do “Force Against Mind”, o cenário era bem diferente do que vivemos atualmente. Quais as principais dificuldades que vocês enfrentaram no início da banda? E ao fazer um paralelo entre 2003 e 2023, quais mudanças você destaca como mais significativas para a banda?
Alex: O mundo de hoje é bem diferente, já se passou vinte anos, e outra tecnologia e estrutura. Mas a garra e a vontade que tínhamos de fazer uma coisa nossa, naquele momento era muito grande, por ser o segundo cd da banda, tínhamos que fazer algo foda, para mostra que o Andralls estava pronto, para mostrar um novo thrash metal como falávamos nosso fasthrash, umas das mudanças que destaco e que hoje a formação é só com uma guitarra e nessa época a banda tinha duas.

HBN: O álbum recebeu ótimas críticas da mídia especializada, justamente por apresentar um álbum de thrash metal direito, pesado, rápido, técnico. Desde o início a banda já tinha como proposta resgatar um som que remete as raízes do thrash metal dos anos 80. Conta um pouco como foi o processo de composição e gravação desse álbum?
Alex: Quando acabamos a tour do nosso primeiro cd, começamos a escrever esse disco, cada um foi para sua casa compor algo bom, e assim apresentávamos no ensaio para os outros membros da banda, e misturávamos todas as ideias e começávamos a escrever as músicas. Lembro que a primeira música desse cd foi a Rotten Money, consegui fazer ela em uma tarde, tocando sozinho em casa, essa música mostrou o caminho que o disco teria.

HBN: Em parceria com a Caveira Velha Produções, vocês estão relançando “Force Againt Mind” (2003) em vinil. Conta como surgiu essa proposta de relançar o álbum em vinil e como foi fechada essa parceria?
Alex: A banda tem toda sua discografia lançada por gravadora no Brasil e na Europa, mas faltava esse sonho de ter um Vinil da banda, aí conversamos com o Alan que tem a gravadora Caveira Velha Discos, e na hora ele topou fazer, já que ele adora esse disco da banda, e foi muito tranquilo, foi feito uma tiragem de 250 cópias que já estão se esgotando. E quando pegamos o disco na fábrica foi mágico, e ele está muito bonito.

HBN: Nos últimos anos houve um crescimento nas vendas de discos em vinil. Como você vê essa volta do vinil, principalmente numa perspectiva de ser um nicho voltado para um público bem mais específico? Você possui ou coleciona discos de vinil?
Alex: O vinil sempre esteve lá no lugar dele, só que agora ele está um pouco mais forte, acredito que essa nova geração tem procurado o vinil para ouvir a diferença de escutar música digital e num toca discos, é diferente, eu particularmente gosto do grave e da sujeira que tem a música tocada num disco. Eu atualmente tenho uma coleção de mais de 80 discos.

Force Against Mind/ Caveira Velha Produções

HBN: Para comemorar os 20 anos de “Force Against Mind” (2003), o Andralls fará shows em fevereiro, março e abril apresentando o reportório na íntegra. A estreia acontece agora dia 12 de fevereiro no Red Star Sutdios (São Paulo-SP). Podemos dizer que será uma mini turnê de comemoração. Conta para gente qual é a principal proposta dos shows e o que os fãs podem esperar?
Alex:
Nós vamos fazer uma pequena tour pelo Brasil tocando o Force Against Mind na íntegra, e mais alguns clássicos da banda, e também o último single lançado pelo Andralls. O que posso adiantar é que os ensaios estão frenéticos, uma energia muito foda, e vamos fazer um grande show para todos os headbangers.

HBN: Dessa primeira apresentação no Red Star Studios vocês vão gravar e lançar o “Live Against”, álbum ao vivo dessa celebração de 20 anos do Force Against Mind” (2003). Quem vai produzir o álbum e já tem uma previsão de lançamento?
Alex: O Andralls só tem um disco ao vivo, que já faz muito tempo que lançamos, aí decidimos fazer um novo disco ao vivo, ele vai conter 17 músicas, vai ser todas as músicas do Force Against Mind e mais alguns clássicos da banda, ele vai ser todo gravado e produzido no Red Star Studio, e ele vai ser lançado em todas as plataformas digitais e também em cd. Acredito que ele esteja disponível no segundo semestre desse ano.

HBN: Um ponto bastante interessante na discografia do Andralls é a produção musical e concepção gráfica de alto nível, mantendo sempre a criatividade e qualidade na sonoridade. Ao longo de mais de duas décadas, como você define as mudanças no processo de composição dos álbuns e quais você destaca como os mais importantes da sua carreira como músico?
Alex: A discografia de uma banda que tem 25 anos de história acaba mudando, e contando um pouco de cada época da banda. Nós mudamos muito, e isso acaba refletindo na música. Antes, na hora de compor, eu escrevia riff e letras que naquele momento tinha que ser tocado e cantado. O mais interessante de escutar cada disco da banda que você consegue ver essas mudanças não é uma coisa igual. E a parte de compor, eu acabei criando um jeito meu de escrever coisas novas, pois com o tempo você vai vendo o que funciona e o que não é tão bom para banda.

HBN: Após a pandemia, nessa retomada, vocês fizeram uma bem-sucedida turnê em 2022, promovendo o álbum “Bleeding For Thrash” (2019), sendo que nesse tempo Felipe de Freitas (baixo) foi substituído por André Mellado. Como foi essa mudança na dinâmica da banda? E qual a importância da retomada dos shows, que inclusive passou pelas regiões do norte e nordeste, onde possuem uma base de fãs muito forte da banda?
Alex: Essa tour era para ter acontecido antes, mais a pandemia acabou cancelando ela. Nessa época, o Felipe ia fazer a tour, mas ele acabou saindo da banda. Ele teve uma proposta para morar na Europa e ele foi. Felipe é um grande amigo e foi tranquilo essa mudança, quando ele falou que iria sair, o Xandão já pensou imediatamente no André, e essa mudança foi tranquila. André e um grande amigo, ele mora próximo de todos da banda, e isso ajuda muito, tem a nossa idade, e já era para ele ter entrando na banda. Eu convidei ele para tocar no Andralls quando eu estava montando a banda em 1998, mas nessa época ele já tocava em outras bandas, e acabou não entrando no Andralls. Mas ele está totalmente integrado e tem um jeito único dele de tocar baixo.

 

Dani Moreira

HBN: Quais bandas influenciaram o início do Andralls? E quais banda nesse atual momento vocês ouvem e que exercem uma influência na forma como vocês veem o processo criativo e são referências na forma de compor?
Alex: Nós sempre tivemos um gosto musical bem parecido, no começo escutávamos Slayer, Megadeth, Annihilator, Nuclear Assault, a escola Thrash Metal da época. E hoje em dia acabamos escutando essas bandas clássicas dessa época, eu tenho escutado muito ultimamente Vader e Decapitated.

HBN: Quais bandas de thrash metal nacionais você acredita que estão se destacando por fazer um som de qualidade e que você se identifica de alguma forma?
Alex: O Brasil sempre foi e será o berço do thrash metal, por causa do Korzus e Sepultura e outras bandas que deixaram o estilo bem enraizado no país, hoje temos várias bandas da nova safra de thrash metal como Nervosa, Valvera, Hammurabi, Cemiterio, Disgrace and Terror, entre outras. E a qualidade sonora, musical e performace dessas bandas estão no nível gringo, hoje não devemos nada para nenhum lugar do mundo.

HBN: São mais de duas décadas, oito álbuns de estúdio, dividiram o palco com grandes nomes do metal internacional, fizeram turnês pelo Brasil, América Latina e Europa. Quais sãos os planos para o futuro?
Alex: Os planos e lançar esse disco ao vivo esse ano, depois lançar um disco novo, e tocar o maximo possível onde a banda naão tocou, esse ano vamos fazer uma tour pela America do Sul e vamos começar a planejar a primeira tour pelo E.U.A.

HBN: Alex, muito obrigada pela entrevista. Deixe um recado convidando o público para essa série de shows comemorativos do icônico álbum “Force Against Mind”.
Alex: Eu que agradeço a oportunidade, gostaria de falar que é uma honra poder tocar essas músicas para vocês 20 anos depois de ter feito elas. Não imaginaria no passado que elas seriam tão marcantes para todos nós. Nos vemos pelos shows do Andralls pelo Brasil, e que quero agradecer todos vocês, por ajudar e prestigiar o verdadeiro underground Brasileiro, comprem cds, vão aos shows de bandas brasileiras, só assim vamos deixar nosso estilo cada vez mais forte e resistente a tudo.
Stayfasthrash!!!!!!