Anne C. Swallow/ Nuclear Blast
Paradise Lost é como um vinho. Quanto mais velho fica, mais encorpado. Oblivion é obscuro, reflexivo e absurdamente cheio de texturas. Mesmo com 32 anos fazendo música, este quinteto britânico continua lançando álbuns que marcam história e é um registro que realmente é significativo para o estilo que perpetuam – o Death/Doom Metal. É claro que tiveram alguns romances com o rock alternativo obscuro com os clássicos dos anos 90 “One Second” e “Host” mas logo engataram clássicos como “Tragic Idol” e “Faith Divides Us – Death Unites Us”. Foi, no entanto, com “The Plague Within” e “Medusa” que os fãs testemunharam o retorno da banda á velha escola do metal brutal carregado e super arrastado. “Oblivion”, o novo petardo da banda, não foge da regra – e digo mais, a ausência de luz neste registro é simplesmente arrebatadora. Conversei um pouco com o carismático vocalista Nick Holmes, que contou mais sobre a experiência de compôr mais este registro, suas experiências com o rock alternativo e claro, suas histórias em Terras Brasilis.
Como você está passando por esta pandemia?
Nick Holmes – Bom, eu estou bem apesar destas inconveniências que estão acontecendo. Não tive acontecimentos drásticos como perder pessoas que amo ou ter alguém contraindo o vírus. Muitas pessoas fazem disto um grande acontecimento, mas na minha opinião não é como a Segunda Guerra Mundial, sabe? Certamente traz um pouco de medo, mas para mim não tem sido um momento ruim.
Já usando a sua fala como gancho, vocês demonstram a tragédia Humana como no clipe “Fall From Grace” que demonstra exatamente o oposto de sua afirmação.
NH – Na verdade, este vídeo foi feito antes da pandemia e até antes de tudo que está acontecendo, mas eu acho que sempre existe um pouco de ambiguidade no que fazemos. Então você sempre pode relacionar algo para uma situação. Mas sabe, o vídeo é um pouco sombrio, mas você certamente não terá um vídeo de pessoas dançando num vídeo do Paradise Lost (risos).
Acho que a fase dançante do Paradise Lost já passou há algum tempo não (risos)? Com álbuns como ‘Host’ ou ‘Believe in Nothing’?
NH – Bom, eu já vi pessoas dançando com músicas como Run to the Hills do Iron Maiden (risos). Você pode dançar com aquilo que você quiser, sabe? Se algo tiver uma batida, uma velocidade correta e uma mixagem é sempre um convite para se dançar. A música Say Just Words tinha um sentido para isto sim, mas sempre fomos muito influenciados por Sisters Of Mercy, então sempre tivemos no rodapé da página, por assim dizer, um pouco daquele sentimento Gótico da época. Faz parte do nosso estilo.
Mas quando falamos no álbum ‘Gothic’ do Paradise Lost, onde o termo Gótico realmente foi usado pela banda, o estilo foi usado de uma forma bem diferente não?
NH – Ao ouvir o álbum novo, você terá muito do ‘Gothic’ nele, como nas músicas Ghosts e Hope Dies Young, você terá muito da influência gótica, mas nossa influência vai até o começo dos anos 80 e final dos anos 70 com bandas como Siouxie and the Banshees, Bauhaus que são bandas que estiveram na ativa quando tínhamos 13 – 14 anos. Este tipo de gótico foi uma influencia muito forte para nós. O que é chamado gótico hoje, não é mais a mesma coisa sabe? Estas bandas de gótico da época ficaram presas no tempo e ninguém toca este tipo de música mais. Apesar de sempre termos sido aqueles carinhas pequenos do Metal, a gente sempre ouvia este estilo de música.
É engraçado você falar em pequenos rapazes do Metal, quando é o Paradise Lost com mais de 30 anos de história da cena musical…
NH – Mas sabe, eu lembro de quando a gente tinha uns 13 – 14 anos de idade quando comparávamos o comprimento de nossos cabelos, sabe? Ainda bem que não temos este tipo de problema mais (risos).
Vocês desistiram um pouco de falar sobre cabelos já que você claramente nem pode mais falar sobre o assunto (risos)
NH – Sim (risos). É terrível como a idade foi ingrata com todos nós. Faz parte do passado (risos).
Você mais uma vez foi responsável pelas letras do álbum e quando você lê as letras para Ghosts e até Fall From Grace você escreve muito sobre temas absurdamente obscuros. Qual é sua inspiração quando você escreve sobre estes temas?
NH – Eu muitas vezes escrevo sobre o meu estado de espírito, mas nem sempre. Quando escrevo sobre as minhas inspirações eu uso incrementos de três anos mais ou menos, como no último álbum, em que as minhas visões sobre as coisas têm pelo menos três anos. Mas a minha visão sobre as coisas não muda muito, mas quando vejo meus filhos crescerem, é o que mis vejo ultimamente, é algo que me faz mudar um pouco como pessoa, como reajo com as coisas. Mas eu também acho pessoas fascinantes, no que outras pessoas acreditam. Meu sistema de “acreditar” não é tão interessante. Mas é interessante ver no que outras pessoas acreditam. É por isso que tem um monte de assassinos em série no Netflix, porque são interessantes. As pessoas querem ver este tipo de coisa. Então eu sou inspirado muito por coisas obscuras e sobre coisas que as pessoas não querem falar. Eu acho este lado triste das coisas fascinante e é algo que se conecta com a música que também é super triste. Então é mais ou menos isso como funciona com as letras – as coisas se conectam de forma obscura.
Muitos críticos dizem que ‘The Plague Within’ e ‘Medusa’ foram álbuns que mostraram um renascimento do Paradise Lost como banda de metal extremo. Com Oblivion li algumas críticas que o Paradise Lost se distanciou um pouco deste “progresso”. Qual é a sua opinião sobre isto?
NH – Eu não li muito a respeito para ser bem sincero, mas pessoas tem o seu próprio mérito e não vejo muitas comparações surgindo com outros álbuns, sendo bem sincero. Muitos que leio, nem comparam o material novo com antigo, o que é uma boa coisa pois demonstra que pessoas estão abertas para coisas novas. Eu não ligo quando pessoas preferem ‘Draconian Times’, isto foi há muito tempo. Muitas vezes você pega um álbum quando você está crescendo descobrindo a vida e é este álbum que te acompanhará o resto de sua vida e estes álbuns não podem ser superados (risos). Para mim por exemplo nunca vai existir um álbum do Metallica como ‘Master of Puppets’, mas certamente eles não fazem álbuns ruins. É algo muito relacionado á idade sabe? Mas eu não acho que batemos o nosso melhor álbum. Ainda é um trabalho em andamento. É uma coleção de músicas que amamos a cada álbum e para ser justo, ao vivo a gente mistura músicas novas com músicas velhas e mesmo assim as coisas vão incrivelmente bem. Nunca ouvimos um fã que quisesse ouvir apenas ‘Icon’ ou ‘Draconian Times’ o tempo todo. Eles querem ouvir material novo também. Mas como eu disse, você não tem como esquecer as músicas antigas que fazem parte do seu “descobrimento” como fã de música extrema. Isto fica com você. Mas você sempre pode continuar a assimilar coisas novas. Mas as pessoas não podem simplesmente te descartar só por que você “atingiu o pico” em 95 (muitos risos). Você certamente pode lidar com coisas novas.
Mas usando este gancho, Paradise Lost foi muito criticado por mudanças musicais como em ‘Believe In Nothing’ por exemplo. Hoje parece que as pessoas aceitam muito melhor este tipo de mudança não?
NH – Sim, as pessoas que gostam do seu som estão ficando mais velhas também como nós também ficamos. Não tão velhas como nós, claro, mas certamente estão ficando mais velhas e acho que elas ficam feliz em receber material novo da banda que lhes dá mais lembranças de sua juventude. Mas muitas pessoas acreditam que ‘Believe In Nothing’ foi a mesma coisa que nós achamos. Foi um tempo estranho para a banda, lugares estranhos, tinha muita coisa pessoal acontecendo. Musicalmente não estávamos compartilhando as mesmas idéias e direcionamento que tínhamos em mente, este foi o resultado daquilo. No álbum ‘Hindsight’ você até pode dizer que a gente podia ter tirado um á dois anos de férias, mas nunca fizemos isto como banda. A gente sempre manteve as rodas no trilho e fomos em frente. Tudo o que você ouve e ouviu da banda até hoje foram lutas para se manter nos trilhos como banda. O que saía na época era o que éramos. Eu não me arrependo de absolutamente nada de que gravamos até hoje pois tudo o que foi lançado é o que nós éramos naquela época. Nossa discografia é a nossa vida, eu suponho.
Anne C. Swallow/ Nuclear Blast
Da esquerda para direita: Greg Mackintosh (Lead guitar); Aaron Aedy (Rhythm guitar); Nick Holmes (Vocals); Steve Edmondson (Bass); Waltteri Väyrynen (Drums)
Usando a discografia como referência, acho que ‘Obsidian’ é o álbum que mais atenção teve ao ser gravado. Que gravação incrível ele teve, não?
NH – Sim! Ficou incrível! Jamie ‘Gomez’ Arellano meio que se acostumou do jeito que nós tocamos e como soamos e a bateria com a sessão rítmica ficaram incríveis, mais por ele ser baterista também, então ele se concentrou muito nas batidas. Ele precisou de uns anos para ajustar o som. Eu acho que o espaço entre as músicas, dá um sentimento de rock clássico a elas e eu amo isso. Mesmo pesado como é, tem um sentimento mais rock a elas e eu amo isso. Em muitos álbuns extremos você não tem isso sabe e eu amo este sentimento do rock nisto. Você também ouve tudo e tem muita coisa acontecendo e eu amo tudo isso.
Falando de bateria, Walteri Väyrynen toca numa banda de metal extremo o Abhorrent. Deve ser bem diferente para ele tocar no Paradise Lost.
NH – Walteri é um fã de Paradise Lost. Ele só tem 25 anos, mas ele ama muito as coisas da banda. Quando ele era mais novo ele ouvia muito Paradise Lost. Ele pega suas influências de tocar bateria de diversos lugares. Eu o considero muito mais maduro do que a idade que ele possui sabe? Ele gosta de bandas que apenas caras com seus 40 anos gostam. Acho que conheci ele quando ele tinha 20 ou 21 anos e ele sempre teve um talento nato para tocar qualquer coisa. Alguns bateristas de metal extremo são apenas bons em tocar rápido e ele é bom em tocar devagar também. Muitas vezes tocar devagar é muito mais difícil do que tocar rápido. É melhor tocar devagar com convicção (risos). Ele faz um bom trabalho e é um ótimo baterista também.
Ele trabalhou também muito próximo ao Steve Edmondson também. Como é trabalhar na “cozinha” como algumas pessoas dizem?
NH – (risos) A gente gravou tudo separadamente. Mas muitas vezes a gente se junta para gravar e ensaiar tudo de uma vez para economizar tempo. Não ficamos mais semanas e semanas no estúdio. Isto não existe mais. Steve é um cara que grava rápido, é muito profissional. Então é tudo muito tranquilo.
Greg Mackintosh também participou incrivelmente bem nas composições como sempre e não sei como ele o faz, mas ele distribui seus riffs pelas músicas.
A gente tem tantas formas de gravar. Ele ás vezes me manda seis riffs randômicos e eu canto seis linhas melódicas randômicas ou de linhas guturais e eu mando estas faixas pra ele e normalmente ele o faz tudo de novo e tudo soa diferente de novo em cima daquilo que acabei de fazer e ele me manda isto de volta. É como se fosse outra música e eu estou cantando nela o que é bem estranho. Uma vez que me acostumo com isto podemos ir avançando com a música até seu ponto final. É a técnica do quebra-cabeças. Para músicas mais extremas é o jeito perfeito de fazer as coisas. Mas para músicas mais calmas e acústicas até, não é a melhor forma de fazê-lo pois você perde muito da espontaneidade com as linhas de vozes mais limpas. Uma nova banda nunca gravaria assim, mas nós não somos uma banda nova, então já não procuramos formas novas de gravar música. No final é sobre o resultado e como você chega lá não importa, desde que você chegue lá.
Gosto muito da forma que vocês sempre abordaram as capas dos álbuns. Sempre foram bem fascinantes. Com ‘Oblivion’ não foi muito diferente, não?
NH – Eu amo como olho para a nossa discografia e vejo como cada capa é diferente uma da outra. Adoro este aspecto da nossa discografia. Apesar de gostar de capas temáticas, que utilizam o tema seguidamente como o Iron Maiden o fez e amo aquilo desde a minha adolescência, mas gosto também do fato de sempre termos algo diferente toda vez. É sempre legal ter algo diferente para se olhar toda vez que se olha para um álbum. A gente é meio “old school”, onde olhar para o vinil era muito importante e ver aquilo grande e lindo sempre me fascinava. Mas eu sei que há muitos jovens que nem liga para este tipo de coisa. Nós definitivamente somos desta Era.
A gravadora Nuclear Blast estava lançando uns vídeos bem engraçados sobre como artistas famosos dando fatos históricos com integrantes do Paradise Lost. Uma que me chamou atenção foi a sua com o Devin Townsend.
NH – Ah sim! Eu não posso possivelmente falar, para que eu possa falar (muitos risos).
Carlos Pupo/ Headbangers News
ARQUIVO - Paradise Lost se apresenta no Carioca Club em 2018 na turnê de promoção do álbum Medusa.
Qual foi a mais interessante que você viu destas que a Nuclear Blast divulgou?
NH – Acho que o que vi foi Greg falando sobre o que as pessoas haviam escrito nos comentários dos vídeos que são sempre emblemáticos. Acho que não está no website do Paradise Lost, mas em outro site. Mas este negócio com o Devin, eu nem me lembro de que havia feito aquilo. É típico de quando você está na estrada e tem nada para fazer você começa a fazer coisa idiota (risos). Deve ser alguns dos momentos clássicos em que tinha nada para fazer, então eu o fiz. Há sempre muitas histórias engraçadas, mas muitas vezes elas não funcionam se no caso você não esteve lá. Muitas vezes estes momentos engraçados são engraçados quando você está lá testemunhando estas coisas. Pode ser muito mais engraçado quando você realmente esteve lá sabe? Hoje com a internet e os celulares as pessoas também são muito mais comportadas, sabe? Não tem muitas histórias de artistas se comportando mal bêbadas e fazendo coisas estúpidas pois você pode ser filmado (risos). O backstage hoje é bem estéril hoje, seria como ir num Hospital (risos). Ninguém faz nada, todos ficam lá sentados bonitinhos olhando para os celulares. Matou o caos que existia no backstage na verdade. O celular matou a loucura do backstage (muitos risos).
Você lembra de uma destas coisas que aconteceram na América do Sul de alguma forma que você poderia compartilhar? Nuclear Blast só deu relatos de músicos que interagiram com vocês na Europa basicamente…
NH – Hum, deixa eu pensar. Nas últimas vezes que viemos lembro de que tocamos no Rio de Janeiro e não parava de chover. Para onde nós íamos chovia. É como se levássemos a chuva com a gente e não é realmente comum testemunhar isto. Mas onde íamos chovia. Era meio assustador sempre estarmos num lugar que chovia. E em São Paulo era torrencial sabe, parecia que ia acabar o Mundo, quase bíblico. Mas isto não é engraçado, são acontecimentos (muitos risos), não faria um bom trecho num vídeo. Mas muitas vezes em que viajamos para a América do Sul e o Brasil sempre estamos cansados e sempre pensamos em dormir. Quando não estamos no palco estamos embaixo de alguma mesa dormindo no backstage. Acho que pensando bem tive que ir á um dentista da última vez que fui para o Brasil, no Rio de Janeiro, meu dente quebrou em dois quando estava no avião. Eu tive que ir ao dentista á tarde (muitos risos). Mas ela fez um ótimo trabalho e ela ficou muito feliz com a foto também. Mas mais uma vez é só uma história. Nada demais.
Eu lembro da vez que vocês vieram nos anos 90, no Monsters of Rock de 95. Não há uma história deste tempo também?
NH – Claro! Eu fiquei doente pois me contaminei com salmonela com uma comida em algum outro país, acho que foi no México onde comi algo cru. Eu não parava de vomitar e a princípio achei que era só uma dor de barriga, mas não passava e eu fiquei muito doente. Acho que fiz três shows doente vomitando no palco. Não era muito legal ver isto ou me ver cantando assim. Mas neste caso tenho uma história deste festival com o Ozzy que tradicionalmente sempre está descalço no palco. A produção na época me pegou um balde pequeno para que eu vomitasse no balde ao lado da bateria para que eu não vomitasse no tapete do Ozzy. Então eu sempre que tivesse que vomitar eu tinha que correr até o balde ao lado da bateria para vomitar para não sujar o tapete do Ozzy. Acho que é só por causa disto que o Ozzy lembra da banda – do rapaz que não parava de vomitar o tempo todo – até no backstage ele ficava olhando para mim inconformado. Foi bem constrangedor. Mas nunca tocamos para tantas pessoas em nossas vidas. Foi fantástico e bem louco mesmo assim.
Qual foi a mais interessante que você viu destas que a Nuclear Blast divulgou?
NH – Acho que o que vi foi Greg falando sobre o que as pessoas haviam escrito nos comentários dos vídeos que são sempre emblemáticos. Acho que não está no website do Paradise Lost, mas em outro site. Mas este negócio com o Devin, eu nem me lembro de que havia feito aquilo. É típico de quando você está na estrada e tem nada para fazer você começa a fazer coisa idiota (risos). Deve ser alguns dos momentos clássicos em que tinha nada para fazer, então eu o fiz. Há sempre muitas histórias engraçadas, mas muitas vezes elas não funcionam se no caso você não esteve lá. Muitas vezes estes momentos engraçados são engraçados quando você está lá testemunhando estas coisas. Pode ser muito mais engraçado quando você realmente esteve lá sabe? Hoje com a internet e os celulares as pessoas também são muito mais comportadas, sabe? Não tem muitas histórias de artistas se comportando mal bêbadas e fazendo coisas estúpidas pois você pode ser filmado (risos). O backstage hoje é bem estéril hoje, seria como ir num Hospital (risos). Ninguém faz nada, todos ficam lá sentados bonitinhos olhando para os celulares. Matou o caos que existia no backstage na verdade. O celular matou a loucura do backstage (muitos risos).
Você lembra de uma destas coisas que aconteceram na América do Sul de alguma forma que você poderia compartilhar? Nuclear Blast só deu relatos de músicos que interagiram com vocês na Europa basicamente…
NH – Hum, deixa eu pensar. Nas últimas vezes que viemos lembro de que tocamos no Rio de Janeiro e não parava de chover. Para onde nós íamos chovia. É como se levássemos a chuva com a gente e não é realmente comum testemunhar isto. Mas onde íamos chovia. Era meio assustador sempre estarmos num lugar que chovia. E em São Paulo era torrencial sabe, parecia que ia acabar o Mundo, quase bíblico. Mas isto não é engraçado, são acontecimentos (muitos risos), não faria um bom trecho num vídeo. Mas muitas vezes em que viajamos para a América do Sul e o Brasil sempre estamos cansados e sempre pensamos em dormir. Quando não estamos no palco estamos embaixo de alguma mesa dormindo no backstage. Acho que pensando bem tive que ir á um dentista da última vez que fui para o Brasil, no Rio de Janeiro, meu dente quebrou em dois quando estava no avião. Eu tive que ir ao dentista á tarde (muitos risos). Mas ela fez um ótimo trabalho e ela ficou muito feliz com a foto também. Mas mais uma vez é só uma história. Nada demais.
Eu lembro da vez que vocês vieram nos anos 90, no Monsters of Rock de 95. Não há uma história deste tempo também?
NH – Claro! Eu fiquei doente pois me contaminei com salmonela com uma comida em algum outro país, acho que foi no México onde comi algo cru. Eu não parava de vomitar e a princípio achei que era só uma dor de barriga, mas não passava e eu fiquei muito doente. Acho que fiz três shows doente vomitando no palco. Não era muito legal ver isto ou me ver cantando assim. Mas neste caso tenho uma história deste festival com o Ozzy que tradicionalmente sempre está descalço no palco. A produção na época me pegou um balde pequeno para que eu vomitasse no balde ao lado da bateria para que eu não vomitasse no tapete do Ozzy. Então eu sempre que tivesse que vomitar eu tinha que correr até o balde ao lado da bateria para vomitar para não sujar o tapete do Ozzy. Acho que é só por causa disto que o Ozzy lembra da banda – do rapaz que não parava de vomitar o tempo todo – até no backstage ele ficava olhando para mim inconformado. Foi bem constrangedor. Mas nunca tocamos para tantas pessoas em nossas vidas. Foi fantástico e bem louco mesmo assim.
Anne C. Swallow/ Nuclear Blast