O baixista Paulo Doc concedeu entrevista ao site Headbangers News e falou sobre o processo criativo do Lacerated And Carbonized, grupo carioca que têm se destacado no cenário da música extrema nacional.
A banda, formada em 2006, lançou seu álbum de estreia “Homicidal Rapture” em 2011, recebendo um bom retorno da crítica e do público. Isso rendeu uma posterior turnê pela América do Sul e a tocar em shows ao lado de banda de renome como Sepultura, Mayhem, Belphegor e Immolation.
O trabalho seguinte, “The Core Of Disruption”, de 2013, teve a produção do alemão Andy Classen, que já trabalhou com Krisium, Destruction, Tankard e Legion Of The Damned. Com isso, duas turnês europeias se seguiram. No terceiro álbum, repetiram a parceria com Andy Classe para “NarcoHell”, de 2016.
Como é esta mistura de death metal, thrash metal e música regional? De onde partiu a inspiração de vocês?
É tudo uma grande amálgama do que mais nos influencia em termos musicais e também daquilo que sai naturalmente das nossas criações. Não há um direcionamento predefinido, nosso único filtro é analisar, como fãs de metal, se aquele resultado atingido tem ou não tem qualidade, se agrada ou não agrada. Para nós, tolher a espontaneidade ou impor limites retiraria o sentido de estar em uma banda.
Sobre os ritmos regionais, diria que quem trouxe esse background para a banda foi o Victor (baterista), que sempre estudou diversas escolas rítmicas em sua formação. As inserções que ele começou a introduzir fizeram todo o sentido no contexto das nossas músicas e desde então incorporamos esse tipo de elemento ao nosso som.
A crítica social também está sempre presente nas letras do grupo. Como vocês encaram o cenário atual de seu estado e do país como um todo?
Encaramos a situação com muito pessimismo, pois não há sinais de que os governos (passados, presentes e futuros, dada a qualidade da nossa classe política em geral) tenham a efetiva disposição de fazer as reformas necessárias para que as coisas comecem a melhorar de fato. Na verdade, o Estado é um grande cúmplice de todo o caos social em que vivemos. Enquanto o povo não for educado, no real sentido da palavra, não há perspectiva positiva. Não há dúvidas de que nossos netos viverão uma realidade ainda mais brutal do que a nossa.
Algumas letras são em inglês, outras em português, mas qual é o processo fundamental de composição da banda?
Basicamente, há muitas ideias que partem do Caio (guitarrista) e elas são trabalhadas, desenvolvidas e lapidadas por todos nós em conjunto. Com as letras o processo é parecido, sendo que geralmente sou eu que trago as primeiras ideias. Contudo, outras composições surgiram de forma diferente (Hell de Janeiro, por exemplo, foi exclusivamente escrita pelo Jonathan Cruz).
O importante é que, em algum momento, toda a banda desenvolve a música em conjunto e é aí que nossa essência realmente aparece.
Como a banda classifica o panorama nacional para os grupos brasileiros?
Desafiador, mas cheio de oportunidades. Tudo é muito dinâmico na cena metal. O que temos hoje já é muito diferente do que se via há quatro anos, por exemplo. Basicamente, é preciso estar presente com força nas mídias digitais mas sem deixar de lado a estrada. É ao vivo que uma banda pode ser considerada uma banda de verdade, no olho no olho, na interação com o público. A essência do metal permanece a mesma. Números de streaming e marketing digital ajudam, é claro, mas você não será uma banda de verdade só com isso. Nada substitui a rodagem de um artista e seguimos fiéis a esta filosofia.
Vocês têm se destacado no cenário do metal extremo. Como foi tocar pela América Latina e Europa em grandes turnês?
É sempre um grande prazer estar na estrada, botando a cara e conquistando mais espaço com o passar do tempo. Os festivais ajudam muito nesse sentido, pois te apresentam a pessoas que não necessariamente conheciam seu trabalho antes de te verem ali. E o crescimento acaba sendo palpável a cada tour em que pegamos shows e festivais maiores de forma geral. Todo mundo, uma hora ou outra, acaba nos vendo em algum palco. Nunca vamos parar de excursionar!
Quais são os próximos passos a partir de agora? Tem novos projetos para 2019?
Estamos em pré-produção do nosso novo disco, que sairá ainda esse ano se tudo correr como planejado. Depois disso, é pé na estrada e muita destruição mundo afora. Esperamos encontrar e tomar uma cerveja com cada um de vocês!