Entrevistas

Desencadeando o caos e rompendo limites: uma entrevista com Endrah

Desencadeando o caos e rompendo limites: uma entrevista com Endrah

31 de julho de 2024


Em um cenário musical dominado por estilos mais convencionais, a banda ENDRAH surge como uma força disruptiva, misturando hardcore e death metal em uma fusão sonora brutal e complexa. Formada em 2000 por César ‘Covero’ e o antigo baixista TJ, ambos ex-membros do Nervochaos, a banda logo se destacou por seu som inovador e sua atitude destemida. Desde o início, ENDRAH se propôs a desafiar as normas estabelecidas, tanto no nome – uma variação de Indra, divindade hindu, com uma homenagem à banda Meshuggah – quanto na música.

Desde o lançamento de seu primeiro EP, ‘DEMONstration‘, em 2004, até o mais recente single ‘Madness‘, ENDRAH sempre buscou aprimorar sua técnica e intensificar sua sonoridade. A transição para um trio após a saída do vocalista Relentless trouxe novos desafios e oportunidades, culminando em um som ainda mais afiado e agressivo. A nova formação, composta por César ‘Covero’ (guitarra/vocal), Adriano ‘Kardec’ Vilela (baixo/vocal) e Bruno Santin (bateria), trouxe uma dinâmica inédita, com ‘Covero’ e ‘Kardec’ dividindo os vocais e elevando o nível da banda a patamares nunca antes alcançados.

O single “Madness”, a primeira amostra desta nova era, dá um vislumbre do que está por vir. Com letras que exploram temas sombrios como loucura, desespero e violência, a faixa antecipa o lançamento do aguardado álbum “Bloodshed and Violence”, previsto para o fim deste ano. Co-produzido, mixado e masterizado pela própria banda em parceria com Franco Torrezan, o trabalho foi realizado no Casarão Music Studio, em Piracicaba/SP. A princípio, o álbum contará com dez faixas que são descritas como “músicas de ódio atrás de ódio,” destacando a intensidade e a crueza deste novo trabalho. “Bloodshed and Violence” promete explorar uma brutalidade ainda mais intensa, combinando elementos de velocidade, groove e passagens técnicas que fundem Hardcore e Death Metal.

Conversamos com César ‘Covero’, guitarrista e vocalista, que compartilhou detalhes sobre o processo criativo da banda, a escolha por seguir como trio e a inspiração por trás do próximo álbum, ‘Bloodshed and Violence‘. Com temas líricos que abordam a realidade brutal do ser humano, ENDRAH se prepara para lançar um trabalho que promete ser o mais extremo de sua carreira. Ao falar sobre o single ‘Madness’ e o videoclipe que o acompanha, Kardec destacou a importância de mostrar a nova formação e a evolução da banda.

Primeiramente, vamos falar um pouco sobre o início da banda. Conte para nossos leitores quando e como tudo começou! E como surgiu a escolha do nome “ENDRAH”?

César ‘Covero’ – A banda surgiu em 2000, eu e o antigo baixista TJ tocamos no Nervochaos juntos aí ele saiu e decidimos montar outra banda, ele conhecia o Fernando Schaefer aí começamos o Endrah. Que na verdade começou com o nome de INK mas quando o Billy do Biohazard ouviu algumas músicas e quiz fazer parte da banda disse que tinha uma banda despontado em NY com esse nome e poderia causar problemas futuros. O nome Endrah vem de Indra que é uma divindade no Hinduísmo, ai colocamos o E no começo e o H no final homenageando uma banda que a gente curte muito o Meshuggah.

Quais os artistas que moldaram a formação de vocês? E quais as principais influências que norteiam o som da banda?

César ‘Covero’ – Como eu disse na resposta passada Meshuggah. Também Cannibal Corpse, Pantera, Hatebreed e por ai vai. A ideia era mesclar o hardcore com o death metal o que não era comum e nem muito aceita na época, começo dos anos 2000.

Na discografia do ENDRAH, há trabalhos sólidos como o EP ‘DEMONstration’ (2004), o álbum homônimo ‘Endrah‘ (2006) e ‘The Culling‘ (2013). Já são quase duas décadas de trajetória. Como você vê a evolução da banda desde o primeiro lançamento até o momento atual?

César ‘Covero’ – A gente sempre estudou nossos instrumentos e sempre buscamos evoluir musicalmente, então acaba sendo natural essa evolução. Ai com o passar dos anos fomos sempre buscando uma sonoridade mais complexa e brutal. Agora em trio alcançamos uma maturidade sonora com um nível técnico bem alto e conseguimos transmitir todo ódio e energia no nosso som.

Banda Endrah. Crédito: Franco Torrezan

Banda Endrah. Crédito: Franco Torrezan

 

Como é o processo criativo de vocês? Vocês escrevem as músicas juntos ou cada um traz suas ideias separadamente para o grupo?

César ‘Covero’ – Geralmente eu gravo os riff e vamos trabalhando o som em conjunto, cada um na sua casa mesmo. Depois da popularização da internet ficou muito mais fácil trabalhar nas músicas, falo isso porque no começo eu gravava os riff em fita cassete no meu walkman pra não esquecer e depois a gente se juntava no ensaio para trabalhar nas músicas. Hoje em dia gravo no computador mando pros caras, cada um trabalha na sua parte e quando a gente se junta a música está praticamente pronta.

O que motivou a banda a seguir como um trio após a saída do vocalista Relentless? Quais foram os maiores desafios enfrentados durante a transição para a nova formação?

César ‘Covero’ – Acabamos optando por ficar em trio pela logística a princípio. Tava difícil conciliar tempo de todos para conseguir fazer a banda produzir. Mas ai quando fizemos o primeiro ensaio em trio vimos que tinha muito potencial de permanecer assim. A parte mais difícil foi desligar o Relentless da banda porque ele é um grande amigo de longa data, mas como ele mora nos USA estava muito difícil das coisas acontecerem então fizemos essa escolha pela continuidade da banda.

Cesar 'Covero'. Banda Endrah. Crédito: Divulgação.

Cesar ‘Covero’. Banda Endrah. Crédito: Divulgação.

Recentemente, vocês lançaram o novo single ‘Madness’, que veio acompanhado de um videoclipe. É uma bela forma de apresentar esta nova fase da banda. Pode nos contar um pouco sobre a inspiração por trás dessa música? Como tem sido a recepção do single?

César ‘Covero’ – Hoje em dia com a facilidade de todo mundo assistir um vídeo na internet não tem como fugir, e também mostrar a cara da nova formação. A inspiração vem de anos de estudo e trabalho em cima do estilo que a gente criou durante todos esses anos e acaba sendo bem natural fazer esse tipo de som. A recepção está sendo incrível em vários lugares do mundo, muitas pessoas ficaram surpresas com o resultado do mesmo jeito que nós ficamos no primeiro ensaio, então agora é continuar com a desgraça (risos).

Madness’ é uma música bastante intensa. Como se deu a escolha dessa faixa como uma prévia do lançamento do novo álbum da banda, ‘Bloodshed and Violence’?

César ‘Covero’ – A gente optou por esse som por ele ser mais direto e bem brutal, porque tem coisa muito pior por vir.

Um videoclipe é uma ferramenta poderosa para complementar a narrativa da música, além de dar vida às emoções e mensagens contidas na canção. Conte-nos um pouco sobre a ideia de transformar o single ‘Madness’ em videoclipe e como foi o processo de gravação?

César ‘Covero’ – Não tem como fugir disso hoje em dia, todos os grandes artista fazem isso também então foi bem natural fazer o clipe junto com o single e também para ajudar na divulgação dessa nova formação.

Ao apresentar a arte de capa de ‘Bloodshed and Violence’, vocês compartilharam que este novo álbum possui uma temática ‘agressiva e repulsiva das letras’, inspirada em histórias reais de assassinatos, mortes e ódio extremo. Pode nos contar mais sobre os aspectos sonoros e líricos deste novo álbum?

César ‘Covero’ – Decidimos fazer uma temática brutal nas letras retratando casos verídicos aqui do Brasil. Histórias reais que acontecem aqui, as vezes até perto da gente e mostrar como o ser humano é um lixo quando quer cometer atrocidades. Como buscamos uma sonoridade extrema e brutal as letras tem que acompanhar nossa música.

"Bloodshed And Violence" Arte de capa por Endrah.

“Bloodshed And Violence” Arte de capa por Endrah.

 

Como se deu o processo de produção e gravação deste novo álbum? E como foi a experiência de trabalhar com Franco Torrezan na co-produção, mixagem e masterização do álbum?

César ‘Covero’ – Quem apresentou o Franco pra gente foi o Bruno Santin que é de Piracicaba, da mesma cidade do Franco. Devia a nossa agente meio caótica porque todos tem outras bandas e atividades estamos gravando por partes. Mas ja esta tudo pronto e estamos finalizando o processo de gravação. Sobre o Franco é um cara que nos surpreendeu muito pelo profissionalismo e pela dedicação nos pequenos detalhes trazendo um resultado destruidor, limpo e brutal ao nosso som.

Como vocês equilibram os elementos de hardcore e death metal na sonoridade da Endrah, especialmente neste novo álbum?

César ‘Covero’ – Entao desde 2000 quando começamos o Endrah a ideia sempre foi essa. Na época muitos torciam o nariz porque a galera do HC não se misturavam com e galera do metal e vice versa. Mas a gente sempre curtiu os dois estilos e nunca ligamos muito para as regras saca? Música não tem tem regras e nem fronteiras. A gente se sentiu muito confortável em fazer essa mistura desde então. E hoje em dia é um amadurecimento de quase 25 anos, é bem natural o processo de composição misturando o peso e o Groove do HC com a brutalidade e a técnica do Death Metal.

Já tem uma data de lançamento para o novo álbum? Quais são as diferenças mais notáveis entre as novas faixas e os trabalhos anteriores da banda?

César ‘Covero’- Acredito que até final do ano o álbum estará lançado. A principal diferença tá na evolução técnica, então estamos mais rápidos e brutais do que nunca. Na parte vocal agora o Adriano “Kardec” e eu assumindo os vocais deixou a banda ainda mais agressiva com vocais mais variados e a temática extremamente brutal das letras mostrando a realidade nojenta do ser humano lixo.

O que o público pode esperar da turnê de divulgação do novo álbum?

César ‘Covero’ – Claro, esse ano como estamos nesse processo de gravação não sei se vamos conseguir tocar e também devido a agenda de shows que o Bruno Santin tem que cumprir com o Sepultura, para quem não sabe ele é roadie de batera do Sepultura e com essa última turnê o tempo está bem escasso.

Estamos finalizando essa entrevista. Deseja deixar uma mensagem para os nossos leitores?

César ‘Covero’ – Primeiro agradecer o espaço, o apoio a todas as bandas e falar pra galera comparecer nos shows, comprar material das bandas e apoiar a cena em geral. Foda-se as regras e curtam e apoiem todos os artistas que vocês gostarem. Estamos aqui para mostrar o ÓDIO EM FORMA DE MÚSICA E APAGAR AS LINHAS QUE SEPARAM O HC DO DEATH METAL e como eu sempre digo A DESGRAÇA NÃO PARA.

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